sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mar...Eterno fascínio




Mar...imensa mole hídrica, que tanto me fascinas,
no olhar que se perde na lonjura do teu dorso,
e vai esbater-se no horizonte!

Gosto estar junto de ti, mar...
Quando na tua serenidade,
me deixas escutar o teu marulhar,
em sons de melodias, como palavras de amor,
na poesia que as tuas ondas entoam,
ao beijarem as areias,
onde vão espreguiçar-se no leito
dourado da praia,
que a espuma branca cobre
como lençol de pura seda!

Mas tu, mar...também és bravio,
incontrolado na tua fúria desmedida,
tantas mortes causas com a tua agressividade!
Quantos inocentes sepultaste nas tuas águas revoltosas,
só porque queriam tirar o sustento,
na labuta que afagava as tuas águas
e que tu, mar...
Arrastaste nas redes da sua fome!

Já foste tão odiado,
simultaneamente amado...
És um eterno desconhecido, mar...
Já levaste o nome de Portugal bem longe
permitiste que frágeis caravelas,
te singrassem, atrevidas e aventureiras!

Mas, para mim, mar... Quero-te tranquilo
Sentar-me na falésia,
contemplar-te na tua acalmia
onde o sol se espelha...
E deixar-me navegar no teu murmurar, minha serenidade

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Outrora




Esta ausência que se faz distância, nos anos que se escoam
Neste tempo de saudades e nostalgias,
Faz-me pensar o presente,
Que tão rapidamente se perde,
Fundido no futuro que chega veloz!
Tento esquecer tudo o que ficou para lá da memória,
Os sonhos que abraçaram quimeras
E as ilusões beijadas pelas utopias,
Mas esta, teima em relembrar o passado
E trazer instantes de encantamento,
Que nas noites de luar nos embalavam,
Nos braços da amada!
Esses mesmos braços
Que certamente abraçaram outro ou outros,
Nos descaminhos desta vida!
E aqui fico eu, pensativo,
No desassossego da minha mente
Pelo que deixei de fazer ou ser,
Por ter perdido o imperdível
E na impossibilidade de refazer o passado
E modificar o advir!
Aceito-me derrotado no sentir da minha alma,
Pela escuridão que me toldou a vontade,
De outrora...

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Liberto-me dos nós



Quero libertar-me dos nós dos instantes 
que a vida teceu na tela crua da realidade!

Soltar-me em voos de alegria,
ignorar pesadelos,
desbravar novos ventos
em luares da minha vontade tenaz!

Quero cantar como louco, neste mundo desvairado,
rir-me na cara dos libertinos pedantes,
ironizar a vaidade emaranhada da arrogância,
correr por ruelas de desencantos amorfos
e encontrar lá no horizonte, o oásis
da serenidade que me acalme
no deserto revolto de mim!

Quando me libertar deste sentir inquietado,
buscarei no sorriso dela, o meu ânimo,
dos seus cabelos negros ondulantes, a seda
que me acariciará o rosto,
da sua voz de cristal, absorverei a melodia
que enfeitiçará a minha alma,
as suas mãos serão o meu estremecer
e dos lábios extrairei o néctar que me alimenta,
na fogosidade dos nossos corpos.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Respiro a tua poesia




No alvorecer das minhas emoções,
desperto...
Com o murmúrio das tuas palavras,
que se fazem poesia, que eu respiro!

Voam-me melodias em pétalas de camélias,
que me preenchem a alma
e a cada movimento de mim,
sinto o teu abraço, no afago
que me dilata os poros do meu corpo
Num sonambulismo doce,
sedento do teu respirar em mim!
Levo-me em catarse do meu sentir
por raios de luz,
guias do meu querer,
aspirando das tuas palavras,
as estrofes simples do teu poema amar
e sem resistência,
volto a respirar em ti, a poesia
que me vibra os sentidos,
de poeta inventado,
e apaixonado assumido.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Momentos




Ah...como desejo atravessar estas brumas do desencanto!
Dissipar as nuvens negras que me toldam a visão
e colorir o escuro das flores mortas!

Levo-me por anseios sufocados no meu peito,
quero soltá-los no vento!

Vagueio-me perdido nas lembranças,
esmorecidas pelas horas que se foram!

A solidão comprime-me a vontade
de caminhar por luares libertados!

Ah...Como gostaria de correr ao longo do rio da saudade
Que me levaria ao mar da esperança!

Respiro-me trôpego no sopro da brisa
Que me queima a tristeza!

Choro-me na incerteza da alegria
Que a minha alma reclama!

Acalmo-me finalmente no sonho
Entrado em mim, que me adormece!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Angola que tanto falam




De Angola nunca ouvi tanto falar,
como desde que entrei no facebook,
de repente todos a querem amar,
ou será moda que esconde algum truque?

Quem lá nasceu, viveu ou somente conheceu,
tem por ela grande estima e imenso amor,
pela beleza rara do seu sol, tal gineceu,
Que na memória a nostalgia deixa dor.

Eu que não nasci naquela terra bela,
tenho por ela, paixão que me arrebata,
nesta saudade que o meu coração desvela,
no encanto da flora ou da simples cubata.

Percorri aquelas estradas e picadas sem fim,
extasiei-me com a fauna, que se me deparava,
aquela terra vermelha, prazer imenso para mim,
onde tantas e tantas vezes, assombrado eu ficava.

Foram bons momentos que o tempo não apaga,
conheci Angola de norte a sul, este a oeste,
os meus olhos tudo admiravam, até simples fraga,
lembranças, que ainda hoje a minha alma veste.

Banhei-me nas águas límpidas e quentes das praias,
fascinei-me com os batuques nas noites de luar,
nos musseques, a juventude buscava catraias
e na doce frescura dos frutos, o meu saciar.

E assim falo eu da minha querida Angola,
já que está na moda, mal ou bem falar,
lá fiz-me homem, onde eu cheguei criançola,
mas que soube receber-me e eu aprendi a amar.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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