sábado, 22 de julho de 2017

Chorava de saudade




Senti no meu peito o choro do kissanje,
chorava de saudade
pela saudade que em meu peito existe,
murmurei-lhe que se acalmasse
porque a saudade minha
era melodia que me encantava
nos dias de nostalgia...
e o kissanje sorriu-me,
então mais feliz, tocou-me uma rebita
perfumada de mangas e acácias...
fascinado, abracei longamente
a terra da minha saudade

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Metáfora das folhas




As folhas secas, deixam-se levar na corrente do rio,
viajando no mistério do que irão encontrar,
algumas inquietas, porém, insurgem-se
e recusam a viagem, colando-se nas margens,
e, de lá, acomodadas, pensando-se mais inteligentes, olham com arrogância, as que por elas passam!
Entretanto, as que já passaram,
chegaram ao término da viagem
ao entrarem pelas portas do mar!
Todavia, o mistério ainda não acabou,
porque as folhas que tenazmente fizeram aquela viagem,
irão navegar temporariamente, na agitação das ondas,
até serem expulsas da água salgada...
e estranhamente, ou talvez não,
voltarão à terra de onde partiram!
Ficou-lhes o mérito da luta e a satisfação da aventura.
Foram corajosas heroínas!
As outras, as tais, que ficaram lá, nas margens da comodidade, ninguém mais falou delas. Foram inúteis!

José Carlos Moutinho

Murmúrios




Os ramos e folhas das árvores
oscilavam suavemente,
quebrando o silêncio da floresta, com seus murmúrios,
murmúrios que fizeram sentir-me um ser especial
ao permitir-me o privilégio de, na solidão envolvente,
poder ser mimado pelo som melódico da vida
daquelas enormes espécies da flora!

No meu peito, com um suspiro de prazer,
vibrou intenso o meu coração,
na emoção de profunda alegria e felicidade!

Estranho...como tão insignificantes movimentos ou sons
têm o poder de nos envolver numa doce letargia
e levar-nos a voar por entre nuvens de oníricas fantasias!

E porque voei na ilusão nascida em mim,
construí estas palavras, em homenagem
aos murmúrios das folhas que me encantaram.

José Carlos Moutinho

Alerta ou Revolta !?



Porque será que, de há uns 3 anos para cá, têm surgido tantas editoras?
Será porque na mesma proporção têm surgido poetas e escritores, e são estes, que têm de vender os seus trabalhos?
Será que as editoras descobriram a mina, iludindo tanta gente a escrever, bem ou mal, porque o importante é que cada um destes "pobres" escrevinhadores vendam os livros?
Depois inventam-se antologias e colectâneas, uma outra forma de efectivarem as vendas, cobrando antecipadamente a cada autor, garantindo à editora que, antes de sair a antologia, esta já está paga por antecipação.
Há que abrir os olhos, minha gente.
As editoras não são casas da misericórdia, querem ganhar dinheiro, assim sendo, vendem livros dos consagrados, sempre os mesmos, ou, daqueles que têm a sorte de trabalharem nas TV's ou rádios.
O resto que anda por aqui, com o eu, somos ralé, não valemos um caracol e olhem que há gente anónima que escreve muito melhor que muitos "famosos".
Não corro o risco de, com este texto, alguma editora me recusar, pois não tenho intenção de voltar a editar, pelo menos, que não tenha de ser eu a vender e incomodar os amigos, numa venda de quase pedinchice.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Vulcão e lava








Quando tuas mãos são caudais escaldantes
que, ao passarem p’lo rio do meu corpo
tornam-se loucos poros viajantes
p’la pele do meu prazer e conforto…

Tua boca é vulcão de doce néctar
e os teus túrgidos seios como lava,
deixam-me o peito em fogo a crepitar,
clímax dos nossos beijos em brasa!

Em crescente excitação sem tempo,
sobre o leito do inquieto desejo
dois corpos rolam em ais de arquejo…

Naquela luta sem dor nem lamento
venceu o efémero prazer da paixão,
findo o fogo da lava e do vulcão.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 11 de julho de 2017

As palavras inquietam-se






As palavras inquietam-se em mim,
fervilham como vulcões de anseios,
inventam-se utopias de arlequim,
vestem-se em palavras de devaneios

Estas palavras que sorriem e choram
deixam-me sem saber o que escrever,
quando à minha mente não afloram
os poemas, que me dão mais prazer

Acabamos por nos entender, no final,
um pouco de imaginação, faço poema
que poderá sair bem ou talvez mal,
fica ao critério do apreciador do tema

Agora que a inquietude se fez remanso,
abraço-me às palavras minhas amigas,
grato, pois com elas jamais me canso
de escrever sonetos, fados ou cantigas

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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