Dispo-me dos fragmentos
dolorosos da vida,
Abraço-me aos instantes
feitos sonhos
E deixo-me levar nas ondas
de um novo sentir;
Esqueço a escuridão de
nuvens passageiras,
O sol que desponta em aurora
luminosa,
Afaga-me o coração,
Acalentando-o do frio de
invernos passados!
Olho o firmamento
E numa ilusão quimérica,
Sinto-me com uma pena
Que voa livre, indomável e
sem destino!
Sigo o ritmo das marés
solares,
Penetro em mares estelares,
Mergulho na suavidade das
águas voláteis,
Descanso serenamente nas
rochas lunares!
Reparo num ponto infinito,
Insignificante que vislumbro
lá longe,
Quiçá seja a Terra que me
chama,
Recuso-me retornar,
Não quero voltar ao
desassossego da alma,
Muito menos às dores do
corpo,
Nem tampouco aos dissabores
Que nos causam os humanos!
Semicerro os olhos,
O Luar envolve-me,
Suspiro...
Toco com os meus pés
O chão da Terra!
Despertou-se o sonho.
José Carlos Moutinho