domingo, 28 de dezembro de 2014

A chuva






    Ouço o tamborilar da chuva na janela da sala, onde estou sentado
Sinto uma súbita inquietude, que se faz ânsia do que desconheço.
Levanto-me vou à janela. Abro-a de par em par e olho as gotas que caem suavemente. Estendo uma mão que se encharca deliciada com a frescura da chuva, que chora em tom magoado.
    Sinto que me quer dizer algo, quiçá lamentar-se por chover e trazer-me nostalgia em vez da alegria que o sol me ofereceria se irradiasse pela janela aberta, os seus feixes de luz e calor. Murmuro para a chuva que não se apoquente e que chore suas lágrimas de pranto, porque este é o seu tempo, de tristeza e de invernia, mas também de reprodução vegetal, tão necessária à espécie humana.
    Fecho a janela e sorrio para as gotas que insistem em se aconchegar no chão verde de melancolia.
    Volto a sentar-me no sofá, situado em frente da lareira e deixo-me aquecer pelo calor dos meus pensamentos. Adormeço ao som relaxante
do crepitar do fogo, na lareira. Sonho que sou o Luar e que sob o meu manto azul de ilusão, consigo, no Novo Ano, mudar mentalidades e atitudes e que a paz será realidade, neste mundo agora desvairado.

José Carlos Moutinho
28/12/14

sábado, 27 de dezembro de 2014

Oh...meu mar





Mar que tanto  murmuras e nada dizes
fala-me dos teus segredos, sou teu amigo,
junto de ti lavo as tristezas curo cicatrizes,
tens em ti ilusões, que me fazem sentido
Navego pelo teu dorso no sopro da maresia,
invento brisas e arco-iris sobre as tuas águas,
penetro os raios diáfanos com minha ousadia
quero esquecer desilusões e afogar mágoas,
Mas se algum dia te zangares comigo, ó mar
lembra-te que foste sempre meu companheiro
que te confiei os segredos da minha melancolia
quando os dias me enchiam a alma de nevoeiro,
e me prostravam nas tuas falésias, em agonia.

Abraço tuas ondas num longo e terno abraço,
Que nossa amizade seja eterna pra lá do horizonte,
deste-me muito de ti, ó mar belo e desconhecido
quero continuar a beber sonhos na tua fonte
sempre que eu, sem palavras, me sinta perdido.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Cansado do não (Fado)



Estou cansado do não,
É só o que sabes dizer
Pareces a negação
Do encanto de viver
Não quero mais o teu não.

Ou tu mudas o disco
E eu continuarei aqui,
Ou então corres o risco
de eu me afastar de ti
e não me chames de arisco.

Não sejas pessimista
Porque a vida é bela,
Não há amor que resista
A engolir nãos p’la goela,
Sabes que sou optimista.

Refrão:
Muda e conta comigo
Ou terás duro castigo

José Carlos Moutinho
*Reserv.dir.autorais*

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Poetando ao acaso



   Fosse eu poeta, daqueles poetas, inventores de sentimentos
que fizesse voar os meus sentires nas asas das metáforas
e conseguisse que me lessem, sem dores nem desalentos
pelos céus dos encantamentos, ainda que eu usasse anáforas...
   Ah...como eu gostaria de ser poeta com a magia da criação
e que eu pudesse viajar pelos campos floridos dos roseirais,
fizesse com que minhas mãos se tornassem pétalas de emoção
voassem as minhas palavras,na ilusão inventada,em belas espirais...
   Tristeza minha, porque não sou poeta, dos que assim escrevem
não passo de um fingidor que se inagina fazedor da bela poesia
desconheço a fonte de onde jorram os versos, que aqueles bebem,
assim, vou-me navegando neste meu mar perfumado de maresia.

José Carlos Moutinho
25/12/14

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Momentos de melancolia



Quando os dias se acinzentam em mim,
Escurecem-me os pensamentos
Que se perdem em divagações sem fim
E formam núvens de nostalgia
Que o entardecer melancoliza!
Mas o luar com abraços de sentimentos
Afaga-me a alma com simpatia,
Sorrindo para meu anseio, que suaviza!

São momentos que nos transcendem
No sentir das emoções deambulantes,
Instantes perdidos que nos arrependem
E ofuscam as nossas vontades hesitantes!
O tempo tudo leva e traz nas asas do vento,
A tristeza de hoje será de felicidade amanhã
Que em constante e incansável movimento,
oferece ramalhetes alegóricos de exaltação!

A luz cintilante da alvorada traz-me acalmia,
Os seus raios diáfanos, são linhas de ilusões,
Deixo sair de mim o que antes me entristecia,
Entrego-me indolente a vibrantes sensações!
Respiro agora o dia que se faz longo no tempo,
Abraço-me à brisa que me murmura coragem,
Esqueço a melancolia que em mim, era lamento,
Enfrento o meu viver, que seja de longa viagem.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Olhos castanhos (Fado)





O castanho dos teus olhos
É a cor do meu desejo,
Não fossem os escolhos
Eu te daria um beijo
E abraços aos molhos.

Ai bela e doce mulher
Sem ti não sei que fazer

Quando te vejo passar,
Salta o meu coração
De alegria ao ver teu olhar,
Que com muita emoção
Me fascina contemplar.

Será amor ou loucura
O que eu por ti, sinto,
É uma imensa ternura
Que grita ao meu instinto
P’ra apertar tua cintura.

Ai bela e doce mulher
Sem ti não sei que fazer

José Carlos Moutinho
“Reserv.dir.autorais”

domingo, 21 de dezembro de 2014

Silêncio da noite





Ouço o  murmurar das árvores

no silêncio relaxante da noite,

são sons de melodias arrepiantes

que me acariciam em doce açoite

e me fazem pensar na existência

do universo, nas latitudes distantes!



E na serenidade da minha esperança,

deixo-me levar no divagar pelo encanto,

que em meu redor, mostra sua pujança,

suspiro sob o luar que em mim se faz manto.



Sinto-me tão pequeno, talvez até, seja nada,

nesta grandeza que na escuridão se oculta,

sou elo da conjuntura por vezes desvairada

de imensos contrastes, onde a vaidade avulta.



Estou sereno, nos pensamentos que me falam,

sou o que sou, simples, humano, insignificante,

serei a voz da humildade e franqueza que se calam

na singeleza, que me toma ser de alma relevante.



Alvorecem-me os sonhos na luz que me ofusca,

pelo despertar de uma viagem fantástica de prazer,

sou a alegria do meu sentir, num coração que busca

tranquilidade, nos sorrisos e abraços do meu viver,

Ignoro palavras ofensivas, mesmo de gente vetusta

que a minha passagem terrena seja um feliz conviver!



José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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