sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Etéreo anseio





Já sonhei quimeras
no remanso das esperas,
voei nas asas da ilusão
perdi-me na confiança
naufraguei na esperança
em momentos de emoção.

Voarei sempre até ao fim
pelo sonhar que há em mim
nas asas da utopia,
voei vales e montanhas
vi coisas estranhas
pelos céus da fantasia.

Neste meu etéreo anseio
abraço estrelas de enleio
na minha viagem surreal,
faço do luar, meu manto
evito noites de pranto,
meu sol será o alvor boreal.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Tempo que se esvai





Ai este tempo que se esvai
como folha seca que cai
da árvore que o tempo secou,
este meu tempo de agora
não é igual ao tempo d’outrora
porque o vento, o tempo levou.

Sou cativo do tempo
suspiro de um lamento
que o tempo amordaçou,
senti o perfume das flores
tive o sofrer das dores,
ao tempo d’agora eu me dou.

Tempo que o tempo leva
nas emoções que encerra,
sentimentos sofridos
na eterna busca
do futil que tanto ofusca
em tempos mal vividos.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Sedução de mulher





A tarde esmorecia quando passaste por mim,
caminhavas ondulante como as ondas do mar,
eram belos os teus lábios carnudos de carmin,
dos teus cabelos exalei o perfume do jasmin
e nos teus lindos olhos deixei-me navegar.

São ilusões, pensamentos coisas sem valor
ou miragens de uma bela mulher que passa,
a beleza aliada à elegância é puro fulgor
que nos faz vibrar  o coração com ardor
e sentimento de paixão que nos perpassa.

A mulher tem magia e muita subtileza
na sedução com um gesto ou um olhar,
ela tem num simples sorriso, a certeza
que o homem se renderá à sua beleza
e no enleio de seus braços se irá entregar.

Haverá homem que seja empedernido
e que nestes encantos não se deixe cair,
talvez seja alguém que se sinta perdido
e a paixão e o amor não façam sentido,
ou da vida e do mundo se quer abstrair.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ninfa do rio





Estavas sentada numa pedra a cantar
teus pés acariciados pela água do rio,
fascinado, aquieto-me para te escutar,
teus cabelos negros voam pelo ar
deslumbrado admiro o teu corpo esguio.

Distraida não viste a minha admiração
estavas alegre, como uma criança feliz,
cheguei perto, soltaste uma exclamação
não sei se foi susto ou talvez de atração,
o que sei é que torceste teu belo nariz.

Ninfa do rio não te faças esquisita,
dá-me tua mão, para eu me segurar,
não gosto de gente que faça fita
porque a vida é célere e finita,
o melhor que temos é aproveitar.

Agora sim, sentados lado a lado,
cabeças encostadas a namorar,
toco tuas mãos num gesto delicado
olho-te com um olhar apaixonado
e namoramos até a noite chegar.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Crianças infelizes





Saltavam sorrindo as alegres crianças
com seus pés descalços endurecidos
não sabiam o que seriam esperanças
nem porque os brinquedos eram proibidos

Corriam pelo chão de terra batida
de estômagos vazios p’la ausência de pão
mas corriam de alma calada e sentida
triste alegria e imensa dor no coração

Enquanto correm e brincam, esquecem
fome e frio nos seus corpos que arrefecem,
ah…dura vida destes infelizes…

Que este mundo marca com cicatrizes…
Não têm culpa nem pediram pra nascer,
razão não há, para assim terem de sofrer.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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