domingo, 29 de setembro de 2019

Os Abraços (Áudio)


Os abraços




Abro os braços
sinto o vazio entre eles,
talvez o mundo esteja, também, vazio,
congelaram-se os sentimentos,
calaram-se as vozes da harmonia...

Relembro o tempo,
um outro tempo, não muito distante,
em que, ao abrirem-se os braços
facilmente encontravam outros braços,
que se fundiam
num sentido e longo abraço,
e quando os sentimentos eram exaltados
com a facilidade da sinceridade,
e as vozes jamais se calavam,
gritando bem alto que a amizade,
era verdadeira e eterna
mas que hoje se tornou uma raridade!

Resta-me baixar os meus braços cansados
pela ausência de outros,
eventualmente, também, cansados,
porque a sã convivência
deixou de ter a vitalidade de outrora!

O cansaço generalizou-se
neste mundo, tão cansado de verdade,
cedeu lugar a outras coisas,
a que, os sentimentos
e a dignidade são alheios!

Estamos (quase) todos,
hipocritamente, cansados!

José Carlos Moutinho
29/9/19

Ao abrigo do Decreto-lei nº 63/85
dos direitos de autor

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

horas tardias

...
Perco-me no silêncio das horas tardias
deste tempo esmorecido,
aguardando ansioso as alvoradas
carregadas de energia
para que as minhas forças
não se esvaiam combalidas
pelos ventos dos dias transtornados,
que se escusam ao sol
e se escondem nas marés obscuras

José Carlos Moutinho
27/9/19

Réstia (Áudio)


Margens do tempo



Pelas margens do tempo,
desde que esse tempo
se vestia de tropicalidade,
tenho-me levado por caminhos impolutos
evitando sempre os atalhos escusos
e as avenidas da ribalta!

As margens traziam-me
os perfumes da vida,
as cores da esperança,
permitindo-me a liberdade
e a desenvoltura da simplicidade!

Então, o tempo acolhia-me, sorrindo,
entendendo a minha singeleza,
oferecendo-me o chilrear dos instantes
que se faziam presentes
e que jamais se fariam retorno!

Os outros, aqueles...
Iluminados por si próprios,
quando me viam passar
olhavam-me complacentes,
ou quiçá, comiserativos
pela minha preferência pelas beiradas
da caminhada da vida,
que o tempo, sempre sorrindo,
me indicava como as ideais!

Hoje, continuo, serenamente,
a preferir as margens
que ao longo do tempo,
o meu tempo,
graciosamente, me oferece,
e que eu, profundamente, grato
correspondo, sorrindo.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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