quarta-feira, 8 de julho de 2020

Recordo-te, mãe




Estás sempre presente em mim, mãe! 
teus olhos eram lagos cintilantes 
onde eu mergulhava a minha inocência: 
luz do meu caminho, 
ternura da minha segurança, 
teus braços tuas mãos eu fazia leito da minha acalmia 
e a tua voz melodiosa, doce, fazia sentir-me sempre criança! 

Tenho saudades de ti, mãe. 
Bem sei que lá do alto, 
uma estrela maior continua a brilhar, 
não a distingo dos milhares que lá no céu cintilam, 
mas sinto-a, mãe, 
sinto-a no ardor dos meus desatinos 
dessa luz de ti, 
recebo a força para continuar a navegar 
ainda que enfrente marés de inquietude 
sei que tenho em ti, o meu porto de abrigo. 

Tenho saudades de ti, mãe. 

Não te dei o carinho que merecias… 
pois de ti recebi tanto amor, tanta compreensão 
o teu coração era feito de bondade e amor, mãe! 
Foste benevolente e tolerante, 
mesmo nos instantes em que a revolta podia ter mais força... 

estende-me os teus braços mãe, 
e deixa-me neles repousar 
quero adormecer com o murmurar da tua voz, 
estou cansado, 
cansado desta estrada sem rumo, 
deste deserto de mim 
e da bruma perdida na miragem do meu tempo. 

Estou cansado mãe! 
Cansado deste tempo que me domina, 
embora o tempo seja nada, que o próprio tempo ignora, 
tenho saudades e estou cansado, mãe!

José Carlos Moutinho
In "Calemas"
agora também em e-book

domingo, 5 de julho de 2020

PEDRAS DA CALÇADA

Dá-me um beijo


Dá-me só mais um beijo 
minha querida linda morena, 
satisfaz-me este meu desejo 
vontade que não é pequena

Afinal que te custa um mais 
foram tantos os que me deste, 
teus beijos são doces florais 
das emoções que me teceste

Vá lá, não sejas assim vaidosa 
a não ser que não me queiras, 
ainda ontem estavas amorosa 
sob o perfume das laranjeiras 

José Carlos Moutinho 
5/7/2020

sábado, 4 de julho de 2020

Que não te disse

Não sei das palavras que não te disse,
o tempo levou-as na aragem do deserto
em que nos transformaste,
por vezes, parece-me ver-te em miragem,
mas quando fixo o horizonte,
já não te recordo,
sinto-te nuvem de alvura perdida,
vento em desalinho
e muito raramente, brisa,
ou onda perfumada de cheiro de mar
que foste...

ficaste-me na lembrança
pelo que não te disse,
porque as palavras esfumaram-se
quando nos ausentamos
dos abraços

4/7/2020

#Poema à vida

Poema à vida, que enalteço agora 
por tudo o que ela me tem dado
que a felicidade não vá embora
continue eternamente a meu lado

Os caminhos colocam-se a nós
temos de os escolher serenamente
entre os que são contra ou os prós
procurando conviver com boa gente

José Carlos Moutinho
4/7/2020

sexta-feira, 3 de julho de 2020

O mal não estava na gaivota

Perguntei à serena gaivota
que no meu quintal descansava,
o que fazia ela à minha porta
se até ao mar, muito distava

Ela olhou-me, achando-me idiota
por lhe colocar aquela questão,
porque, se não fala, a gaivota
como poderia responder, então

Levantou voo a gaivota a grasnar,
ignorando-me com tal displicência
que, confesso, me deixou a matutar
se eu estava imbuído de demência

José Carlos Moutinho
3/7/2020

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Outros tempos

Respiravam-se ilusões
sonhava-se de olhos abertos
fervilhavam as emoções
caminhava-se por desertos
quando eram escusa as paixões

Eram muitos os sentimentos
que a juventude acalentava
alguns feitos de tantos lamentos
outros, belos que a alma cantava
fugazes, porém, levados pelo ventos

2/7/2020
Foto tirada de um 7º andar da Avenida Marginal, 
com a Baía de Luanda ao fundo


NAVEGAR EM ÁGUAS DE SONHOS

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Era...

Era um tempo de perfumes de coco, manga e maresia
que se colavam nos sonhos de juventude
de onde brotavam paixões e amores
alguns realidade, outros platónicos
era um tempo de inocência e rebeldia
de atrevimento e timidez.

Era...foi...tudo acabou,
aconteceu mutação provocada pelo tempo,
sem retorno e que, inexoravelmente,
vai a caminho do desconhecido....

1/7/2020



terça-feira, 30 de junho de 2020

O poema é o que o poeta quiser

Não sei se escreva poemas
ou, talvez me dedique à pintura,
quando entendem que os temas
são queixas com alguma tortura

Assim, uma vez mais vou dizer,
poesia é sorriso e choro do poeta,
como tal o tema não tem que ser
o que o leitor pensa e arquitecta

Não escrevo as minhas dores
pois não me exponho ao mundo,
os poemas são espinhos e flores
alheios a mim, não me confundo

Então ao lerem a minha escrita
não se compadeçam de mim,
não sofro de qualquer desdita
pensem-me em constante festim.

30/6/2020

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Palavras que falem

...
Gosto que as palavras me falem
apesar de serem tão silenciosas
deixam que os versos não calem
poemas de estrofes harmoniosas

jcm
29/6/2020

Caminhante

...
Caminhante da vida que passas altivo
quem te pensas, humana pessoa
pois, não és nada mais que um silvo
da passagem do tempo que por ti voa

jcm
29/6/2020

Choram as aves

...
Porque choram as aves
se o sol ilumina os dias
o luar tem azuis suaves
e as cores são luzidias?

jcm
29/6/2020

sábado, 27 de junho de 2020

Tez morena

Calavam-se as palmeiras
quando por elas, passava,
tantas eram suas maneiras
que a todos ela ofuscava

Era bela de tez morena,
cabelos negros de azeviche,
não era alta nem pequena
mas provocava doce fetiche

A sua beleza parava o mundo
quando caminhava a gingar,
ai, o seu perfume tão profundo
deixava toda a gente a suspirar

Faz tanto tempo que não a vejo,
talvez tenha casado ou não
juro, adorava dar-lhe um beijo
só para saber qual a emoção

27/6/2'020

TEMPO DE MERENGUES

domingo, 21 de junho de 2020

ABRAÇA-ME

Asas dos sonhos

Voar nas asas dos sonhos
será de felicidade ou de dor,
se os sonhos forem risonhos
certamente cantarão o amor

Se os sonhos forem desatino
nossa mente pede salvação,
ansiamos sair daquele destino
que sufoca nosso pobre coração

Ai os sonhos, coisa estranha,
indefesos, não os controlamos,
se dormirmos usam a façanha
de nos usar e não reclamamos

José Carlos Moutinho
21/6/2020

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Não grites

Não grites ao vento 
ele ignora-te, simplesmente, 
e depois gritar não é bonito, 
sorri-lhe e verás que o vento 
se tornará brisa, só para te beijar,

os ventos são os braços do tempo 
que te desejam abraçar, 
a brisa, o beijo que sacia 
a fome do teu desejo

José Carlos Moutinho 
17/6/2020

terça-feira, 16 de junho de 2020

MÃOS DO TEMPO

As palavras são o que quisermos

Não sei se perco meu tempo
ou se o ganho em escrever,
onde estou nem ouço o vento
por isso não vos sei responder

Escrevo, escrevo sem parar
como se o tempo acabasse,
será uma maneira de curar
esta paixão antes que passe

Por vezes, coisas sem graça
como se graça eu pretendesse,
então faço disto uma chalaça
se por acaso ninguém a lesse

José Carlos Moutinho
16/6/2020

domingo, 14 de junho de 2020

Aqui me confino

Porque ainda aqui me confino
queria escrever um poema
mas se eu sempre desafino
como conseguir encontrar tema...

Assim, deste modo me acato
fico somente com estas estrofes
não quero escrever ao desbarato
nem sequer ficar sem os bofes

José Carlos Moutinho
14/6/2020

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a