sexta-feira, 1 de abril de 2011

Vila Alice, Luanda, Angola




Foi num dia 28 de um mês de verão,
Do século vinte, Novembro direi eu,
Que a Vila Alice me acolheu,
Com o calor e o seu grande coração.

Deslumbrou-me desde logo,
Pois a alegria estava estampada,
No rosto das gentes que ali habitavam.
Não havia distinção de raças, todos comungavam
De uma paz que transpirava felicidade.
Pessoas de alma aberta e gentil;
Ouviam-se pelas ruas, nos dias domingueiros,
Os rádios em tom alto, demonstrando a alegria
Que se vivia naquela terra;
Especialmente naquele bairro,
De poetas e escritores,
Logo um bairro mais intelectual que outros,
Da bela Luanda, pois as suas ruas,
Tinham como nome,
Poetas e escritores famosos:
Entre outros,
Almeida Garrett, Fernando Pessoa
Camilo Pessanha, Teixeira de Pascoais
Eugénio de Castro e este, que dizia:

-“A fim, oculto amor, de coroar-te,
de adornar tuas tranças luminosas,
uma coroa teci de brancas rosas,
e fui pelo mundo afora, a procurar-te.”

E foi o que eu fiz, fui pelo mundo,
A procurar-te Vila Alice,
De Acácias belas, que marginavam as ruas;
Não me viste nascer,
Mas viste-me crescer e tornar-me homem,
De paixões e conheceste os meus amores.

Foste o meu lar, o meu abrigo
Foste tu, bairro de poesia,
Que me fez homem e foste amigo
E deste à minha vida um sentido.

José Carlos Moutinho

1 comentário:

  1. Tambem foi neste bairro que vivi anos muito felizes da minha vida.

    Linda Taipa

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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