Sim...
Confesso que no meu peito
há uma inquietude que se aconchega
na saudade daquele outro tempo...
tempo ainda tão curto na minha existência!
Agora, na serenidade dos meus pensamentos
recordo o sol que me aqueceu a alma
e as ilusões que me faziam apaixonado,
lembro nostalgicamente as acácias vermelhas
que floriam as ruas e caminhos do meu sonhar,
sinto falta do mar que me acolhia e abraçava
e... jamais esqueço o cheiro de terra molhada
que se entranhou na minha essência...
Como poderei eu esquecer os amores
que me tomavam por inteiro
e me faziam sonhar,
sonhos irrealizados...
melancolicamente platónicos!
Sim...
De repente apeteceu-me recordar
os velhos e bons amigos das farras das garagens
e a solidariedade que ainda não era palavra vazia...
E… a inquietude do meu peito vai acalmando
ao fixar a imagem
do meu rosto adolescente,
como se pudesse voltar ao outro tempo.
José Carlos Moutinho
Portugal