Porque teimam as saudades em
me atormentar,
insistindo em fazer-me
recordar o passado,
se nada de novo trazem para
o meu viver!
Quero esquecer tudo que se
esfumou,
nas brumas do cacimbo
tropical!
Deixem-me em paz,
Na serenidade do meu
esquecer,
De que adianta lembrarem-me
das minhas capacidades
atléticas
da escola primária...
E dos meus primeiros
amigos...
Que interessa agora
relembrar
aquela rapariga bonita
morena,
de cabelos negros e porte
altivo,
que eu, ingénuo adorava (ou
amava...)
se tudo é passado!
De nada mais valem as
recordações
da minha juventude,
exacerbadas por paixões
reprimidas
da minha adolescência!
A minha vida correu pelo
tempo,
numa velocidade estonteante,
e os sonhos não passaram de
quimeras,
que a realidade mostrou não
serem ilusões,
adornadas em doces utopias!
Por tudo isto, saudade,
deixa-me, finge que não me
conheces,
e eu não tive todos aqueles
momentos
inesquecíveis,
do meu tempo, que o tempo
consumiu!
Vai-te, para longe, saudade,
evapora-te nas nuvens do
passado,
permite-me que eu viva
sossegado,
a minha particular saudade.
José Carlos Moutinho