segunda-feira, 7 de maio de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Ausência sentida
As tuas palavras emudecem
na fronteira da estrada que te ausenta de mim!
O perfume doce do teu corpo dissipa-se nas nuvens
que respiram o pó dessa estrada!
Os teus olhos têm o brilho das tardes cansadas
e os teus abraços são pétalas ressequidas,
de rosas esmorecidas,
pelos ventos do deserto,
Onde os oásis se fizeram rochedos!
O mar onde me espelho desassossega-se,
na intranquilidade do meu olhar,
que se alonga na saudade de ti!
Tento sorrir, mas a minha boca contrai-se
num esgar de dor,
que me estremece!
Pensamentos que me tomam,
em bandos de pássaros tresmalhados
chegam-me em soluços de angústia,
por tantos sois de luz fria e apagada
e luas escurecidas pelas nuvens do desalento,
em vendavais de desencontros
e tempestades de areias de orgulho escondido.
José Carlos Moutinho
Recordar Angola
Quando ouço dizer poemas e
cantares de Angola,
A minha alma entristece-se
na saudade que a magoa,
No recordar dos sons que
brotavam da terra,
Como mágicas sinfonias, nos
batuques da vida
E nos gemidos que o coração
sentia,
No dedilhar do som chorado
do kissange!
Apertou-se-me o coração no
querer rever,
Aqueles chãos vermelhos,
De um vermelho de sangue,
Das lutas travadas inglórias
e injustas,
Por gente com ambições
desmedidas,
Que aniquilaram povos,
Cuja culpa era estarem vivos!
E nestas recordações que me
choram a alma,
Revivo as belezas de Angola,
Pelas picadas do meu encanto,
Extasiado pelos cheiros
fortes
Dos frutos tropicais de
garridas cores,
Que me saciavam a sede
E no deslumbramento
Das florestas virgens, da
minha alegria,
Pela exuberante e fantástica
fauna,
Que me encantava na sua
liberdade
E das praias de águas
quentes,
De areias onde nos apaixonávamos.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 27 de abril de 2012
A tua pele de fogo
Chegaste na tarde quente de
verão,
Agasalhada pela tua pele de
fogo,
Que se faz desejar,
No meu corpo frio da espera
de ti!
Deslizas por mim, como lava
que escorre
Do vulcão da tua louca
vontade de entrega,
Que se funde na minha ânsia em
ti!
Moldas-te escaldante, como
serpente
Ao meu corpo...
Enroscas-te na tremura dos
meus braços,
Colas-te aos meus lábios,
Que fervem ao toque dos teus,
Num frenesim!
Soltam-se delirantes os meus
pensamentos,
Levados pela emoção do teu
vibrar palpitante
E entregamo-nos ao delírio,
De uma paixão incontrolável,
Em volúpia de suor, dor e
prazer,
Que se perde na razão do
consciente
E se entrega à razão da
carne!
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Estaria eu louco?
Quando hoje passeava pelo parque,
Descontraído olhava as árvores,
Escutava o chilrear das aves,
Sentia a brisa acariciar-me o rosto,
Sussurrando-me cintilações estelares!
Continuando no meu caminho sem rumo,
Pensei sonhar, mas eu caminhava...
Não...não sonhava!
Pelos meus ouvidos deslizavam sinfonias,
De melodias de sorrisos humanos!
Parei para confirmar e despertar desse sonho,
Que na verdade não o era!
As pessoas riam, falavam, sorriam!
As crianças brincavam, corriam, gargalhavam!
O mundo que antes estava cinzento,
De repente clareou em total deslumbre;
O sol aparecera em forma de sorrisos,
Que as plantas absorviam,
Transformando-os em belas cores,
Criando o mais doce néctar,
Que as aves beijavam
E dos seus bicos adocicados,
Saiam belas árias!
Era total a mutação na terra,
Antes sofrida e chorada na dor,
E agora pujante, alegre e cantada!
Seria milagre, sonho, ilusão,
Era um esvoaçar de utopias e quimeras,
Luares de um azul por inventar,
Arco-íris, que nos abraçavam com as suas cores,
Era um mundo desconhecido,
Em absoluto devaneio de belas metáforas,
Ou estaria eu louco?
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 25 de abril de 2012
25 de Abril
Abril despertado nas noites
de cativeiro,
Iluminado pela aurora da
liberdade,
Em jardins de vermelhos
cravos,
Nas armas caladas...
Que beijavam o chão da
esperança,
Na canção feita senha,
Ecoada pela rádio da
salvação,
Grândola a tal vila morena
cantada,
Da Catarina Eufémia que
pedia pão
E recebeu a morte,
Dos trigais da exploração,
Em campos de vastidão!
Liberdade, liberdade...
Gritava-se em exultação,
Como em sonhos nunca antes
sonhados,
Gritava-se pela liberdade,
Nas ruas escurecidas,
Por uma ditadura que
agonizava,
Sob os pés de homens
fardados,
Inconformados com a miséria
E direitos atrofiados,
Deste Portugal amorfo.
José Carlos Moutinho
25/4/12
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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