domingo, 17 de julho de 2011

Lamentos da alma




Soltam-se suspiros do seu peito,
Como lamentos da alma, despertados!
São ais, que se deixam levar
Nas ondas imensas da saudade;
Vagueiam por este mar sem fim,
Recuando a um tempo
Em que a saudade não existia;
Esta, dava lugar ao amor e ao sonho
De uma paixão inventada na luz da ilusão!
Mas esse mesmo tempo implacável,
Tornou essa luz em penumbra,
Encobrindo o brilho de um sentir
Agora melancólico e nostálgico!
Os pensamentos, esses elevam-se
Acima dos lamentos e ais
E voam, perdidos em esperança e desilusão,
Em busca de um porto de abrigo
Em que finalmente,
Possam deixar de suspirar, no seu peito.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Palavras que o vento te leva




Peço ao vento que me toca o rosto,
Que te leve as minhas palavras,
A ti e que penetrem no teu coração,
Como elas brotaram do meu!
Desejo que te sintas tocada
Pela mais doce e sensitiva ternura do meu querer;
Que as minhas palavras levem todo o meu ardor
E incendeiem o teu desejo;
Repara nas folhas das árvores que te cercam,
Elas têm os meus gestos de carinho,
Aproxima-te…
Ouvirás o meu murmurar através delas;
Sentir-te-ás abraçada por mim,
Nos ramos que te envolvem;
Olha com atenção a luz translúcida do sol,
Verás o brilho dos meus olhos,
Clamando por entrar nos teus!
Quando na penumbra do teu quarto,
Sentires o afago de mãos nos teus cabelos,
São as minhas em forma de sonho,
Dizendo que estou contigo,
Em pensamento!
Se sentires calor pelo teu corpo,
É o meu envolvendo o teu;
E o meu amor te protege
Mesmo distante.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Como seria?



Como seria o modo de viver
Se todos fossem iguais,
Se só houvesse o bem,
Porque o mal não havia sido inventado;
Se a alegria fosse uma constante,
Pois a tristeza, era palavra inexistente,
Como seria o modo de viver,
Se a fraternidade sempre estivesse presente?
A inveja, ainda não fora escrita,
O que havia era uma constante partilha,
Porque a fome era desconhecida,
Todos se alimentavam dignamente;
Crianças, que jamais são adultos
É um mito, nunca aconteceu;
Pois as condições sempre foram magníficas!
Gente sem lar, que morriam de frio,
Impossível… aqui todos tem um teto
E são bem agasalhados!
Quando falam nos esfarrapados,
É uma pura falsidade;
Maldades, amarguras e guerras
Nunca se viram por estes lados,
Por cá só conhecemos bondade e abraços,
A amizade é uma palavra efectiva!
Inimizade, o vocabulário ignora,
O sol por este planeta é de todos,
Quem disse que era só para alguns?
Como seria o mundo,
Com este modo de viver?

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Palavras soltas




Solto palavras sem nexo,
Que voam no dorso do vento para destino incerto,
Talvez em busca do branco do papel,
Para nele se tornarem frases de amor;
Só sei que elas, agora nada me dizem,
São retalhos do tempo passado
E que se querem afirmar no tempo de agora,
Talvez na ilusão de que mudarão algo
Neste mundo, sem palavras de amor,
Mas de acções de guerra, sem palavras;
Diálogos que se perderam nas vontades
E se tornaram frios nas inimizades;
Palavras, sem rosto, nem expressão,
Na frieza do papel em que estão inseridas,
Que só serão sinceras e carinhosas,
No abraço amigo, apertado e fraterno;
Palavras ditas olhadas nos olhos,
São palavras afectivas, sem serem escritas!
Espero pois, que as minhas palavras
Que voaram com o vento,
Tenham chegado a um bom porto
E encontrado o papel e a cor da paz e alegria;
Se assim acontecer, as minhas palavras
Antes sem nexo,
Serão palavras de profundo amor.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 12 de julho de 2011

Na leveza da nuvem branca




Quero fugir da angústia do teu olhar
Que me tolhe os pensamentos,
No teu desespero em quereres ser diferente;
Olha para mim e reflecte-te na alegria
Que a minha alma transmite para ti;
Desperta dessa melancolia em que vives,
Despe-te das mágoas do teu viver,
Liberta-te da tortura desse teu sofrimento
E vive com a paz do meu querer;
Sente o meu amor,
No palpitar do meu coração,
Recebe o suspiro do meu desejo em ti,
Absorve o calor dos meus braços
E deixa que a tua alma
Seja invadida pela minha alegria!
Sai desse teu torpor estranho,
Veste-te do belo da vida,
Respira o ar da brisa que passa
Na suavidade do meu viver,
E vem, sem receio de fracassares,
Porque eu estarei aqui,
Recebendo-te na leveza da nuvem branca,
Que nos protege, sob a abóbada celeste.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Como fogo de vulcão




Depois de um pesadelo acordado,
Neste quarto de paredes adormecidas,
Ainda na penumbra escondidas,
Sinto o subtil gesto da tua mão
Que me acaricia o rosto
E no afago da tua cabeça no meu peito,
Com a leveza da libélula sobre nenúfar,
Desperto num doce torpor,
De um sentir que pretendo eterno;
Os teus lábios, que aquecem os meus
Do frio da noite partida,
Como se fossem colibris
No seu suave e doce oscular,
Sugando o néctar da colorida flor;
Sinto o deslizar do teu corpo,
Na busca do meu aconchego
E ouço o ritmo cadente do teu coração,
Batendo em uníssono com o meu;
As tuas mãos serpenteiam pelo meu corpo,
Na ânsia do saciar de um desejo
Que arde, como fogo de vulcão.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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