quinta-feira, 5 de julho de 2012

Outrora




Esta ausência que se faz distância, nos anos que se escoam
Neste tempo de saudades e nostalgias,
Faz-me pensar o presente,
Que tão rapidamente se perde,
Fundido no futuro que chega veloz!
Tento esquecer tudo o que ficou para lá da memória,
Os sonhos que abraçaram quimeras
E as ilusões beijadas pelas utopias,
Mas esta, teima em relembrar o passado
E trazer instantes de encantamento,
Que nas noites de luar nos embalavam,
Nos braços da amada!
Esses mesmos braços
Que certamente abraçaram outro ou outros,
Nos descaminhos desta vida!
E aqui fico eu, pensativo,
No desassossego da minha mente
Pelo que deixei de fazer ou ser,
Por ter perdido o imperdível
E na impossibilidade de refazer o passado
E modificar o advir!
Aceito-me derrotado no sentir da minha alma,
Pela escuridão que me toldou a vontade,
De outrora...

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Liberto-me dos nós



Quero libertar-me dos nós dos instantes 
que a vida teceu na tela crua da realidade!

Soltar-me em voos de alegria,
ignorar pesadelos,
desbravar novos ventos
em luares da minha vontade tenaz!

Quero cantar como louco, neste mundo desvairado,
rir-me na cara dos libertinos pedantes,
ironizar a vaidade emaranhada da arrogância,
correr por ruelas de desencantos amorfos
e encontrar lá no horizonte, o oásis
da serenidade que me acalme
no deserto revolto de mim!

Quando me libertar deste sentir inquietado,
buscarei no sorriso dela, o meu ânimo,
dos seus cabelos negros ondulantes, a seda
que me acariciará o rosto,
da sua voz de cristal, absorverei a melodia
que enfeitiçará a minha alma,
as suas mãos serão o meu estremecer
e dos lábios extrairei o néctar que me alimenta,
na fogosidade dos nossos corpos.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Respiro a tua poesia




No alvorecer das minhas emoções,
desperto...
Com o murmúrio das tuas palavras,
que se fazem poesia, que eu respiro!

Voam-me melodias em pétalas de camélias,
que me preenchem a alma
e a cada movimento de mim,
sinto o teu abraço, no afago
que me dilata os poros do meu corpo
Num sonambulismo doce,
sedento do teu respirar em mim!
Levo-me em catarse do meu sentir
por raios de luz,
guias do meu querer,
aspirando das tuas palavras,
as estrofes simples do teu poema amar
e sem resistência,
volto a respirar em ti, a poesia
que me vibra os sentidos,
de poeta inventado,
e apaixonado assumido.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Momentos




Ah...como desejo atravessar estas brumas do desencanto!
Dissipar as nuvens negras que me toldam a visão
e colorir o escuro das flores mortas!

Levo-me por anseios sufocados no meu peito,
quero soltá-los no vento!

Vagueio-me perdido nas lembranças,
esmorecidas pelas horas que se foram!

A solidão comprime-me a vontade
de caminhar por luares libertados!

Ah...Como gostaria de correr ao longo do rio da saudade
Que me levaria ao mar da esperança!

Respiro-me trôpego no sopro da brisa
Que me queima a tristeza!

Choro-me na incerteza da alegria
Que a minha alma reclama!

Acalmo-me finalmente no sonho
Entrado em mim, que me adormece!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Angola que tanto falam




De Angola nunca ouvi tanto falar,
como desde que entrei no facebook,
de repente todos a querem amar,
ou será moda que esconde algum truque?

Quem lá nasceu, viveu ou somente conheceu,
tem por ela grande estima e imenso amor,
pela beleza rara do seu sol, tal gineceu,
Que na memória a nostalgia deixa dor.

Eu que não nasci naquela terra bela,
tenho por ela, paixão que me arrebata,
nesta saudade que o meu coração desvela,
no encanto da flora ou da simples cubata.

Percorri aquelas estradas e picadas sem fim,
extasiei-me com a fauna, que se me deparava,
aquela terra vermelha, prazer imenso para mim,
onde tantas e tantas vezes, assombrado eu ficava.

Foram bons momentos que o tempo não apaga,
conheci Angola de norte a sul, este a oeste,
os meus olhos tudo admiravam, até simples fraga,
lembranças, que ainda hoje a minha alma veste.

Banhei-me nas águas límpidas e quentes das praias,
fascinei-me com os batuques nas noites de luar,
nos musseques, a juventude buscava catraias
e na doce frescura dos frutos, o meu saciar.

E assim falo eu da minha querida Angola,
já que está na moda, mal ou bem falar,
lá fiz-me homem, onde eu cheguei criançola,
mas que soube receber-me e eu aprendi a amar.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sonho




A luz tremula no silêncio da noite adormecida,
o sonho aconchega-se no sorriso do sono!

Esvoaçam quimeras em nuvens azuis,
navegam utopias em rios de fantasia,
nascem carícias nas imagens inventadas,
gargalhadas ecoam pelas estradas das emoções!

Sopram brisas pelas alamedas de doces sentires,
respiram-se aromas de flores coloridas,
afagam-se os reflexos do luar
e dedilham-se as teclas das estrelas cintilantes!

Fazem-se melodias em sinfonias de alvoradas
no despertar que entristece o sonho,
o sol que ofusca o encanto
do sono encantado do passado,
no amanhecer do futuro
e com a realidade que se faz presente.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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