Escuta…
Tu, jardineiro que aí te
curvas
perante a tua criação
e fazes desse ofício uma
paixão,
que com carinho tratas as tuas
flores
cumprindo os anseios dos
teus sonhos,
contemplando cada flor com
alegria,
obtendo do teu jardim a
glória…
Não desesperes,
se alguma dessas flores
te agredir, picando-te,
mas não cales o grito de
dor,
e solta a tua revolta
contra a ingratidão daquela
flor
que não soube entender
o teu afecto e os teus
anseios
de fazeres daquele pedacinho
de terreno
o teu jardim, humilde sim,
mas que te proporciona esse
orgulho
que brilha no teu olhar…
E aquelas flores que já
plantaste
e te fizeram muito feliz
compensarão a injustiça
daquelas
que te picaram,
mas que jamais o farão
se lhes arrancares os
espinhos, as garras!
Não desistas, valente
jardineiro
continua esse sonho
que, talvez, nunca tenhas
sonhado,
mas que o tempo
serenamente te fez despertar
mostrando-te que, com tua
resiliência,
poderias ser um bom
jardineiro
José Carlos Moutinho
29/3/19
Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor