sexta-feira, 31 de julho de 2020

Não finjo!


Não, não finjo mais
que o tempo se eternizará em mim
nem mesmo as histórias que invento
e plasmo nos livros
terão a possibilidade de me enganar...

quando muito, o que as histórias podem,
e isso já é um anseio meu,
é de que me permitam pensar-me eterno
enquanto essa eternidade for possível,
pelas palavras que ficam,
livres, independentes
de qualquer ancora do tempo

31/7/2020

quarta-feira, 22 de julho de 2020

poemas

...
Os meus poemas
são simples palavras
que eu, aleatoriamente,
solto nas mãos da brisa das emoções
de quem as lê,
e, se forem do agrado,
talvez se fixem nas páginas do tempo

José Carlos Moutinho

AFECTOS DOS AVÓS

terça-feira, 21 de julho de 2020

Em jeito de improviso

Eram murmúrios o que se ouvia
nas tardes quentes de verão,
talvez fossem cantos ou poesia
pois havia sempre muita emoção

O ar perfumava-se de maresia
quando junto do mar se namorava,
a paixão era tanta que não cabia
no peito, se a paixão estonteava

Olhando a lonjura do horizonte
levados no vulcão das emoções,
nem toda a água vinda da fonte
apagava aquelas loucas paixões

21/7/2020

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Passagem

... 
Pelos caminhos do tempo 
do tempo que se faz passagem 
vive-se com alegria ou tristeza cada momento 
porque a vida é, também, no tempo, uma paragem 

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Exorcizo

Nas tardes solitárias do meu viver
vagueio entre ruelas escondidas
desviando-me das desilusões...
E, teimosamente, busco
as esquinas das fantasias,
onde exorcizo meus pensamentos

sábado, 11 de julho de 2020

Palavras, pétalas perfumadas

As palavras, pétalas perfumadas
adormecidas sobre o papel branco
ansiavam que mentes inspiradas
fizessem delas um poema franco

Eis que, mãos trémulas iniciaram
este simples soneto de ilusões,
versos começados que não acabavam,
pois, eram tremendas, as confusões

Todavia, sem pensar em desistir
lá foi surgindo inquieto o poema,
que aqui, vos é apresentado a sorrir…

Pode não ter muita graça, acredito,
mas pensando que não causa problema,
devemos considerá-lo inaudito!

José Carlos Moutinho
24/10/19

ANGOLA SAUDOSA

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Não era hora

Dois rios marcaram minha vida
em Portugal no maravilhoso Tejo,
Angola no Kwanza, sorte atrevida,
sustos com o tempo de um beijo

Minha hora não era chegada
no primeiro a aflição foi imensa,
com o segundo mais controlada
a morte não marcara presença

José Carlos Moutinho
9/7/2020

SOLTO OS VENTOS

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Recordo-te, mãe




Estás sempre presente em mim, mãe! 
teus olhos eram lagos cintilantes 
onde eu mergulhava a minha inocência: 
luz do meu caminho, 
ternura da minha segurança, 
teus braços tuas mãos eu fazia leito da minha acalmia 
e a tua voz melodiosa, doce, fazia sentir-me sempre criança! 

Tenho saudades de ti, mãe. 
Bem sei que lá do alto, 
uma estrela maior continua a brilhar, 
não a distingo dos milhares que lá no céu cintilam, 
mas sinto-a, mãe, 
sinto-a no ardor dos meus desatinos 
dessa luz de ti, 
recebo a força para continuar a navegar 
ainda que enfrente marés de inquietude 
sei que tenho em ti, o meu porto de abrigo. 

Tenho saudades de ti, mãe. 

Não te dei o carinho que merecias… 
pois de ti recebi tanto amor, tanta compreensão 
o teu coração era feito de bondade e amor, mãe! 
Foste benevolente e tolerante, 
mesmo nos instantes em que a revolta podia ter mais força... 

estende-me os teus braços mãe, 
e deixa-me neles repousar 
quero adormecer com o murmurar da tua voz, 
estou cansado, 
cansado desta estrada sem rumo, 
deste deserto de mim 
e da bruma perdida na miragem do meu tempo. 

Estou cansado mãe! 
Cansado deste tempo que me domina, 
embora o tempo seja nada, que o próprio tempo ignora, 
tenho saudades e estou cansado, mãe!

José Carlos Moutinho
In "Calemas"
agora também em e-book

domingo, 5 de julho de 2020

PEDRAS DA CALÇADA

Dá-me um beijo


Dá-me só mais um beijo 
minha querida linda morena, 
satisfaz-me este meu desejo 
vontade que não é pequena

Afinal que te custa um mais 
foram tantos os que me deste, 
teus beijos são doces florais 
das emoções que me teceste

Vá lá, não sejas assim vaidosa 
a não ser que não me queiras, 
ainda ontem estavas amorosa 
sob o perfume das laranjeiras 

José Carlos Moutinho 
5/7/2020

sábado, 4 de julho de 2020

Que não te disse

Não sei das palavras que não te disse,
o tempo levou-as na aragem do deserto
em que nos transformaste,
por vezes, parece-me ver-te em miragem,
mas quando fixo o horizonte,
já não te recordo,
sinto-te nuvem de alvura perdida,
vento em desalinho
e muito raramente, brisa,
ou onda perfumada de cheiro de mar
que foste...

ficaste-me na lembrança
pelo que não te disse,
porque as palavras esfumaram-se
quando nos ausentamos
dos abraços

4/7/2020

#Poema à vida

Poema à vida, que enalteço agora 
por tudo o que ela me tem dado
que a felicidade não vá embora
continue eternamente a meu lado

Os caminhos colocam-se a nós
temos de os escolher serenamente
entre os que são contra ou os prós
procurando conviver com boa gente

José Carlos Moutinho
4/7/2020

sexta-feira, 3 de julho de 2020

O mal não estava na gaivota

Perguntei à serena gaivota
que no meu quintal descansava,
o que fazia ela à minha porta
se até ao mar, muito distava

Ela olhou-me, achando-me idiota
por lhe colocar aquela questão,
porque, se não fala, a gaivota
como poderia responder, então

Levantou voo a gaivota a grasnar,
ignorando-me com tal displicência
que, confesso, me deixou a matutar
se eu estava imbuído de demência

José Carlos Moutinho
3/7/2020

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Outros tempos

Respiravam-se ilusões
sonhava-se de olhos abertos
fervilhavam as emoções
caminhava-se por desertos
quando eram escusa as paixões

Eram muitos os sentimentos
que a juventude acalentava
alguns feitos de tantos lamentos
outros, belos que a alma cantava
fugazes, porém, levados pelo ventos

2/7/2020
Foto tirada de um 7º andar da Avenida Marginal, 
com a Baía de Luanda ao fundo


NAVEGAR EM ÁGUAS DE SONHOS

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Era...

Era um tempo de perfumes de coco, manga e maresia
que se colavam nos sonhos de juventude
de onde brotavam paixões e amores
alguns realidade, outros platónicos
era um tempo de inocência e rebeldia
de atrevimento e timidez.

Era...foi...tudo acabou,
aconteceu mutação provocada pelo tempo,
sem retorno e que, inexoravelmente,
vai a caminho do desconhecido....

1/7/2020



Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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