sexta-feira, 27 de abril de 2012

A tua pele de fogo




Chegaste na tarde quente de verão,
Agasalhada pela tua pele de fogo,
Que se faz desejar,
No meu corpo frio da espera de ti!
Deslizas por mim, como lava que escorre
Do vulcão da tua louca vontade de entrega,
Que se funde na minha ânsia em ti!
Moldas-te escaldante, como serpente
Ao meu corpo...
Enroscas-te na tremura dos meus braços,
Colas-te aos meus lábios,
Que fervem ao toque dos teus,
Num frenesim!
Soltam-se delirantes os meus pensamentos,
Levados pela emoção do teu vibrar palpitante
E entregamo-nos ao delírio,
De uma paixão incontrolável,
Em volúpia de suor, dor e prazer,
Que se perde na razão do consciente
E se entrega à razão da carne!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Estaria eu louco?




Quando hoje passeava pelo parque,
Descontraído olhava as árvores,
Escutava o chilrear das aves,
Sentia a brisa acariciar-me o rosto,
Sussurrando-me cintilações estelares!

Continuando no meu caminho sem rumo,
Pensei sonhar, mas eu caminhava...
Não...não sonhava!
Pelos meus ouvidos deslizavam sinfonias,
De melodias de sorrisos humanos!

Parei para confirmar e despertar desse sonho,
Que na verdade não o era!
As pessoas riam, falavam, sorriam!
As crianças brincavam, corriam, gargalhavam!
O mundo que antes estava cinzento,
De repente clareou em total deslumbre;
O sol aparecera em forma de sorrisos,
Que as plantas absorviam,
Transformando-os em belas cores,
Criando o mais doce néctar,
Que as aves beijavam
E dos seus bicos adocicados,
Saiam belas árias!

Era total a mutação na terra,
Antes sofrida e chorada na dor,
E agora pujante, alegre e cantada!

Seria milagre, sonho, ilusão,
Era um esvoaçar de utopias e quimeras,
Luares de um azul por inventar,
Arco-íris, que nos abraçavam com as suas cores,
Era um mundo desconhecido,
Em absoluto devaneio de belas metáforas,
Ou estaria eu louco?

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 25 de abril de 2012

25 de Abril




Abril despertado nas noites de cativeiro,
Iluminado pela aurora da liberdade,
Em jardins de vermelhos cravos,
Nas armas caladas...
Que beijavam o chão da esperança,
Na canção feita senha,
Ecoada pela rádio da salvação,
Grândola a tal vila morena cantada,
Da Catarina Eufémia que pedia pão
E recebeu a morte,
Dos trigais da exploração,
Em campos de vastidão!

Liberdade, liberdade...

Gritava-se em exultação,
Como em sonhos nunca antes sonhados,
Gritava-se pela liberdade,
Nas ruas escurecidas,
Por uma ditadura que agonizava,
Sob os pés de homens fardados,
Inconformados com a miséria
E direitos atrofiados,
Deste Portugal amorfo.

José Carlos Moutinho
25/4/12

terça-feira, 24 de abril de 2012

Discriminação racial/Racismo



E tudo começou com o Big Bang!
Fizeram-se os planetas os astros estrelas e coisas mais,
Fez-se azul no céu para todos, por igual;
Surgiram animais de várias espécies,
Entre os quais, os humanoides,
Que mais tarde deram origem aos humanos,
Ditos Homo sapiens, iguais pela forma
Mas diferentes pela cor,
Culpa da pigmentação, coisas de  climas,
Diz-se que em África, teve origem a espécie humana!

E com a evolução desta espécie dita inteligente,
Vieram os problemas discriminatórios,
Nos desatinos das cores da derme!
Negros que detestam brancos,
Amarelos que não suportam negros,
Brancos que odeiam todos os outros,
Numa profusão de sentimentos,
De incompreensível entendimento!
Ódios que nascem, como erva daninha
Em searas de gente,
Como se a cor fosse estigma!

Inventam-se direitos de superioridade pela cor da pele,
Quando pelas veias corre líquido igual!
E esta aberração só existe nesta espécie bípede,
Pois na verdade não existem raças,
Mas somente uma raça,
RAÇA HUMANA

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sombra



Quando a tarde se espreguiça para lá do horizonte,
É pela sombra que se esgueiram os meus vazios pensamentos
E se deixam levar na noite que se aproxima,
Calando as ilusões esmorecidas,
Pelas emoções cansadas!

Por vielas onde a sombra domina
E encobre intenções enviesadas,
Deambulo em busca de instantes de acalmia,
Escondido dos olhares que me perturbam!

Aceito o abraço do luar que me murmura,
Cintilantes vibrações
E caminho pela clareira que a sombra não alcança!
Levo-me de coração ao alto,
Confiante de que chegarei a bom destino,
Agora protegido pela lua cheia,
Qual lampião que me ilumina e me protege
De utópicos duendes!
Grito ao mundo que sou a liberdade
Levo comigo a alegria na alma,
E nem a fantasmagórica sombra,
Me perturbará doravante.

José Carlos Moutinho


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Os Ciprestes




Levo-me no abraço dos verdes ciprestes,
Por este caminho de calorosas curvas,
Do teu corpo...
Na suave textura da tua pele,
Faço chão da minha caminhada,
Em deslizantes impulsos de sensações,
Que torna ruborizada a tua derme
E sôfrega a tua respiração,
Nesta dança sufocada,
Por osculações delirantes,
Num frenesim de braços e pernas,
Que se atropelam e se fixam,
Como os caules das flores
Se agarram ao chão macio e húmido,
Dos leitos onde se deitam,
Na semelhança das pétalas que te acolhem,
No rodopiar dos desejos descontrolados
Neste chão que nos agarra
E como imã nos subjuga,
Tornando-nos seus servos,
Na volúpia feita loucura,
Onde eu deslizo pelas curvas
Do teu corpo, meu caminho,
Sob os olhares dos verdes ciprestes.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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