quinta-feira, 31 de março de 2011

Eras tu ou a cerejeira?




Sentei-me debaixo da cerejeira
De belos frutos,
Como os teus lábios vermelhos.
Sentia-me envolvido no teu abraço,
Que me apertava na sombra,
Daquela árvore.
Acariciavas-me o peito,
No toque dos seus ramos.
As folhas, os teus dedos
Deslizavam por entre os meus cabelos,
Numa ternura,
Que me enlouquecia,
De emoção e deleite.
As folhas oscilavam,
Num bambolear ritmado,
qual dança sensual.
Sereno, eu recebia toda aquela magia,
Através dos raios de um sol vibrante,
Que como diamantes,
Vinham enriquecer-me de luz,
Fazendo-me sentir um ser especial,
Num mundo de conflitos.
Os pássaros pousavam, chilreando,
Como se fossem mensageiros de anjos.
Total sensação de bem-estar e paz
Adormeci, nos teus braços da cerejeira.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 30 de março de 2011

Alma que voa, sem rumo




Num ímpeto arrebatado,
A minha alma é levada a voar,
Pelo universo em busca do que nem eu sei!
O que será que a minha mente procura?
O desconhecido para satisfação do seu ego,
Ou talvez pela insatisfação e desassossego,
Do querer o que não sinto ou tenho.
Talvez a exacerbada avidez pelo inexistente,
Ou será consciência doentia
E desatinada pela inconsciência,
Da razão que se esvaiu?
E a alma voa, como mariposa,
Num vaivém descontrolado.
A esperança é eterna,
Quem sabe se um dia,
Esta minha inquieta alma,
Sossega e encontra o seu lugar paradisíaco
E tranquilamente,
Deixa de querer o que não tem,
Quando retornar a um outro ciclo!

José Carlos Moutinho


terça-feira, 29 de março de 2011

CAIS DA ALMA...avi

Pois tens o meu amor



Tentei agarrar as estrelas,
Pensando ser como pérolas,
Para te oferecer:
Elas disseram-me que eram pouco para ti.   
Agarrei o sol, mas ele escapou-se por entre os dedos,
Fiquei com o reflexo dos seus raios,
Tal brilho dos teus olhos.
Não desanimei e pedi à nuvem branca,
Como alvo algodão,
Que me deixasse fazer um manto,
Para te cobrir como uma rainha;
Mas também a nuvem passageira,
Segredou-me que tu merecias mais.
Talvez, se eu falar com a lua,
Consiga do luar, fazer um lençol de cetim,
Para nos cobrirmos nas longas noites de carinho.
Irei mais longe, entrarei nalguma galáxia
E certamente em algum astro,
Encontrarei o que mereces,
Embora tu tenhas tudo,
Pois tens o meu amor.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 28 de março de 2011

Recordações de um outro tempo




Abraço o silêncio das minhas saudades,
Agarro as recordações que teimam em esvair-se
E não consigo deixar de sorrir,
Pelos momentos tantos, que passámos,
Enamorados, ou talvez empolgados,
De que namorávamos.
Eram quimeras e alegrias sentidas,
Inocentes muitas vezes,
Mas imbuídas de paixão,
Sempre com grande ilusão,
Numa envolvência emotiva,
Que nos ultrapassava as vontades,
E contrariavam a razão.
…Ah, aqueles tempos da adolescência Irreflectida.
O bater do coração,
Na ansiosa espera da amada,
Para o primeiro beijo
E o primeiro abraço.
Como papoilas oscilantes,
Tremiam nossas pernas,
E as palavras tanto tempo ensaiadas,
Não surgiam.
No amplexo, tímido, os lábios que tremiam
Os olhos que se fechavam, no desejo,
Na ânsia, no clímax da sensualidade
Eram tempos de um tempo
Que jamais volta.
…Ah, que saudades!

José Carlos Moutinho

domingo, 27 de março de 2011

No silêncio dos pensamentos




Enrolo-me no silêncio que me ensurdece;
Deixo-me embalar pelo vento, que sopra
Suave, e que penetra pela janela.
O breu do céu, turva-me os olhos,
Os pensamentos galopam até mim.
Vagueio na solidão da tua imagem,
Que me sufoca, pela tua frieza.
Penso-te no beijo que me recusaste,
Mas os teus lábios, sedentos de prazer,
Desmentiam a tua vontade,
Eu sabia que me desejavas também.
Na minha mente, tu continuavas a desfilar,
Na tua imponência e beleza.
Estonteavas-me, quando te tocava,
Mas tu mostravas displicência,
Quando a tua vontade era de entrega.
A arrogância da tua vaidade,
Não te mostrava o óbvio,
Tu sem mim, serias só uma mulher,
Comigo, serias não só uma mulher,
Mas uma mulher amada.

José Carlos Moutinho



Serás sombra, serás mulher…




A neve tolda-me a visão da tua imagem,
Que me precede esbelta, ondeante
Como uma sereia nas ondas do amor.
Tens no teu caminhar, o encanto das orquídeas.
Tens a elegância, que deslumbra,
Pela ilusão da mais bela perfeição.
Serás real, tens corpo,
Ou serás simplesmente uma nuvem?
Talvez alguma sombra provocada,
Pelo sol do meu desejo.
Pode ser o eclipse da paixão;
Terei que sentir a brisa dos teus lábios,
Roçando os meus para te sentir no beijo.
Precisarei de te envolver na luz do meu querer
E receber o calor vibrante da tua vontade.
Quero que venhas até mim,
Deixa-me ser o teu ar,
E eu respirarei no teu suspiro.
Sugarei no teu hálito,
A essência da minha existência.
Assim, terei a certeza que és mulher
E não sombra, nem nuvem,
Sequer um eclipse.

José Carlos moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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