quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Partiste
Partiste um dia sem pudor,
Esqueceste o nosso amor,
Levaste o coração vazio
Naquela noite de tanto frio.
Ficou o meu coração a chorar
Exangue, em louco desatinar
De dor tristeza e amargura,
Sem entender tua lonjura.
Se nosso amor era profundo,
Porque deixou de ser fecundo,
Ilusão de amor e utopia
Paixão vivida com fantasia,
Escurecida no meu mundo
Tornou finita minh’alegria.
José Carlos Moutinho
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Caminho pelo Outono
Este outono do meu presente,
onde mergulho nos cheiros de folhas secas,
aspiro fragrâncias deste tempo
que se vai fazendo passado,
pelos ramos quebrados das mágoas da vida!
Caminho por alcatifas de matizadas folhas,
que o verão foi ressequindo na ansiedade do futuro,
levo-me por entre sombras de árvores carcomidas,
em busca de emoções novas!
Admiro fascinado os leitos de folhagem
que se fazem chão,
salpicados por suaves verdes
dos rebentos que se pensam perenes!
Nos ramos equilibram-se gotas de chuva,
que me molham o rosto,
como carícia de lágrima deslizante!
Absorvo todo este cenário
com deleitada serenidade,
guardando na minha memória
tudo o que os meus olhos retêm,
antes que o inverno chegue
com os seus frios instantes,
de cinzentos dias de desânimo...
Penso na poesia que a primavera
me trará, no deslumbramento
das suas cores renascidas.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Fado
Este fado que me leva por caminhos inventados
E que faz da minha existência um fadário,
Umas vezes pelo encanto da poesia,
Outras por alguma desilusão tardia,
Vou cantando este fado da minha vida,
Desejando que as amarguras se ausentem
E me tragam novas brisas de alento
Que só as primaveras coloridas consentem!
Ah...Fado, quando triste, fazes a guitarra chorar
Lamentas a tua sorte, ainda que a cantar!
Nunca te deixes esmorecer pelos desencantos
Que a vida te traz, sem os pedires,
Aconchega-te no trinar das cordas da viola,
Embala-te nos acordes melodiosos da guitarra,
Solta a dor ou alegria dos teus sentires,
Mas jamais deixes de cantar com garra,
Ainda que te chamem vadio e gabarola!
Canta fadista, canta o fado com sentimento,
Da tua voz ecoará o belo poema cantado,
Solta da tua garganta a dor e o tormento
Ou a paixão do amor, por ti imaginado.
José Carlos Moutinho.
domingo, 13 de outubro de 2013
Luar de paixão
Luar de noites quentes
Com amores ardentes
Da minha doce paixão,
Afaga o meu coração
Sinto no teu abraço
Que tudo o que te faço,
Te faz sorrir de amor
Quando beijas com ardor
Minha mulher amada
És melodia cantada
Em poesia de embalar
Na carícia do luar
Amor vamos por aí
Paixão assim jamais senti
Serás minha eu sou teu
Destino que Deus nos deu
José Carlos Moutinho.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Sonhos despertos
Na vigília que me toma os pensamentos,
Faz dos meus sonhos despertos,
Ilusões quiméricas!
Deixo-me levar em desejos incontidos,
Pelo sentir suave da pele rosácea,
Que me faz ânsia de querer tocar-lhe
E despertar o frémito do prazer letargo!
Penso-a, deliciado, e embora ausente,
Sinto-a em mim,
Numa lasciva e delicada sensação
De corpos colados, aquietados
Pela vontade acomodada,
Mas em deleite pela química
Que se desprende da paixão que os une!
Revigoram-se as emoções,
Suavemente pela lânguida fragrância,
Que se solta das rosas vermelhas,
Espalhadas sobre o lençol
E se difunde pelo quarto do amor!
Excitam-se as mentes,
Dilatam-se os poros,
Remexem-se os corpos,
Navegam no mar do prazer que os alaga
E os leva extasiados ao porto da felicidade!
Adormeço exausto, no delírio da doce volúpia,
Obtida dos sonhos acordados,
Após longa e sensitiva vigília.
José Carlos Moutinho.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Sonho, miragem ou ilusão
Deslizam pelas vertentes, as
minhas palavras escusadas
Pela vontade retraída, no
desejo silencioso
De abrir o meu peito cansado,
pelas ausências
Das tardes ensolaradas,
deste meu tempo sombrio!
Na calada das noites
exaustas,
Libertam-se as vozes da
coragem,
Apoiadas pelo breu solidário,
As mágoas agrilhoadas,
soltam-se no meu suspiro!
Aliviado pela ousadia da
minha repentina liberdade,
Grito aos ventos que me
sussurram emoções,
Que jamais se calarão as
palavras
Na minha garganta contraída
pela incerteza!
No verde vale das sensações,
Onde me vejo caminhar entre
coloridas flores,
De coração esfuziante e alma
livre de amarras,
Sorriem-me as aves
rodopiando em torno de mim,
Entoando melodias de ovação,
Abraça-me a brisa que docemente
me acompanha!
Talvez seja sonho, miragem,
ilusão,
Ou tudo não passa de doce
loucura!
Não sei...nem me interessa,
Sinto-me bem assim.
José Carlos Moutinho
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Chuva de Outono
Adejam, frias, as gotas
desta chuva de Outono,
Encharcam os meus
pensamentos,
Dos momentos de amor do
estio que se foi,
Cada pingo, encerra em si,
um segredo,
Que se desvendará no chão
que a acolhe,
Da miríade de gotas, simples
e solitárias,
Nascerá um rio calmo, de
muitos segredos
Que mergulharão no mar,
Onde navegam anseios e
sonhos por realizar!
E tantas gotas, lágrimas de
cristal
Que caem como pranto de
saudade
Desta chuva teimosa,
Trazem a nostalgia
Das tardes quentes, suadas
Na paixão exacerbada pelo
amor,
Que se refrescava do seu
fulgor
Nas areias molhadas, onde as
ondas
Beijavam os corpos
escaldantes,
Acariciados pela alva
espuma!
E a chuva cai, insistente
Alheia ao meu pensamento
saudoso
Dos prazeres oferecidos
Pelo tempo que se ausentou
Chorado neste Outono que
chegou.
José Carlos Moutinho
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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