sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Hojé, só hoje





Não...
Hoje não quero ouvir
o chilreio dos pássaros,
nem sequer o rumor
das folhas secas de Outono,
tampouco desejo escutar
o vento que passa silvando...
Porque hoje,
talvez só mesmo hoje,
sinto em mim o perfume da Primavera,
ouço o grasnar das gaivotas
que voam alegremente
vestidas de maresia
e penso no Verão que já se foi
sorrindo-me ao coração
e esqueço o Inverno que há-de vir
porque me entristece a alma...
Hoje sinto-me assim,
perdidamente perdido
em meus pensamentos

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O Pardal






O Pardal

     Era um pardal sem pedigree que, teimosamente esvoaçava entre os seus pares, que, vestidos com as cores dos mais belos rouxinóis o desprezavam. Mas o pardal temerário voava sem parar, cada vez mais, em voos ainda mais altos.
Um dia, todas as doutas aves se reuniram num congresso de diversas cores e raças e, condescendentes chamaram o pardal, dizendo-lhe:
--  Ouve lá ó pardal, foste insistente numa teimosia e persistência invejáveis com esse teu obstinado voar, por isso, analisámos os percursos dos teus voos e decidimos considerar-te um dos nossos.
E todas as coloridas e ilustres figuras aladas, ovacionaram o desengonçado, mas corajoso pardal.
E foi assim que o pardal feio, de asas cinzentas, foi admitido na corte dos privilegiados vertebrados endotérmicos voando alegremente em grupos fraternos, em chilreados de humildade e amizade.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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