sábado, 7 de maio de 2011

Dor



Apareces inesperada e silenciosa,
Sem ninguém sequer te convidar,
Deves ser mais airosa
E não vir assim atormentar.

Dor, tens um nome sonante,
Que rima com a palavra flor,
Mas se vens com esse ar provocante,
Ninguém te suporta, és um horror.

Se tropeçamos ou caímos,
Logo surges tu a irritar,
Esqueces o que sentimos,
Sofrimento difícil de suportar.

Dor, nome de bela fonética,
Apareces rápida ou lenta,
Estás no amor e na esquelética,
Mas sempre és uma tormenta.

Ah, dor, tu sabes que és odiada,
Não te preocupas, és indiferente,
Porque teimas em ser malvada,
Se poderias ser mais abstinente.

Dor, acutilante e insistente dor,
Também tens uma função,
Mostrar ao senhor doutor,
Que queres alertar para a infeção.

Mas o pior de ti, com essa calma
É quando provocas o amor,
Magoas e torturas a alma,
Sem te preocupares com a dor.

Enfim, no final de tudo isto,
Eu odeio-te, porque me magoas,
Nem que te implore por Cristo,
Ignoras por completo as pessoas.

José Carlos Moutinho


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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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