quarta-feira, 23 de maio de 2012
Metamorfose
Estou cansado, o meu corpo não obedece à mente,
os meus olhos recusam-se abrir,
caem-me os braços desfalecidos,
doí-me o rosto pela brisa que me sussurra,
congelaram-se-me as ideias,
as minhas pernas petrificaram-se!
Sou um ser quase morto,
ou serei um ser quase vivo?
Só sei que me deixei cair nesta prostração
e que não quero sair!
Não existo mais, sou uma pena flutuante,
o mundo esqueceu-me
e eu consegui esquecer o mundo;
Não ouço mais nada, não quero;
Não vejo, nem me interessa;
Não posso abraçar, não tem importância,
estou só, não tenho a quem abraçar;
Para quê caminhar,
se não há mais caminho para mim,
que fiquem petrificadas as minhas pernas!
O corpo está cansado,
a mente congelada está vazia,
foram-se os pensamentos!
Os olhos humedecem-se na escuridão
e os braços caídos,
não conseguiram acariciá-los!
A respiração é lenta, inaudível,
não sinto mais a brisa,
que me doía o rosto,
talvez eu não esteja mais aqui,
sinto-me em elevação,
creio-me voar,
vejo luz,
talvez tenha encontrado o meu caminho
José Carlos Moutinho
terça-feira, 22 de maio de 2012
Na aurora das emoções
Despertas-me na aurora dos
meus sonhos,
com palavras de amor,
no sussurrar da tua
melodiosa voz,
que me delicia e me faz
deslizar por marés de prazer,
em ondas de excitação!
Tocas-me com as tuas mãos de
veludo,
sinto um doce arrepiar
de sensação relaxante!
Quando fazes do teu corpo
escora do meu,
ferve-me o sangue em veias
de emoções;
A pele explode em
transbordante lava,
o coração bate desatinado,
a cabeça perde a razão,
os reflexos afrouxam-se nos
abraços,
o teu respirar é o meu
respirar!
Os nossos corpos fundem-se
num só,
pernas entrelaçadas,
movimentam-se em suaves
caricias;
Abraçados, acariciamo-nos
em suaves suspiros,
ou em rápidos e fortes
apertos
de intensa volúpia!
As nossas bocas devoram-se,
num beijo de sufocante
eternidade,
com as nossas línguas em húmido
duelo!
Rodopiamos perdidos no tempo,
banhados no suor do deleite!
Exaustos, aquietamos os
corpos,
na exaltação da mente.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Imaginação
Amor, quando me penso em ti,
Imagino um mundo de doces
emoções,
em vontades sem limites
faço-te subir pelas nuvens,
onde tocas as estrelas em espasmos
de prazer!
Fazes da noite, dia
Em cada abraço meu;
No calor do nosso copular,
o sol explodiria de inveja
e nós simples mortais,
seriamos vulcão,
que derramaria lava pelo
leito da nossa paixão!
Os pensamentos libertinos
voariam
em devassas sensações,
em sinfonias de desejos tresloucados,
atingiríamos a lua que
tocaríamos em êxtase!
E, quando na quietude dos
movimentos,
antes sôfregos,
voltaríamos abraçados ao
luar,
parceiro da nossa acalorada
refrega
e, no sossego do suor que
nos escorre,
faríamos do beijo que nos
sufoca,
a acalmia para a próxima emoção.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Entre folhas secas
Observo as folhas caducas e
ressequidas,
que se alojam aos meus pés,
impotentes na sua debilidade,
antes vibrantes, agora empalidecidas!
Esvoaçam na ténue brisa,
entrelaçam-se entre os meus
dedos,
como borboletas esvoaçantes
em cores matizadas
que o tempo pintou!
Os meus pensamentos voam
colados nas folhas leves que
se afastam de mim,
vagueiam por entre luares de
magia,
levam a paz da minha alma
e as cores da paixão que me
toma o coração.
Sentado entre as árvores
despidas
de um Outono imaginado,
que se faz Primavera,
na minha vontade em ti,
sorrio-me imaginando os teus
beijos,
feitos ausentes,
que virão nos perfumes da
Primavera
e levarão este Outono da
saudade,
para o horizonte das minhas
memórias.
Sossego-me nesta bucólica
imagem
de sereno pensar,
que me traz instantes
vividos,
em dias de sorrisos solares
e noites de luares cantados.
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Os teus olhos
Quando as tardes se mascaram de noites
E enganam a saudade de ti
Na melancolia que me sufoca,
Luto por resistir à sensação de breu,
Que me invade a alma
E deixo-me vaguear pelo luar,
Que me traz cintilações de fascínio,
Como os teus olhos...
Mudam-se-me os pensamentos,
As minhas recordações revivem
Momentos passados,
Em que tu me incendiavas,
Com um simples olhar,
Desses teus belos olhos
E te entregavas numa doce volúpia,
Que nos deixava perdidos
Na escuridão que perfumava,
O espaço da nossa paixão,
Iluminado pela luz deslumbrante
Dos teus belos olhos...
Onde as noites se mascaravam de tardes
E enganavam as saudades,
Que eu viria a sentir de ti.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Mãe
Porque para mim, MÃE, não tem um dia definido, coloco esta prosa, para o demonstrar:
********
MÃE
Mãe, tenho saudades de ti!
Bem sei que estás em paz lá no azul do céu, rodeada de anjos que te protegem!
Mas tenho saudades do teu sorriso, do teu jeito de me dar carinho; Não
eras do género de abraçar, mas tinhas o teu coração pendente de mim.
Pensavas-me a todo o momento, preocupavas-te com o que me poderia acontecer!
Sabes...recordo os teus cabelos brancos, como neve numa montanha de
amor, amor sim, mãe, tu eras amor, até mesmo quando me ralhavas, o que
era tão raro.
Vivemos pouco tempo juntos, a vida quis separar-nos e,
embora perto geograficamente, estávamos distantes no convívio do
sorriso, da piada.
Gostavas de ser irónica, mãe, sempre com aquela piadinha inofensiva, porém, inteligente!
Tenho saudades de ti, mãe, sei que me esperas, embora não desejes que eu me reúna a ti tão cedo.
Viveste aqui, neste espaço terrestre por longos anos, partiste com
noventa e um anos, numa noite, enquanto dormias, serenamente, como
sempre foi a tua postura enquanto ser físico e, agora em outro espaço, o
espiritual, a tua serenidade e bondade serão mais acentuadas,
certamente. Quem parte deste mundo da maneira que tu partiste,
tranquila, num não mais acordar, como um passarinho, só pode ter
cumprido a sua missão de bem, na Terra!
Mas não posso deixar de sentir saudades de ti...
Sabes mãe, ainda me recordo daquela vez, que tu, por castigo, me
quebraste o carrinho de rolamentos. Confesso que fiquei muito triste e
zangado contigo, mas, mais tarde senti que o fazias por amor, pela
preocupação que te ia na alma, pelo que acontecesse ao teu menino.
Que tempos bons, nós passámos na minha meninice. Estou-te muito grato
pelo que me deste, por me mostrares como enfrentar a vida, com
honestidade. Eu aprendi a tua lição, segui os teus conselhos.
Gostava que estivesses aqui agora, ao meu lado, para te dar um beijinho e
pedir-te desculpa por, talvez, não te ter dado os beijos que merecias.
Mas sabes, quando somos jovens, somos irreverentes, desligados e,
depois, quando temos uma outra vida e somos pais, não temos tempo para
dar beijos à mãe. Que injustiça, mãe, por termos este comportamento. Mãe
é única, insubstituível e devia ter beijos e carinhos todos os dias.
Agora é tarde, mãe, prometo-te que quando estivermos juntos te beijarei e
abraçarei e não me afastarei mais de ti.
Até um dia, minha querida mãe, aceita um beijinho enorme.
Ah, já me esquecia, minha mãe, estás contente com os teus bisnetos, são lindos não são?
Só podiam ser, pois o pai deles, o teu neto é um belo rapaz e a tua
neta é linda, ela ainda não te deu bisnetos, mas se Deus quiser isso vai
acontecer em breve... (não digas nada, é segredo)
Afinal mãe, segui bem os teus conselhos, cumpri a minha missão neste mundo.
Tudo graças a ti, que foste a melhor mãe que eu conheci, porque és MINHA!
José Carlos Moutinho.
domingo, 6 de maio de 2012
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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