domingo, 29 de outubro de 2017

Às palavras me confesso



As palavras estavam em mim, adormecidas,
certo dia, inexplicavelmente acordei-as,
há muitos anos atrás foram minhas amigas,
porém, com as diabruras da vida, abandonei-as

Hoje e talvez para sempre estarão comigo,
fiz com elas um acordo de amizade e partilha,
elas dão-me toda a beleza que têm consigo
eu tentarei fazer de cada verso uma maravilha

Posso dizer e garantir que é com muito prazer
que não me separarei mais dos seus encantos,
escrever é patologia com a qual tenho de viver,
com alegria, sem dor, sem mágoa, sem prantos.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Nos braços de uma ninfa



Velejo pelas nuvens do pensamento
num sopro de vento que me sorri,
deslizo serenamente
na caricia da maresia!

Sinto-me marinheiro temerário
enfrentando perigos que o mar esconde!

Sob os raios solares
que se espelham na minha alma,
levo-me navegante em ondas de felicidade
até onde o pensamento me levar...
talvez a alguma praia de areia dourada
e despertar nos braços de uma ninfa

José Carlos Moutinho


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A cada dia


A cada dia, dos meus dias
tento fazer-me escrevinhador,
e lá vêm prosas ou poesias
que escrevo com imenso fulgor

Pode até parecer compulsão,
e se calhar é mesmo, sei lá,
mas que o faço com emoção
podem crer, eu que vos digo olá

Gosto fazer das palavras sentires,
para que sintam os que me leem,
porque faço delas puros elixires
de alegria, até para os que não creem

Por agora fico-me serenamente aqui
a contemplar comentários e afins
que sempre existem em total frenesi
no Face, onde se plantam cactos e jardins

José Carlos Moutinho


terça-feira, 24 de outubro de 2017

Efémera humanidade

...
Por vezes deixo-me a pensar
se este mundo é feito de verdade,
vejo tanta gente que julga enganar
a sincera e verdadeira amizade...
chegará o dia em que têm de mudar
concluindo que melhor é a sinceridade
se querem viver com o gosto de amar
nesta galáxia de efémera humanidade

José Carlos Moutinho

Dois dias perto do Céu




Caía a tarde,
cedendo a vez ao crepúsculo,
apesar da chuva que caía,
teimosa e serenamente,
podia-se apreciar a beleza do entardecer!
 
A estrada,
estreita como artéria do fluido da vida,
corria pelas veias da montanha,
e evoluía serpenteando
pelas suas entranhas, sempre a subir,
passando por entre florestas,
e vinhas matizadas pelo Outono,
e árvores queimadas
pelos recentes incêndios!

Estreita e persistente,a estrada subia,
parecendo não ter fim...

As nuvens aproximavam-se,
o céu apresentava-se ainda mais azul,
quase se podiam tocar as estrelas,
que, corajosamente, espreitavam,
naquela quase noite de ascensão
pelas encostas da grandiosa montanha!

Eram curvas e contra curvas
onde só um carro podia ganhar caminho,
lá em baixo, já se viam as primeiras luzes
que se podiam apreciar de uma altitude
que se ia tornando abissal,
enquanto o automóvel,
indiferente, galgava os metros daquela estrada
estreita e sinuosa!

O porto de abrigo não surgia,
e a escuridão acentuava-se,
eis, quando, finalmente,
na curva do improvável
deparamos com um portão verde
que denunciava esconder algo de fascinante!

Abriu-se o portão,
entrámos, por entre a escuridão
e os pingos irritantes da chuva,
e quando se fez luz,
encontrámos o encanto de uma bela casa,
que nos iria acolher
naquele fim de semana,
onde os nossos amigos anfitriões
nos receberam de alma e coração,
proporcionando-nos momentos
que nos ficarão gravados no coração
e na memória,
enquanto o nosso respirar for perene!

Ficámos dois dias mais perto do Céu,
pareceu-me até, ver sorrisos de Anjos
e um acenar carinhoso de Deus.

José Carlos Moutinho


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Chovia suavemente

...
Chovia suavemente,
as gotas escorriam-lhe pelo rosto
misturando-se com o suor do cansaço,
indo inundar o peito daquele ser desconhecido
de todos e do mundo!
Caminhava pela calçada velha e castigada,
carregando nas costas um saco velho de coisas velhas,
eram trapos e papéis, desperdícios da futilidade,
que fariam a riqueza daquele homem,
cansado pela fome,
castigado pela vida sofrida e perdida!
 
Será que aquele infeliz esfarrapado
tem coração e alma,
ou perdeu-os na ruas calçadas por frias pedras,
onde não existem coração nem alma,
neste nosso mundo indiferente e soberbo?

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Não me desculpo mais

..
Não me desculpo mais,
pelos momentos de felicidade que perdi
e pelos que não proporcionei a outros!
Não...não me desculpo mais,
pelos abraços que não recebi,
nem pelos que eu deixei de dar!
Não...não me desculpo mais,
de ter olhado os outros, por vezes, com olhar sobranceiro
e não entender a vaidade da provocação!
Não...definitivamente não me desculpo mais,
se doravante as minhas atitudes
não forem solidárias com a minha sinceridade,
se eu deixar de estar absolutamente grato
a todos que me tornaram ainda mais feliz,
lendo os meus livros,
fazendo-me viver com mais garra, através da minha escrita
Não! Não me desculparei mais!!


José Carlos Moutinho

Reflexão


...
Quando as minhas Primaveras deixarem de florir
e os meus Outonos não mais se matizarem,
O que serei eu...
se não, uma simples folha
que esvoaça pelo infinito,
O que fui eu...
se não um átomo nesta globalidade
de encantos,
mistérios
e tantas outras coisas...

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O mesmo do mesmo

...
São soluços, são gritos, são dores,
folhas que se volatilizaram em cinzento e negro,
tectos ruíram, lares destroçados,
mortes inglórias,
incompetências demonstradas,
o mesmo do mesmo a cada ano!
Ordenamentos florestais que se prometem há décadas,
bandidos incendiários,
dignos de uma morte escaldante
no fogo da sua paixão!

Este meu país que morre aos poucos,
talvez até, nunca tenha realmente nascido,
afogado por mentalidades tacanhas,
mas que o povo com sua resiliência
tenta sempre, fazer renascer das cinzas,
e reinventar um país com um mínimo de dignidade,
tantas vezes contrariada
por interesses económicos e políticos!

Não posso ficar alheio a tanta dor e tristeza
de gente da nossa gente.
Paz à alma de quem partiu de maneira terrível!

Recomecemos novamente e de novo e mais uma vez,
não deixando que as forças nos abandonem,
porém, punam-se implacavelmente os culpados!

José Carlos Moutinho
19/10/17

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Instantes

...
Instantes...
são instantes que nos alentam,
quando os sorrisos nos sorriem
quando os braços nos abraçam
e quando as palavras nos acalentam...
são simples os instantes
que vestem felicidade

José Carlos Moutinho
18/10/17

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Mapa da vida


Pensa...

...
Pensa...devias sempre pensar
as palavras que vais pronunciar,
sabes... se não sabes digo-te eu
que as palavras são o sentir teu
e a força e querer do teu acreditar
serão pois o ofender ou o teu amar,
as palavras quando soltas, ficam ao léu

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Fogo da maldade



Neste soprar em desatino
do vento da inquietude
trazendo o fogo da morte
produzido por mãos assassinas
cala fundo a dignidade humana
e faz pensar nestas mentes perdidas
pelas ruas da inconsciência malévola
que, francamente,
deveriam ser o alvo de tanta maldade,
abraçados ao fogo que atearam,
deveriam ser acariciados pelas chamas da imbecilidade
e do seu bel.prazer

José Carlos Moutinho
16/10/17

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Poema Murmurar das Ondas - Zé Moutinho.wmv

Angola da minha saudade

Não sou filósofo

...
Por entre os dedos da tristeza e fracasso
passa calmamente a alegria e o sucesso,
há que saber apertar os dedos (mãos)
e agarrar as oportunidades
porque estas não acontecem com frequência

Penso eu, que nem sequer sou filósofo,
tenho simplesmente o curso da vida
licenciei-me na Universidade do trabalho


José Carlos Moutinho

Perdeu-se



Deve ter-se perdido,
sim, certamente perdeu-se
a mensagem feita de palavras
vestidas de murmúrios e suspiros,
deve estar recolhida nos braços do vento
a quem eu incumbi de levar aquela mensagem,
que ela não recebeu,
por isso não me respondeu!

Aquela mensagem era a ilusão
que eu construíra
com palavras coloridas de fantasias
e iluminadas pelo sol da minha emoção!

Em cada letra havia um sorriso,
em cada palavra um sentimento
que faziam daquela mensagem um mundo,
utópico, quiçá,
onde só cabíamos os dois
e toda a felicidade que eu inventara!

Mas a mensagem não lhe chegou,
perdeu-se por negligência do vento,
que nem sequer a trouxe de volta,
nem tampouco se desculpou
do mal que me causou!

Perdeu-se a mensagem,
eu perdi uma resposta,
que jamais ficarei a saber se viria

José Carlos Moutinho

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Assim, de repente


...
Aqui neste silêncio que me rodeia,
escuto meu coração bater,
parece murmurar
e querer dizer-me algo...
Então na impaciência que me toma
por não o entender,
deixo-me levar por inesperado ímpeto
e escrevo palavras, que se soltam
como folhas secas que esvoaçam
em tardes outonais...
talvez até sejam palavras perdidas
sem a assertividade que eu desejaria,
mas não mais as controlo
desde que as libertei de mim,
são elas que agora, me dominam
e se apresentam atrevidas e rebeldes...
resta-me somente
deixar-me levar neste rio de imaginação
até encontrar a foz de quem me lê

José Carlos Moutinho

Jogar com as palavras



...
Há na vida tantos vícios
alguns deles bem escusados,
há outros feitos de artifícios
há também os que são ignorados...
Pensando assim eu tenho o meu
que me faz escrever em desatino,
não será certamente igual ao teu
eu não sou culpado é meu destino...
Escrevo compulsivamente deste jeito,
invento amores, tristezas,sei lá que mais,
pensarão até que terei algum defeito
quem assim pensa terá o vício dos tais

José Carlos Moutinho

domingo, 8 de outubro de 2017

Um dia voltei




Um dia voltei à casa
onde eu havia guardado os meus sonhos!

Abri gavetas, só encontrei pó,
pensei ser o pó dos meus sonhos perdidos
no tempo da minha ausência,
olhei serenamente tudo em meu redor
e encontrei tanto de mim
reflectido nas paredes amarelecidas
pelas horas cansadas de sua viagem!

Pelos caminhos encontrei momentos vividos,
senti as gargalhadas dos amigos
no muro da curva do atalho!

Ainda lá estava a imagem dela,
onde o nosso abraço apaixonado
se fossilizou naquelas pedras,
mais à frente no fim do atalho,
sob a mulembeira,
vi, como se tivesse acontecido naquele momento,
a imagem estampada, perene, no tronco,
dos nossos juvenis rostos colados
pelo nosso primeiro e delicioso beijo!

Um dia voltei à casa dos meus sonhos
e revivi com felicidade, sofri com saudade
todos os momentos
que eu havia guardado
bem aconchegados dentro do meu peito

José Carlos Moutinho


sábado, 7 de outubro de 2017

Porque?!

...
Porque me choram os dias
quando a saudade se aproxima,
porque nasce em mim um profunda nostalgia
quando me deixo levar pelas recordações,
porque se me aperta o peito
quando olho imagens dos tempos
que se perderam no tempo...

Não sei responder a estas perguntas,
que nem sequer são perguntas
mas simples constatações...
e certamente alguém haverá, que comigo
sentirá estas dores melancólicas,
que só o tempo poderá apagar,
quando esse tempo
se tornar, para nós, finito!


José Carlos Moutinho

Neste instante

...
Neste instante em que os segundos urgem,
desavindos com o tempo,
eu, com o tempo que me é permitido,
olho na lonjura do meu tempo vivido,
e penso-me serenamente,
passageiro de uma viagem, iniciada há algum tempo,
onde tive a sorte de desfrutar
o que a vida, com o seu respeitoso tempo,
me tem oferecido...
até que um dia, esta minha feliz viagem
termine, quiçá, calmamente

José Carlos Moutinho

O amor é

Saudades, Mãe

Escrevo sonetos




Talvez eu nem saiba escrever sonetos,
nem sequer poemas, possa inventar,
mas em mim existe um mundo de afectos
que me ensina a maneira de poetar

Assim, persistente vou praticando
compondo duas quadras e dois tercetos,
com vontade o caminho vou encontrando
p’ra realizar meu sonho de sonetos

Quem os ler dirá que não são perfeitos,
eu aceitarei com total humildade,
mas tentei escrevê-los bem, sem defeitos...

Se eu fosse poeta, fácil seria,
sou porém, simples escrevinhador
e se insisto, é por pura teimosia...

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Foi...será


Foi areia singela em longa praia,
onda tímida perante a tempestade,

foi canoa oscilante no agitado mar
e emoção no perfume da maresia,

foi palavra silenciosa no alvo papel
sonhador em viagem de quimeras,
 
foi criança sem privilégios,
adolescente inquieto mas consciente,
temerário na luta pela sobrevivência
homem de realizações...

Será o que o futuro lhe reservar!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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