Ai,
o poeta…
…pode
ser fingidor,
dizer
que sente o que realmente não sente,
pode
ser imaginativo, inventando fantasias,
pode
até criar dores, onde há alegria e sorrisos
dizer
que existe felicidade
num
campo de imensa tristeza!
O
poeta pode, com suas palavras, pintar rios
em
secos e inférteis campos,
sentir
o perfume da maresia
onde
o mar nunca existiu!
O
poeta é mentiroso ou sincero...
pois
o poeta é tudo isso e...nada,
pois
é somente um criador
que
ao deixar-se levar pelo sonho da poesia
permite-se
ser dono da sua verdade,
que
pode nem ser a verdade dos outros!
Ao
poeta é praticamente permitido tudo
desde
que use dignidade,
que
jamais ofenda ou provoque quem o lê,
porque
é para o leitor que ele escreve e respeita!
O
poeta poderá ter uma mente em desvario
ou
sentir a serenidade do bucolismo romântico,
ou
até ser um eterno apaixonado, sem paixão,
pode
também convictamente falar de amor,
sem
que haja alguém na sua vida
tem
todo o direito de ser positivo ou negativo
nos
pensamentos que transmite para o poema!
Ai,
ao poeta é-lhe admitido falar com nobreza
da
solidão e dos silêncios
e
estar rodeado por multidões,
dizer
da dor que lhe comprime o peito
e
sentir-se profundamente feliz!
E
tudo porque o poeta é…
mentiroso,
verdadeiro, fingidor?
Não!
Porque o poeta é…
simplesmente
Poeta.
José Carlos Moutinho