domingo, 28 de fevereiro de 2021

A Aldeia

 

Vivemos numa pequena aldeia
que, por vezes, assume ares de grandeza!
 
Nela existem somente três ruas,
uma que se entende por principal
onde moram os mais importantes,
que ignoram os demais residentes!
 
A outra segue paralela à primeira
e nessa residem aqueles que sonham
e tentam, com perseverança,
realizar esses sonhos,
são gente simples, mas criativa!
 
Na terceira, embora seja mais pequena
habitam lá, com alguma soberba,
os que se pensam ser mais
que os outros habitantes
da pequena aldeia!
 
Vai-se tentando a convivência possível,
mas, como se sabe,
os superiores da rua principal
passam ao lado de todos os outros
e estes, como represália,
fazem o mesmo,
como se aqueles não existissem!
 
Todavia, os sonhadores, vão inventando
na sua prodigiosa imaginação,
ora poesia ou prosa, ora pintura ou música,
e, com humildade, mas orgulhosos
da sua inspiração,
mostram aos seus vizinhos…
 
mas…os tais, da soberba,
que até têm, também, boas iniciativas
e criam de igual modo com capacidade
não exibem o que produzem
se o fazem é muito raramente,
quiçá, por vaidade ou arrogância,
mas…criticam os sonhadores,
ou simplesmente, não esboçam
qualquer gesto elogioso ou de incentivo,
desprezando belos trabalhos exibidos,
numa atitude de superior displicência!
 
Então, os da segunda rua,
por acaso a mais florida,
onde a criatividade é perfumada
sentem-se, por vezes, desanimados,
por não terem o apoio daqueles
que eles pensam ser mais do que eles,
mas não são…
são mais, sim, em presunção
e quem sabe, talvez, em frustração!
 
E assim vamos vivendo nesta aldeia,
tão pequena, porém, tão discriminativa,
tentando manter a modéstia,
sem, contudo, deixarmos de lutar
com resiliência, por um lugar ao sol,
tentando entender esta humanidade
repleta de sentires estranhos
 
José Carlos Moutinho 
 28/2/2021

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Quem sabe, um dia

 Talvez um dia quem sabe
irei escrever aquele poema
onde a alma de todos cabe
em concordância sem dilema
 
Escrevo sempre com emoção
vezes há na primeira pessoa
dizem não ser esta boa opção
deixo que esses pensem à toa

Gosto de fazer quadras rimadas
que façam, porém, todo sentido
jamais serão estrofes inacabadas
pois isso nada tem a ver comigo

Ouso escrever sonetos, vejam lá
como se quisesse imitar Antero
faço-o porque ele já não está cá
talvez não gostasse, fosse severo
 
Até às metáforas eu me atrevo
mas só com as que tenham lógica
há por aí tantas que não percebo
que lembram coisa demagógica
 
José Carlos Moutinho 
 27/2/2021

 

 


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Tantas são as saudades

 

Tenho saudades, admito
dos tempos dos sorrisos,
alguns falsos outros verdadeiros
e dos abraços nem sempre apertados!

Tenho saudades
e quase me encho de irritação
e premente inquietude
por sentir esta fraqueza
controlada pela pandemia
e pelo medo de um miserável vírus!

Tenho saudades
de sentir a alegria dos amigos
e dos meus leitores
solidários na minha paixão
pela escrita e pelos livros
numa harmoniosa união
de autor/leitor…
 
ah…como sinto tantas saudades
dos jantares e almoços tertulianos,
onde a poesia dançava
ao ritmo da música
gerida pela mestria da batuta da amizade!
 
Já nem quero recordar
aquelas reuniões de grupos,
onde a gastronomia se misturava
com as lembranças dos tempos idos,
nas passagens pelas escolas
e pelas cidades onde vivemos,
são tantas as saudades que desespero,
e, neste meu delírio ansioso
penso que tudo não passou de um pesadelo
de uma noite mal dormida,
e que tudo acabará amanhã!!
 
José Carlos Moutinho 
 25/2/2021

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

E amar

 

Pelos braços do desejo
em pensamentos fui levado
por vezes, bastou um beijo
para ter o anseio realizado,

sou assim neste meu jeito
simplista de me encantar,
jamais desejei ser perfeito
prefiro ser amado e amar
 
José Carlos Moutinho
 
 25/2/2021

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Este meu caminho

Assobiava

 

Escutei a brisa que me assobiava
enquanto eu conversava com o sol
assim tão de repente eu não esperava
encantado continuei junto do farol

Olhava o mar que ondulava sereno
pus-me a imaginar sereias e golfinhos
coisas pensadas quando era pequeno
havia amor, carinho e muitos beijinhos

José Carlos Moutinho
 
 24/2/2021

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Murmúrios do acaso

Ouvem-se murmúrios do acaso
pelas escuras salas da solidão
se o pensamento sente o atraso
que se anseia com tanta emoção

serenidade é precisa a cada dia
sorrir à vida enquanto ela sorri
pois viver não é simples fantasia
muito eu ganhei, tanto eu perdi

José Carlos Moutinho
20/2/2021

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Leiam AMOR e GUERRA

Leiam, tenho a certeza de que gostarão, especialmente quem viveu em Angola, será sempre bom recordar lugares e situações.

Peçam-me...

ou às livrarias online ou espaços de livros dos Hipermercados  ou Editora Guerra e Paz


Positivo e negativo

 Entendo que haja desalentos,
que se deseje pensamentos positivos,
mas...o que se faz aos negativos
para que possa haver equilíbrio
e poder distinguir-se entre um e outro?

Quando menciono algum pensamento negativo
quase que pretendem crucificar-me
como se eu tivesse inventado algo estranho
e que a vida é feita somente de colorido...
 
mas não, infelizmente ou talvez não,
existe o lado cinzento da realidade!

Todavia, bem sei que é mais agradável
quiçá, até, mais hipócrita falar-se do positivo
do que mencionar negatividade…

assim acontece com gente que tem paixão
por falar de doenças,
esta é uma forma terrível do negativo,
é, pois, muito mais saudável e fascinante
coloquiar-se sobre a boa saúde!
 
Falar de amor, quando este é recíproco
uma excelente maneira de sentir positividade
quando este é exaltado,
mas quando o desamor surge, sorrateiro, traidor,
numa desatinada forma negativa,
cala-se essa revolta
ou grita-se ao mundo o desespero
como se fez quando a felicidade era presença?

Há que se aceitar
os dois tipos de emoção, serenamente,
como dois polos que se atraem
tal energia eléctrica.
 
José Carlos Moutinho
19/2/2021

 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Verdade...

 

VERDADE…

palavra fascinante e tão bela
com encantadora sonoridade,
terá o significado que se pensa
ou é a mistificação da realidade?

Será que existe para rimar
com amizade ou sinceridade
ou para confundir a mentira?

Eis a verdade com que escrevo
estas palavras
vestidas de curiosidade
 
José Carlos Moutinho
15/2/2021

 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Aquela rua

 

Naquela rua vestida de sonhos
por onde eu tantas vezes caminhei
era agora a sombra do passado,
senti-a deprimida, ausente de tudo,
pensei que talvez sentisse a minha falta…

sentei-me na velha pedra da esquina
e fiquei a observar a rua que fora minha,
mas esta, já não tinha o mesmo sorriso
nem a mesma cor, estava pálida!
 
Até a mulemba tinha os braços caídos
e as suas folhas pareciam amarelecidas,
talvez pelo tempo que por elas passara…
 
pensativo, rebobinei o filme da minha vida
recuei no tempo e no espaço…
Foi então que, tomei noção da situação,
deixei de me sentir envolvido pela nostalgia
e conscientemente admiti que…
nem eu era o jovem que passara naquela rua
nem a rua era a mesma que me acolhera!
 
Tudo mudara!
A rua, a cidade o país…
o meu mundo transformara-se
simplesmente em saudade.
 

José Carlos Moutinho

7/2/2021

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Viajante da utopia

 

Sou ave viajante pela utopia
levo nas asas sonhos e anseios
comecei muito jovem pela poesia
hoje já voo por outros meios

O meu voar sempre foi sereno
mesmo quando o vento soprava
fiz da esperança o meu terreno
onde plantei o que eu inventava

Agora pouco voo, sinto-me calmo
aproveito com paixão meu tempo
aconchegando palavras a palmo
pois do pensamento sou detento
 
A utopia ainda me acompanha
sonhar será o céu do meu voar
é esta a minha maneira estranha
de, com palavras a todos abraçar
 
José Carlos Moutinho
 
 6/2/2021

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

#Online e não só

 


Não sei o que aconteceu
aos belos dias de ilusão
parece que tudo pereceu
resta esta triste escuridão

já não há mãos para apertar
nem braços para abraçar
nem tertúlias para declamar
muito menos para ouvir cantar
 
espero novos dias de encanto
porque assim será o natural
há que terminar este quebranto
para um lançamento presencial
do AMOR e GUERRA, anseio tanto
transformado em coisa surreal
que me valha, pois, algum santo
para eu poder tornar isto real
 
livrarias com o meu romance
exposto nas suas prateleiras
vendem online, como chance
eu envio com boas maneiras
 
confinar ou desconfinar é lei
temos que civicamente acatar
e eu que me confino, já não sei
quando é que isto vai terminar
 
José Carlos Moutinho

5/2/2021

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

#Amor e Guerra (Romance)

SINOPSE 

              A Angola colonial, a par das desigualdades e dos conflitos subterrâneos, era também um paraíso. Quem chegava era apanhado por um estranho feitiço para o resto da vida. O rumor longínquo da guerrilha assombrava essa aparente harmonia. A guerrilha funciona – é da sua natureza! – pela surpresa. As gigantescas matas cerradas não permitiam a penetração das tropas chegadas de Portugal e eram perfeitas para a ocultação dos guerrilheiros.

              Nas cidades, porém, iludia-se a guerra: vivia-se freneticamente o dia-a-dia. Praias, vida nocturna, bares e restaurantes conferiam às cidades, em particular a Luanda, um cosmopolitismo sedutor. Luanda tinha feitiço. A guerra, granadas e minas, era lá longe. A música das G3 e das AK não chegava aos ouvidos da cidade.

              Amor e Guerra segue um personagem mobilizado para Angola. Encontrará fatalidades, incertezas e paixões. Eis uma história de vida num paraíso cheio de inóspitas armadilhas. Será que o amor, o incansável amor, vence sempre todas as barreiras? 

2021

 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Não chores



Não...não chores as dúvidas
porque certezas ninguém as tem
há, pois, tantas emoções divididas
se chora, se ri e se ama também

A vida é uma montanha por escalar
pé ante pé vai-se subindo devagar,
chegar ao cume demorará tempo
por vezes, com alegria ou lamento

Por mim, cuja montanha é minha
subia com precisão, mas lentamente
agora resta-me ter muita calminha,
contemplar o horizonte serenamente

José Carlos Moutinho

1/2/2021

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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