domingo, 19 de junho de 2011

As ideias não surgiam




Sentei-me de frente do computador,
Abri o Word, tentei escrever algo
Mas nada de ideias!
Por mais que tentasse, nada surgia
Pensei em coisas dantescas;
Tenebrosas até e comecei a escrita;
Não gostei, apaguei e recomecei
Mas na verdade nada fluía do pensamento!
Insisti, porque não sou de desistir
Assim logo à primeira
E fui jogando palavras, para que o meu cérebro
As passasse para os meus dedos
E estes por sua vez, batendo no teclado
Enviava-as docemente para o computador,
Que se alegrava, com o que ia nascendo;
Afinal, já acreditávamos que alguma coisa viria,
Acreditávamos, eu e o computador
Porque ele também estava descrente;
E ficámos imaginando o amor, vagueando
Por aí, sem rumo, mas sempre em paixão;
Inventámos brisas que acariciassem os desprotegidos;
Criámos sóis, para que aquecessem os esfarrapados;
Moldámos luares, para que iluminassem
Os namorados, que pelos parques se escondiam
E que se deixavam extasiar em seus beijos
Até nos lembrámos de criar um novo Universo,
Em que todos fossem iguais e felizes.
Conseguimos escrever, não foi difícil!

José Carlos Moutinho

sábado, 18 de junho de 2011

O nosso amor de agora




Os teus cabelos grisalhos
Deslizam entre os meus dedos,
Num prazer sem palavras,
Abraçado a um silêncio de êxtase,
Partilhado por este momento único
De inolvidável sensação!
Emoções exaltadas, que se soltam
Numa serenidade de inventado sonho;
As nossas carícias parceiras de longos anos,
Fazem-nos recuar ao mundo das ilusões,
No tempo em que as horas eram minutos;
E em que os dias corriam velozes,
Galopantes, deixando-nos em aflição;
Escoava-se a jovialidade, a loucura irreflectida
Da paixão efervescente, como vulcão,
Do fogo que nos exacerbava o desejo;
Dos beijos sufocantes, intermináveis
E os bailes, em que nos tornávamos um só corpo,
Em total deleite e perda da noção do tempo!
Agora, são momentos de acalmia,
Vivemos o nosso amor de outro modo,
Restando-nos a deliciosa saudade.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Vento das minhas miragens




Na nuvem negra que desce sobre a montanha,
Julgo visionar moinhos de vento
De velas soltas,
Ao vento das minhas miragens;
Os longos mastros, como braços gigantes
De imaginárias figuras exóticas,
Que me levam a um alucinado estado
De discernir, como se algo esotérico
Me empurrasse para uma visão surreal,
Obrigando-me a não desviar o olhar,
Como se estivesse enfeitiçado
Pela figura de uma bela mulher,
Que desponta daquela estranha cena;
Surge bela, elegante de seios soltos
Acariciados pelo vento,
Numa postura de provocante sensualidade;
Fascina-me pelo inesperado
E faz-me pensar se sonho,
Ou se entrei em algum estado de letargia;
Quiçá, esteja perturbado pelo desejo
De querer uma imagem assim!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Mar de girassóis




Levo-me no sopro do vento
Por esta estrada de quimeras,
Que serpenteia pelo mar de girassóis,
Tal galáxia de vários sóis,
Nesta minha visão mirabolante,
De um mundo de fascínios;
O dourado das suas pétalas,
Que rodeiam o seu coração,
No receptáculo de coroas celestiais,
Suportadas pelos caules que oscilam ao vento,
No deslumbrante verde das suas folhas,
Por onde deambulo, floresta imaginada
E como se fosse o paraíso, relaxo
Numa acalmia que me alucina;
Elevo-me numa sensação de paz
E envolvo-me em pensamentos soltos,
De emoções belas e vadias,
Livres nas fantasias e ilusões,
E voo nas plumas do sentir a vida.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não desistirei




As musas abandonaram-me,
Deixaram-me sem inspiração.
Procuro a fonte das águas que espelhavam
O reflexo das minhas ideias
E não encontro nada!
Somente uma fonte que secou,
Pela aridez dos ventos frios,
Vindos do norte das desilusões!
Sento-me de frente para a fonte,
Indago daquela indiferença para comigo
E recebo o silêncio como resposta,
Numa arrogante atitude de desprezo.
Abandono-a e vou em buscar do mar,
Quem sabe se as sereias me indicam algum caminho,
Onde eu encontre as letras que tanto preciso?
Mas nem as sereias me atendem,
Dizem que estão ocupadas
Com outros poetas maiores.
Ainda mais me entristeci, mas não desisti!
Ficar aqui, neste deserto, sem ilusões,
Que não me despertam as emoções,
É como sentir falta do ar que me faz viver.
Quero ir em buscar dos sonhos,
Voarei nesta brisa, que me tocou de leve
E certamente chegarei ao que quero.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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