segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

# Como poderei esquecer

 

Sim...
Confesso que no meu peito
há uma inquietude que se aconchega
na saudade daquele outro tempo...
tempo ainda tão curto na minha existência!
 
Agora, na serenidade dos meus pensamentos
recordo o sol que me aqueceu a alma
e as ilusões que me faziam apaixonado,
lembro nostalgicamente as acácias vermelhas
que floriam as ruas e caminhos do meu sonhar,
sinto falta do mar que me acolhia e abraçava
e... jamais esqueço o cheiro de terra molhada
que se entranhou na minha essência...
 
Como poderei eu esquecer os amores
que me tomavam por inteiro
e me faziam sonhar,
sonhos irrealizados...
melancolicamente platónicos!

Sim...
De repente apeteceu-me recordar
os velhos e bons amigos das farras das garagens
e a solidariedade que ainda não era palavra vazia...

E… a inquietude do meu peito vai acalmando
ao fixar a imagem
do meu rosto adolescente,
como se pudesse voltar ao outro tempo.

José Carlos Moutinho
Portugal

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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