quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A paz do poeta



As palavras soltam-se,
Deslizando na ponta da pena,
Definindo emoções e sentimentos,
Podem tornar-se acutilantes ou doces!
As palavras transcrevem a alma do poeta
Que deixa espelhar os seus momentos;
As palavras podem ser agrestes e terríveis
Na inquietude do poeta;
Adquirem toda a beleza do ânimo
Se este está feliz!
É nesta conjugação de estados de alma,
Que amor e paixão assumem lugar de destaque!

A paz está com o poeta,
Se as palavras sorriem…
E ele voa nas asas da ilusão;
Quando os seus sonhos acariciam as palavras
Que beijam o papel,
Num frémito de prazer
E o fazem esquecer a escuridão
Das noites de angústia,
Para ser iluminado pela aurora das emoções!

Aí sim, o poeta está em paz,
Porque a sua alma sensível está bem!


José Carlos Moutinho

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Quero-te



Quero sentir o teu beijo,
Que me pedes suave, devagarinho,
Ter o gosto da tua boca na minha;
Sentir a tremura do teu peito,
Que se aperta no meu!
Relaxo ao toque da tua mão, que me acaricia,
Enquanto nossas línguas se digladiam
Num mistério extasiado de prazer;
Quero ter-te apertada em mim,
Emoção tantas vezes sentida
E sempre loucamente desejada!
Quero entrar em ti,
Seres corpo do meu corpo,
Quero-te como minha rainha
E eu o teu escravo deliciado com a volúpia,
Que me proporcionas docemente!
Quero escutar os teus gemidos roucos de desejo,
Adormecer no teu sonho
E acordar na doce emoção da paixão.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Preconceito e petulância



Que mundo este onde preconceito
Ofusca a tradicional verdade,
Fazendo da falsidade preceito,
Mentindo com tanta autoridade.

Serão arautos da sabedoria,
Em dementes cabeças vazias,
São petulantes com a ousadia
De mudarem o real em utopias.

E nas suas consciências ocas,
Pensam-se catedráticos da razão,
Quando as atitudes são poucas

Pavoneiam-se alardeando saber,
Que na verdade é pura ilusão
E vontade excessiva de ser!


José Carlos Moutinho

domingo, 8 de janeiro de 2012

Memória nostálgica (De Luanda/Angola)



Vai-se o tempo esvaído nos minutos que correm,
Vem a saudade, cada vez mais intensa
Nos segundos que nos restam;
À memória, surge forte a lembrança
Do bulício alegre da “mutamba”
No vai vem dos “machimbombos”;

Recuo em mim, sinto-me nos “musseques”
Impregnados de fortes odores,
Olvidados nas farras de rebita,
Prolongadas pelas longas noites tropicais
E nas místicas batucadas de outras noites;
Quisera ouvir novamente,
O gemido pungente do “kissange”!

Ah...Como relembro a gritaria das “quitandeiras”
Enroladas em panos coloridos, feitos vestidos,
Apregoando os “cacussos”
As “lavadeiras”, de trouxas de roupa à cabeça
Gingando, descalças pelas ruas;

Saudoso degustar dos chocos grelhados do “Bitoque”
As “sandes” quentes de presunto do “Baleizão”;

“picadas” a perderem-se de vista,
Adormecidas na terra vermelha,
Onde as chuvas faziam exalar
Cheiro único de terra molhada;
Aos meus olhos aparece como uma real visão,
As imensas matas de luxuriante vegetação,
Os cafezais com o seu fruto vermelho;
Extensões eternas de verde do sisal,
Perdidas na lonjura;

Ai, saudoso fascínio olhar o mar
E admirar o sol a esconder-se
Em lânguida mansidão,
Espalhando as suas cores quentes deslumbrantes,
Multiplicadas nas ondas brilhantes do Atlântico;
As praias de belas areias da Ilha de Luanda
Que nos acolhiam
E nos mergulhavam nas suas belas e tépidas águas;

Esta tela multicolor de memórias
Ficou na saudade de um viver que se foi,
Acordado na lembrança de hoje.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Murmurar das ondas



Chora-me a alma,
No mar que embate nas rochas das minhas mágoas,
Por onde escoam lágrimas da minha saudade,
Das paixões vividas e sonhadas,
Em quimeras tantas vezes imaginadas,
Que o tempo deixou esmorecer!
Imagino-me a falésia,
Sofrendo a agressão da água da minha tristeza
E nem o brilho do sol,
Aquece a minha nostalgia,
Refletida no dorso deste mar azulado,
Abraçado e beijado pelo céu, lá longe no horizonte!
Deixo-me levar no murmurar das ondas,
Que me sussurram palavras de esperança
E me exortam a sentir a carícia da espuma,
Despertando os meus dormentes sentidos,
Para a busca de novas emoções.

José Carlos Moutinho


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pensando quimeras



Este Inverno que me visita,
Trouxe-me a saudade
Da Primavera dos teus beijos,
Desenhados em pétalas vermelhas
Dos teus sorrisos de gardénias
E nos teus abraços aconchegantes,
Embrulhados em aromas feiticeiros,
Que me inebriavam docemente
E me faziam abandonar-me em ti,
Nas carícias dos teus esguios e sedosos dedos!
Mesmo com as folhas cansadas,
Que caiam com a chegada do Outono,
Não me fizeram olvidar a tua tez,
Agora matizada no sol que enfraquecia
E lentamente se tornava alva,
Na candura do teu ser,
Iluminada pela nascente alvorada,
Tornando-te ainda mais sensual!
E agora com o tempo frio,
Deste Inverno que me abraça,
Quero voltar a sentir o teu calor,
No afago do teu corpo fundido no meu
E novamente...
Deixar-me abandonar em ti.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cosmos insatisfeito



Flutuam poeiras no céu azul,
Escondem partículas de sonhos,
Que vagueiam no espaço vazio,
Fugindo das desilusões!
O sol atinge o seu clímax,
Irradia calor que afaga esperanças;
Cintilam raios como flechas de cupido,
Solta-se o amor em cristais;
No horizonte o céu prolonga o mar
Que desperta do seu sono fugaz
E se agita em ondas suaves de carícias
Que beijam as areias douradas,
E delicadamente desfazem-se em espuma
De alegria e prazer da vida!
Cheira a fantasias vindas do nada,
Em pétalas de flores imaginadas,
De mágicas fragrâncias,
Abraçadas a alvoradas por inventar!
O Cosmos corre veloz pela Via Láctea,
Ignora as estrelas que lhe sorriem,
Procura outras galáxias,
Insatisfeito, quer o inexistente
E esquece, displicente,
A beleza nele contida
E as maravilhas em seu redor.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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