Quando ouço dizer poemas e
cantares de Angola,
A minha alma entristece-se
na saudade que a magoa,
No recordar dos sons que
brotavam da terra,
Como mágicas sinfonias, nos
batuques da vida
E nos gemidos que o coração
sentia,
No dedilhar do som chorado
do kissange!
Apertou-se-me o coração no
querer rever,
Aqueles chãos vermelhos,
De um vermelho de sangue,
Das lutas travadas inglórias
e injustas,
Por gente com ambições
desmedidas,
Que aniquilaram povos,
Cuja culpa era estarem vivos!
E nestas recordações que me
choram a alma,
Revivo as belezas de Angola,
Pelas picadas do meu encanto,
Extasiado pelos cheiros
fortes
Dos frutos tropicais de
garridas cores,
Que me saciavam a sede
E no deslumbramento
Das florestas virgens, da
minha alegria,
Pela exuberante e fantástica
fauna,
Que me encantava na sua
liberdade
E das praias de águas
quentes,
De areias onde nos apaixonávamos.
José Carlos Moutinho