quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Adeus Outono, Sê bem-vindo Inverno!
O chão atapetado e colorido
Obtido da paleta matizada,
Das tuas folhas caducas,
Desmaia-se no frio, que vai surgindo
Soprado pelos ventos do norte,
No solstício de Inverno;
Deixaste as árvores nuas, de braços vazios,
Perdeste a beleza que emoldurava,
As alamedas da vida;
Transformaste-te em outra estação,
Neste curso do tempo imparável!
Outono, de nostálgicos encantos,
Partiste num dia ensolarado,
Numa despedida derradeira,
Mantendo a tua dignidade,
Numa temperatura acolhedora;
Cumpriste a tua missão,
Cedeste o lugar a outro tempo,
Neste tempo que nos devora!
Até breve, Outono
Esperamos encontrar-te por aí,
Pelos caminhos da saudade,
Não te esqueças de nos trazeres
A tua simpática nostalgia
E tenta chegar harmonioso,
Como foste este ano!
Que sejas bem-vindo Inverno,
Faz por seres benévolo,
Que a tua passagem por nós, seja suave
Como a delicadeza da tua alva neve,
Que cristalina, nos embeleza os dias,
Não sejas violento.
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Mundo desigual
Invento-me nestes dias de frio,
Tento ter a alma descomprometida,
Mas a realidade é um desafio,
O que eu sinto é uma agonia.
Gente perdida, sem teto, nem rumo,
Deambulam por escarpas de pobreza,
Buscam com esperança o aprumo
E só encontram a vil avareza.
Mundo este tão cruel e desigual,
Mão que se estende pedindo pão,
É olhada com desdém, como animal.
O sol nasce, apagado para quantos?
Uns com conforto, outros, solidão,
Muitos com alegria, dor para tantos!
José Carlos Moutinho
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Renasce a esperança
Os ventos desfalecem nos caminhos da desconfiança,
Onde se fazem presentes,
Sorrisos de perturbante falsidade;
Palavras belas e fascinantes por detrás da inveja,
Amizades inventadas que nos tocam a alma,
Mas bem rapidamente se desnudam
E nos infligem, bem lá no fundo do nosso sentir,
Profunda dor pela mentira!
Porém a cada dia, a alvorada cintila,
E renasce a esperança,
Das boas intenções da humanidade,
Porque o querer das vontades,
Consegue sobrepor-se às perturbadas mentes,
Da maldade e da ignomínia!
A terra gira sem parar
E a cada rotação, o sol acalenta corações frios
E o luar ilumina a alma do desatino;
As aves chilreiam melodias de advires
Pelo altruísmo, raro, mas sentido,
No carinho do abraço aos desafortunados,
Deste mundo louco de contradições,
Em simbiose de amores e desencantos.
E as nuvens brancas aconchegam-nos,
Na sua majestosa alvura,
Iluminadas pelo brilho das estrelas
De prenúncio de um novo sentir
E nessa doce ilusão...
“Renasce a esperança”.
José Carlos Moutinho
sábado, 17 de dezembro de 2011
Eras tu
No silêncio das horas que voam,
Dispo-me das tristezas,
Entro nas minhas memórias
E sinto as tuas carícias,
Em noites enluaradas do nosso querer!
Sorrio-me no prazer dos teus beijos sentidos,
Naqueles momentos de doce ilusão;
Abraçados numa entrega de deslumbrante prazer,
Acompanhados pela luz estelar,
Que nos iluminava a alma,
Despertada da sua acalmia
E nos fazia delirantemente vibrar!
O calor irradiado das tuas palavras,
Que aos meus ouvidos
Os teus lábios murmuravam!
O tempo esquecia-se na nossa indiferença,
Pelo nosso tempo assumido em nós;
Os teus braços envolviam-me
Em elos de emoções;
Mergulhava em teus olhos
E perdia-me no fascínio do azul celeste;
Tu eras a sensação do paraíso
E a louca perdição do meu viver;
Tu...
Eras tu, a minha amada amante.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Sensações
Permito levar-me por esses verdes campos
Ornamentados pelo matizado de belas flores silvestres,
Oscilantes na caricia do beijo da brisa, que as afaga
E se aconchega aos pés das árvores altaneiras,
Guardiãs de tanto e efusivo colorido!
O Sol completa a beleza desta tela,
Iluminando a paleta das cores que a natureza inventou!
Lá longe, avisto os cumes de duas montanhas,
Lembram-me os seios de uma mulher em lasciva pose;
Este silêncio que me envolve,
Transforma-me...Deixo de pensar!
Aquieto-me no murmurar melódico das aves,
No desafio de melhor sinfonia;
As flores libertam as suas fragrâncias,
Que me invadem no sentir da minha alma;
Os ramos das árvores agitam-se num bailar
De fascinante encanto!
Sinto-me na ilusão de doce quimera,
Semicerro os olhos...
Quero guardar esta visão singular para sempre.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Ms é Natal...
Dezembro, mês frio especial,
Porque é de festa,
Dizem que é o mês do Natal...
E este, significa amor, partilha e união;
Paradoxo...
Se afinal, tantos têm fome,
Sem uma côdea de pão para comer;
Quem se lembra desses seres de Deus,
Em corpos que se enregelam,
Embrulhados em mantos de morte,
Pela carência de abrigo e alimento?
Gente enjaulada por ideias humanitárias,
Injustiças criadas em nome de Deus,
Por este mundo... De Deus!
Mas é Natal...
Nasceu o Menino-Salvador,
Enviado pelo Divino,
Para que servisse de exemplo.
Exemplo de quê?
Da ignorância, da maldade e do egoísmo?
E são estes, que festejam esta data, com fervor,
Assim as suas consciências,
Acham que não têm culpa
E se livram desse estigma;
Ai, Mundo este, de gente estranha!
Mas é Natal....
Mas é Natal....
Que importa os que morrem de frio e fome,
Se houver abundância e fogueira acesa,
Aquecendo os lares dos privilegiados?
Importa sim, consumir desmesuradamente...
E bastava a dádiva,
De uma mísera moeda em cada presente,
Para que milhões sentissem calor,
No estômago e na alma,
Pelo menos nesta data festiva!
Mas é Natal...
Aleluia!
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Céu azul
Contemplo o céu, fascinado
Pelo azul imensamente belo;
Deslumbra-me a imensidão do infinito espaço
E me reduz a uma infinita expressão do nada!
As nuvens movimentam-se em bailados
De fantástica coreografia;
Brancas, pombas alvas da paz,
Na quietude do tempo que sorri,
Acariciadas pelo brilho do astro rei!
E é nesta visão, serena, que me acalma,
Ao mesmo tempo que me alerta,
Para as nuvens negras, tenebrosas e ameaçadoras
De tempestades de forças diluvianas...
Mas agora, aqui, neste momento,
Só quero sentir a ilusão do belo eterno
Que me é oferecido,
Neste quadro de singular perfeição,
Onde as cores são distintas
Das inventadas pelos homens;
Aquelas têm um brilho irreal, esotérico,
Que nos atraem e nos elevam espiritualmente,
Para um outro espaço extasiante de emoções.
José Carlos Moutinho
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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