quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Momentos de quimera



                    
Desfalece lentamente o dia…
O luar tímido, acolhe pensamentos vadios,
Inebria os desejos contidos,
Em lapsos de momentos sentidos,
Voa-se na brisa das miragens,
Despontadas nos desertos vazios!

O vento que suavemente suspira,
E murmura palavras salgadas pela maresia,
Do mar de sentimentos, que sobrevoou,
Fala de amores e encantamentos,
Transmitidos pelas paixões encontradas,
Em seres invadidos pela felicidade!

E surge a noite...
Que arrebata ternuras e sensações,
Explode nas emoções de doces delírios,
Desatina a razão da consciência,
A noite…
Que finalmente esmorece nos sonhos,
Das mentes sossegadas.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O dia esmorece




O dia esmorece…
O sol esconde-se por detrás da serra,
Vai envergonhado…
Com as imagens passadas, pelas horas idas,
De gente que gritou, que discutiu,
Que não amou, que agrediu!
Vai triste, porque mãos apertaram
Com raiva outras mãos;
Com beijos feitos desprezo,
Vai desolado, com a ingratidão,
Arrependido pela luz que ofereceu,
Para que todos sentissem o calor,
Da bondade e do amor!
Agora, o dia morreu
No sol que se deixou escurecer,
Para que o breu os esconda,
De vergonha, pelas suas atitudes;
Não virá o luar, por punição
Aos que não tiveram a luz no coração,
Terão de viver na penumbra,
Da sua insignificância humana.

José Carlos Moutinho

sábado, 27 de agosto de 2011

Sentado no parque, observo...





Os ramos das árvores
Agitam-se no vento que os abraça,
No seu voo invisível;
Gaivotas esvoaçam,
Na busca do seu mar;
Crianças que brincam, em algazarra,
Skates deslizam em acrobacias,
Em lutas enfrentadas com as rampas
De madeira rasgada pelos atritos;
Gemer de rodas ao castigo infligido;
Aves que chilreiam,
Nas árvores ansiosas por sossego,
Que o vento tarda em lhes conceder;
E os skaters correm vertiginosamente,
Cruzando-se com as trotinetas,
Em perigosas e arrojadas manobras;
É uma tarde radical no parque camarário,
Quedas desamparadas pelas atitudes
De valente exibição,
Que terminam em mazelas
E dores disfarçadas;
É a juventude na sua pujança.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Antes que...




Levo-me na luz das estrelas,
Que iluminam o meu caminho;
Atravesso rios transparentes,
Antes que as aluviões os escureçam;
Abrigo-me sob árvores de copas verdes,
Porque a destruição é uma paranóia;
Deslumbro-me na miragem,
Espelhada neste mar azul feiticeiro,
Antes que petroleiros da ganância a apaguem,
Sufocando as suas ricas e profundas águas;
Absorverei o encanto dos vales multicolores,
Quiçá, a devastação esteja iminente;
Docemente voarão os meus olhos,
Sobre estas montanhas de fascinante beleza,
Antes que se esfumem…
Pelas mãos de mentes desatinadas,
Que lhe ateiam o fogo da irracionalidade;
Abraçarei os meus amigos,
Porventura, a amizade um dia se esgote;
Ah…este nosso mundo louco!
Na natureza nada se cria, nada se perde,
Tudo se transforma…
Em destruição!
Pobre Lavoisier, como estava errado
Até o amor está modificado
Com prazo de validade encurtado.

José Carlos Moutinho

sábado, 20 de agosto de 2011

Nada ter e nada ser




Caem folhas secas,
De momentos perdidos
Pelo tempo esquecidos;
Amontoado de esperanças idas,
Em temporal de desalentos,
No vendaval da vida entontecida,
Pelas vicissitudes e agruras do nada!
Sob esta árvore ressequida,
Onde se esconde a fragilidade
Do viver, abandonado,
Alienado por todos,
Corre uma aragem de frio desencanto,
Pelos descompassos de um sentir vazio,
Arrítmico, desvairado, abafado,
Na indiferença de uma vida amorfa,
Como campos de flores sem pétalas,
Aves sem voz,
Luares em penumbra,
Sóis empalidecidos pelas nuvens
Que os ventos arrastam,
Embrutecidas pela vileza de outrem,
Sentidos sem sentidos
Do nada ter e nada ser.

José Carlos Moutinho

Bonança de um novo advir




O silêncio adormecido da tua ausência,
Torna o ontem distante e o amanhã longe
E o agora, provoca um grito amorfo no meu peito,
Estrangulado pela dor do meu querer,
Deixa-me a alma entorpecida pela saudade
De um tempo em que as cores tinham mais beleza;
Em que um simples suspiro,
Era néctar que me inebriava de prazer;
E um abraço tinha o calor do sol!
Mas o agora, não é mais que dura realidade,
Dos sentimentos perdidos em noite de tempestade,
Levados no vendaval das desilusões;
A tormenta absorveu todo o sentir,
De um amor que avassalava as vontades,
Que se desfaleciam no prazer da paixão!
Por isso este grito sufocado no meu peito
Espera libertar-se dos grilhões a que se submeteu,
Quando este amor,
Não for mais que simples recordação
Vivida num mar tenebroso
E a calmaria surja na bonança de um novo advir.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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