Enrolo-me no silêncio que me ensurdece;
Deixo-me embalar pelo vento, que sopra
Suave, e que penetra pela janela.
O breu do céu, turva-me os olhos,
Os pensamentos galopam até mim.
Vagueio na solidão da tua imagem,
Que me sufoca, pela tua frieza.
Penso-te no beijo que me recusaste,
Mas os teus lábios, sedentos de prazer,
Desmentiam a tua vontade,
Eu sabia que me desejavas também.
Na minha mente, tu continuavas a desfilar,
Na tua imponência e beleza.
Estonteavas-me, quando te tocava,
Mas tu mostravas displicência,
Quando a tua vontade era de entrega.
A arrogância da tua vaidade,
Não te mostrava o óbvio,
Tu sem mim, serias só uma mulher,
Comigo, serias não só uma mulher,
Mas uma mulher amada.
José Carlos Moutinho