segunda-feira, 6 de junho de 2011

Fraternidade em tons de luar




Quero soprar as pétalas das flores,
E fazer voar delas centelhas de ilusões,
Que permitam o sonhar de emoções,
Em tanta gente que nada tem!
Gostaria de sentir entre os dedos,
O ar que fizesse metamorfosear a esperança
E que das minhas mãos saíssem,
Flashes de uma luz inventada,
Que iluminasse a penumbra de tantos seres,
Alguns até em total escuridão!
Sentiria imensa alegria ao abrir os meus braços,
E deles brotassem a felicidade e a igualdade!
Ah…como eu gostaria que bastasse um sorriso,
Um sorriso só, dos meus e todo o mundo sorrisse!
Se eu gritasse …
E do firmamento caíssem como estrelas cadentes,
Pão para os de sorte esquecida
E luz para os de mente anoitecida;
Se em cada esquina que eu virasse,
Encontrasse um rosto com o brilho do sol
E em cada rua, de asfalto negro
Crescesse a fraternidade em tons de luar!                                               
Se o meu pensamento conseguisse a mutação
Do mal pelo bem, da tristeza pela alegria,
E da guerra pela paz,
Eu seria outro, seria feliz,
Por trazer a felicidade…
Mas sou tão-somente humano!

José Carlos Moutinho
5/6/11

domingo, 5 de junho de 2011

Centelha do amor




Um dia irei plantar violetas em Marte
E na Lua, orquídeas e rosas;
De Marte, colherei utopias
E quimeras, certamente virão da lua;
Pelos ventos espalharei ilusões,
Cultivarei amor na Terra
E semearei emoções pelas estrelas;
Farei do mar o leito onde dormirei as fantasias,
Navegarei nas ondas dos sonhos desejados,
Cantando canções de amor,
Numa nave feita de folhas de maracujá,
Sorvendo o néctar do seu fruto da paixão;
Escutarei o sussurrar do vento,
Dentro do meu peito
Nos sons dos instantes perdidos
E nas velas dos sentimentos,
Deixo-me levar pelo ondular
Do vibrar dos meus anseios;
Irei ao encontro do sol
Que com a sua luz de fogo,
Acenderá a centelha do amor
E deixarei o mar adormecer na areia.

José Carlos Moutinho
30/5/11

sábado, 28 de maio de 2011

E vi pobreza!



Nasci num dia ensolarado de primavera,
Livre, como todos os recém-nascidos,
Num país de liberdade algemada,
De sois melancólicos, opacos
E de luas escondidas pela penumbra;
De palavras proibidas
E vozes caladas;
De pessoas isoladas,
Porque mais que duas,
Eram um perigo!
E vi pobreza, no país onde nasci!

Vivi e cresci, rodeado de cor e luz,
De cheiros fortes de terra molhada,
De sons de batuques
E reco-recos encantados,
Fascinado pelo som melodioso do kissanje,
Que chorava o seu amor perdido!
Cresci, correndo por caminhos,
De chão vermelho e poeirento
Vivi e cresci,
Junto de gente com pele de outra cor,
Gente como eu, que riam e cantavam
Em liberdade e felizes,
Porque o sol brilhava, com todo o esplendor
E a lua embalava nas noites escuras,
Os acordes das batucadas.
E vi pobreza, no país onde cresci!

Também vivi em outro país,
Irmão daquele onde eu cresci,
Com sol e lua fascinantes,
Afastados no azul de um oceano,
Atlântico de seu nome,
Com gente que ria, que cantava
E enganavam os estômagos,
Com os sons do samba;
E que em liberdade,
Faziam da caixa de fósforos, tamborim
E vi pobreza nesse país, onde vivi!

José Carlos Moutinho



segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Natureza




Abraçam-se as nuvens, lá bem alto
E dançam num ritmo endiabrado
Cantam enquanto se rodopiam
E na sua loucura provocam-se entre si
Num atrito explosivo
Que lhes provoca lágrimas de alegria,
Que caem, por vezes abruptamente
E nos dias ensolarados, como que mágica colorida
Oferece-nos a delicadeza do arco-íris,
Que nos encanta
As lágrimas secam,
O Sol brilha mais forte e resplandecente
E o arco-íris permanece no seu deslumbramento
Como uma miragem
Numa quase circunferência de cor e luz
É natureza no seu esplendor
Que alimenta os nossos olhos com a beleza pura
Depois da evaporação, que se torna em algodão
Após afagos e apertos, carícias e outros mais
Este namoro transforma-se em condensação
E a terra é abençoada pela água da vida
Caída dos céus.

José Carlos Moutinho

domingo, 22 de maio de 2011

Saudade




De repente senti saudade
Do tempo em que não se tinha saudade
Era a época da juventude, da alegria
Vivia-se com vibração a cada dia
Não se pensava no amanhã
A paixão brotava dos poros, como seiva
Contida no suor de verão
Ria-se, por gosto e até sem razão
O amor estava latente em cada esquina
Nos jardins dos nossos encantos
As emoções transbordavam
O sorriso da morena que nos cativava
Ou da loira que se rebolava
Numa insinuação deliciosa de se ver
Havia ilusão, misturada na razão
No prazer e do sentir do coração
Naquele tempo em que não havia saudade
Um beijo valia como uma pérola
Um abraço, como a luz do sol
E a entrega, ai a entrega, era tudo
Era a lua, o sol o Céu o mundo
Era a eternidade e esquecer o resto.

José Carlos Moutinho

sábado, 21 de maio de 2011

Emoção e quimera




Agarro-me às ilusões inventadas
Na ânsia de as tornar reais;
Voo nas imagens dos pensamentos,
Olho o reflexo de mim em ti
E a tua imagem está vazia de mim;
As folhas que caem,
E que me tocam docemente,
Fazem-me sentir-te, ténue, como a luz,
Deste sol cansado de fim de dia!
É irreal e imaginado esse toque teu,
Não estás aqui!
Estiveste por um àpice
E foste-te com a luz do inverno
Célere, como os teus sentimentos;
Tornaste o belo em horrendo,
Foste fria e calculista;
E tu mesma foste vítima,
Da tua incompreensão;
A emoção que dizias sentir
Era na verdade falsa,
Não passava de simples quimera.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a