segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Minhas mãos, minha Bandeira
Abro minhas mãos calejadas pelo tempo,
delas, soltam-se folhas matizadas de ilusões
que o tempo não conseguiu destruir,
…e as folhas alegres e saudosas voam
sobre as minhas mãos,
deixando cair pétalas de recordações!
Este meu tempo de agora,
plantou nas minhas mãos,
árvores de raizes profundas
de onde as folhas verdes de esperança
se metamorfosearam em realidades!
Mas as minhas mãos vincadas
pelo sol, que acalorou minha vida
abrem-se serenas e gratas
pelos afectos
com que foram contempladas
pelos caminhos dos abraços!
As minhas mãos marcadas
geograficamente pelos rios
de sangue, da fonte da minha essência
E por intensos sentimentos,
são o mapa da minha existência!
Que na minha partida
deste mundo terreno para o metafísico,
as minhas mãos entrelaçadas
sejam bandeira das vidas
material e espiritual
com que fui agraciado.
José Carlos Moutinho
domingo, 2 de novembro de 2014
Viajei pelo mundo (Fado)
Viajei pelo mundo
tanta gente conheci,
com um olhar profundo
muita alegria eu vivi
não sendo um vagabundo.
Vi dor em muitos rostos
pela vida amargurada
por tantos desgostos,
felicidade negada
pelo destino, impostos.
Aceitei sorrisos
e abraços fraternos
em momentos precisos,
que p’ra mim serão eternos
nunca faço juizos.
Muitos outros vi chorar
de alegria ou de dor,
tantos ouvi cantar,
de tristeza ou de amor
p’lo mundo em meu viajar.
José Carlos Moutinho
*Res.direitos autorais*
sábado, 1 de novembro de 2014
Quem és? (Fado)
Não sei quem és, nem de onde vens,
serás folha ou lamento,
diz o que de bom tu tens
serás sopro do vento
ou segredos que em ti conténs.
Tuas mãos são rosas
perfumadas de afagos
suaves mariposas,
olhos teus são dois lagos
teus seios doces prosas.
Ainda não sei quem és
e talvez nunca o saiba,
escondeste os teus pés,
minha acalmia acaba
condeno-te às galés.
Deixaste-me por fim
ver-te inteira e graciosa,
de lábios cor carmin
cara maliciosa
nunca vi um corpo assim.
José Carlos Moutinho
*Reserv.direitos autorais*
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Navego em mim
São sombras, são murmúrios
que me invadem o sentir
num silêncio doce de afago,
abraçam-me na minha solidão
e aconchegam-se na minha
alma!
Calam fundo as minhas
palavras,
aquelas palavras esmorecidas
pelas tardes vazias da minha
vida,
que perderam a voz da
serenidade
e se tumultuam em
inquietudes,
que só os luares dos meus
anseios
iludem com a utopia das
estrelas!
Alvoradas das minhas
Primaveras
nascem pálidas, cansadas,
sem sol,
turvadass pela luz diáfana
das quimeras,
perdem-se nas maresias sem
farol!
Navego em mim pelas veias do
meu rio,
fluxos vermelhos da minha
essência,
por vezes cálido, outros com
muito frio,
sou tenaz timoneiro da minha
existência,
desistir é fraqueza,
continuar é desafio,
encontrarei o remanso da
minha resiliência
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Tu me disseste fadista (Fado)
Ai se eu fosse poeta
faria a mais bela canção,
com flor em cada letra
do jardim do meu coração
p’ra minha amada secreta.
Fadista, eu não sei escrever,
Outro, deves encontrar,
tenho pena podes crer
mesmo assim eu vou tentar
pode até acontecer.
Um dia eu me aventurei
nem me saí muito mal,
era um fado em que falei
de amor, coisa natural
e com coragem cantei.
Bem sei que foi uma vez
tu me disseste, fadista
com alguma rispidez,
que eu não era letrista
parar, era o melhor, talvez.
Claro que fiquei triste,
procurei outro do fado
que visse o que não viste,
me deixasse animado
e me dissesse, insiste.
José Carlos Moutinho
*Reserv.direitos autorais*
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Horizonte da Finitude
Quando meu último dia chegar
ao horizonte da finitude,
Olhem para meu corpo
adormecido na doce eternidade,
Não critiquem meus defeitos,
enalteçam alguma virtude,
Nem chorem piedosos, se não
for um sentir com verdade.
Na serena e derradeira visão
do meu corpo sucumbido,
Cantem baixinho e pensem,
ali poderia estar um de vós,
Não desesperem é a canção da
vida, em fado cumprido,
Eu ali prostrado, silencioso
sem vos ver, inerte sem voz.
Se me olharem olhos nos
olhos, com simpatia e amizade,
Verão o brilho dos meus
olhos, definitivamente apagado,
Sobre aquele corpo defunto, há
uma outra luminosidade,
Invisível, cintilante, farol
de paz com que fui contemplado.
Peço a todos os presentes
desta festa de minha despedida,
Que eu não seja ausência
muito longa das vossas memórias,
Podem rir, se quiserem por
eu me ter pensado poeta na vida,
Não me acusarão de hipocrita
e de criar esperanças ilusórias.
Entre muitos choros, alguns
sorrisos e tristezas, deste evento,
Amanhã, será novo dia para vós,
menos para mim, sou nada,
Parti ontem para um lugar
maravilhoso, longe, no firmamento,
Talvez volte à terra, se essa
missão à minha alma for destinada.
José Carlos Moutinho
Sentimento (Fado)
O frio mordia
naquela escura noite,
o meu corpo sentia
dor como um açoite
na minh’alma que gemia.
Era de saudade,
mais que do frio,
ou talvez ansiedade,
e eu estava tão sombrio
naquela escuridade.
Adormecida a noite,
os raios da alvorada
despontavam com afoite,
chegava a madrugada
depois de triste noite.
Ciclo de vida e do tempo,
após o breu, vem a luz,
a cantar ou em lamento
tudo em nós se traduz,
em modos de sentimento.
José Carlos Moutinho
*Reserv.direitos autorais*
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
Ver esta publicação no InstagramUma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a