quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Sonhos despertos
Na vigília que me toma os pensamentos,
Faz dos meus sonhos despertos,
Ilusões quiméricas!
Deixo-me levar em desejos incontidos,
Pelo sentir suave da pele rosácea,
Que me faz ânsia de querer tocar-lhe
E despertar o frémito do prazer letargo!
Penso-a, deliciado, e embora ausente,
Sinto-a em mim,
Numa lasciva e delicada sensação
De corpos colados, aquietados
Pela vontade acomodada,
Mas em deleite pela química
Que se desprende da paixão que os une!
Revigoram-se as emoções,
Suavemente pela lânguida fragrância,
Que se solta das rosas vermelhas,
Espalhadas sobre o lençol
E se difunde pelo quarto do amor!
Excitam-se as mentes,
Dilatam-se os poros,
Remexem-se os corpos,
Navegam no mar do prazer que os alaga
E os leva extasiados ao porto da felicidade!
Adormeço exausto, no delírio da doce volúpia,
Obtida dos sonhos acordados,
Após longa e sensitiva vigília.
José Carlos Moutinho.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Sonho, miragem ou ilusão
Deslizam pelas vertentes, as
minhas palavras escusadas
Pela vontade retraída, no
desejo silencioso
De abrir o meu peito cansado,
pelas ausências
Das tardes ensolaradas,
deste meu tempo sombrio!
Na calada das noites
exaustas,
Libertam-se as vozes da
coragem,
Apoiadas pelo breu solidário,
As mágoas agrilhoadas,
soltam-se no meu suspiro!
Aliviado pela ousadia da
minha repentina liberdade,
Grito aos ventos que me
sussurram emoções,
Que jamais se calarão as
palavras
Na minha garganta contraída
pela incerteza!
No verde vale das sensações,
Onde me vejo caminhar entre
coloridas flores,
De coração esfuziante e alma
livre de amarras,
Sorriem-me as aves
rodopiando em torno de mim,
Entoando melodias de ovação,
Abraça-me a brisa que docemente
me acompanha!
Talvez seja sonho, miragem,
ilusão,
Ou tudo não passa de doce
loucura!
Não sei...nem me interessa,
Sinto-me bem assim.
José Carlos Moutinho
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Chuva de Outono
Adejam, frias, as gotas
desta chuva de Outono,
Encharcam os meus
pensamentos,
Dos momentos de amor do
estio que se foi,
Cada pingo, encerra em si,
um segredo,
Que se desvendará no chão
que a acolhe,
Da miríade de gotas, simples
e solitárias,
Nascerá um rio calmo, de
muitos segredos
Que mergulharão no mar,
Onde navegam anseios e
sonhos por realizar!
E tantas gotas, lágrimas de
cristal
Que caem como pranto de
saudade
Desta chuva teimosa,
Trazem a nostalgia
Das tardes quentes, suadas
Na paixão exacerbada pelo
amor,
Que se refrescava do seu
fulgor
Nas areias molhadas, onde as
ondas
Beijavam os corpos
escaldantes,
Acariciados pela alva
espuma!
E a chuva cai, insistente
Alheia ao meu pensamento
saudoso
Dos prazeres oferecidos
Pelo tempo que se ausentou
Chorado neste Outono que
chegou.
José Carlos Moutinho
domingo, 29 de setembro de 2013
Matizes de Outono
O Outono chega repentinamente molhado,
Espalhando folhas matizadas por todo lado,
O céu acinzenta-se, perde o seu azul belo,
A melancolia ocupa-nos a alma sem apelo.
Mas o Outono é também encanto
Nas folhas secas que esvoaçam
E formam atapetadas ruas coloridas,
Imagens ornamentadas bucolicamente
Em paisagens de deslumbrante visão,
No adeus ao calor que o verão ofereceu
E nas boas vindas ao frio do Inverno que virá!
A Natureza na sua plenitude,
Com o equinócio que se faz presente,
Solidário com as caducifólias
Que nos oferecem a beleza das folhas secas
Na escusa da sua perenidade,
Voam leves como penas nas asas do tempo,
Volateiam na sua curta viagem até ao solo,
Onde se aconchegam delicadamente,
Tecendo belos e efémeros tapetes!
Outono dos nossos dias
Amigo de vários anos,
Que nos presenteia com o matizado da vida
Com o fresco suave da atmosfera,
Em terno preparativo para o frio intenso
Que nos chegará brevemente com o Inverno
E quando partires, Outono
Sentiremos saudades de ti
Pela vinda ansiosa da bela Primavera.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Mar de paixão
Oh...mar de olhar brilhante verde-azulado
Navegam pelo teu dorso as minhas mágoas
Sabes bem como sinto meu coração cansado
Acalma as minhas dores nas tuas cálidas águas.
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
O Improvável
Tantas vezes julgo-me inspirado,
Apresso-me a escrever o que me vai na mente,
Mas rapidamente me sinto desanimado,
Pois o que escrevi não me deixa contente!
Insisto nesta minha teimosia,
Devo achar-me poeta, pobre de mim...
Como se escrever simples palavras
Com melodia e cor, que animam quem lê,
Fossem o bastante para me fazer poeta!
Mesmo sabendo que jamais o serei,
Não desisto,
Porque a simplicidade do que escrevo,
Solta-se da fonte mais profunda de mim,
É da minha alma que brotam cristalinas,
As palavras que me levam pelos caminhos,
Do meu desejo, que se façam poesia!
Só sei que meu peito se anima,
Numa ânsia de libertar o grito de alegria
Que se esconde no seu âmago...
...Aquele grito de vitória,
Quando eu um dia, atingir o cume da metáfora
E colher do meu jardim de sonhos,
Estrofes, em flores vermelhas de paixão,
Tentar que as rimas se conciliem,
No meu desejo quimérico
De fazer bela poesia!
Ah...como seria sublime,
Um dia eu despertar desta ilusão,
E acordar-me na utopia
De escrever como um poeta.
José Carlos Moutinho.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Rufar dos tambores
De onde o sol se esconde, lá longe,
Chega o som do rufar dos tambores
Em chamamento das ilusões entorpecidas,
É um som de lamento lânguido e de dor,
Talvez chorem, pela mulher de pele negra,
Que partiu um dia, perdida na negra noite,
Caminhando descalça pelo árido chão vermelho
Gretado, pela dureza da seca vida,
Carregando, colado nas costas, o seu menino,
Sequioso do leite que se ausentara
Do peito ressequido de sua mãe!
Cambaleante ia em busca do oásis
Onde encontrasse as migalhas
Para mitigarem a fome
Que lhes comprimia os estômagos,
Dilatados, pela carência de alimento!
Chorava, sem forças aquela criança,
Empoleirada e espremida nas costas da mãe,
Cujo rosto era sulcado pela punição imerecida
Que a vida lhe concedia!
Apesar da sua ainda curta idade,
Dos olhos daquela pobre mulher
Caiam em cascatas
Grossas e afiadas lágrimas de desespero!
E o som dos tambores ia-se abafando
Imbuídos de tristeza,
Porque aquela bela mulher
De tês curtida e negra, não voltava,
Perdera-se na estrada da infelicidade,
Tivera a desdita de nascer num país,
Onde os dias eram desiguais,
Para seres humanos iguais.
José Carlos Moutinho
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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