segunda-feira, 15 de abril de 2019

Lá no fundo, era um grande amigo (Reflexão)

Sei...
sei que um dia vão falar de mim,
tenho a certeza de que o farão
e sei que falarão
porque já cá não estou!

Então, quando eu não estiver...
serei uma pessoa fantástica, honrada,
por vezes, porém, dirão que eu era acutilante
pela minha frontalidade,
em dizer-lhes na cara o que eu pensava,
mas no fundo,
bem lá no fundo, era um grande amigo!

E os que assim falarem, são precisamente aqueles
que, quando eu cá estava, diziam mal de mim,
inventavam mentiras, pelas costas, obviamente,
porque pela frente não teriam coragem,
exactamente pela minha frontalidade em os afrontar
e repor as coisas nos seus devidos lugares!

Não...não é hipocrisia
o procedimento dessas pessoas,
é o seu normal, não sabem ser outra coisa,
mas como eu não estou cá,
marimbo-me para o que digam,
porque não sei se lá no sítio para onde vou
tenho a capacidade de responder
aos que cá ficam a falar de mim,
claro, refiro-me aos que,
efectivamente, inventarem mentiras,
porque os que disserem a verdade,
com a consciência tranquila,
não serão, talvez, muitos,
e se dissessem o que não sentem
demonstrariam
a sua total falsidade

José Carlos Moutinho
15/4/19

Viajo


...
Viajo em torno de mim
em busca da fonte milagrosa
que me sacie a sede
deste deserto
que me inventa miragens
e me torna viajante incansável
tentando desvendar o desconhecido
quiçá, impossível

José Carlos Moutinho
15/4/19

domingo, 14 de abril de 2019

Quero, porque quero

Quero porque quero



Quero esquecer as tardes cansadas
de desabafos desalentados
e dos ventos que, perturbados, uivavam,

quero esquecer as noites
de inquietas insónias
e das madrugadas exaustas,

quero esquecer os dias iguais a nada
e as ilusões perdidas na solidão
das areias da praia,

quero, enfim, esquecer tudo
o que foi frustração, desilusão,
fracasso, desamor e...
especialmente, quero esquecer
a juventude que me abandonou...

Agora, amadurecido pelo tempo,
quero sentir, não a ventania,
mas sim, a suavidade das brisas,

quero olhar a noite
e absorver a serenidade do luar,
contemplar a luminosidade
ténue das alvoradas,
sorrir ao sol dos dias efémeros
e abraçar a vida com gratidão,

quero, simplesmente,
porque quero
e porque, somente, o querer
tem a força da mente…

José Carlos Moutinho
10/4/19

Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor

sábado, 13 de abril de 2019

Confiança

Sou tronco resistente
de árvore envelhecida,
sou, talvez, sombra presente
de caminhante de alma esmorecida,
o tempo vai-me dando a coragem
que entrego às folhas de esperança,
minha vida é constante aprendizagem
que me ensina a sentir total confiança

José Carlos Moutinho
13/4/19

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Perfumes tropicais


Chega a mim um delicado cheirinho,
e tento descobrir o que será,
concentro-me mais um bocadinho
e certamente a descoberta virá,

Serenamente cheguei à conclusão
que o tal aroma era de manga,
foi com alegria e muita emoção
que recordei a minha Luanda,

Depois, foi o perfume de maresia
que me ia tomando o respirar,
pensei que fosse alguma mania
pois aquele perfume era de encantar,

Então como num louco vendaval
chegou à minha saudosa mente
as cores daquela terra colossal,
onde fui feliz e recordo eternamente

José Carlos Moutinho
11/4/19

Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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