Quando me penso no vazio do
sentir,
Levo-me vagueante por entre
vales
De sonhos perdidos,
Em noites de insónias,
Quando as palavras se faziam
ocas,
Nos sons da garganta
oprimida,
Pela desilusão daqueles
instantes
De esmorecida paixão,
Que se afogara em pântanos
de mentiras
E nem os nenúfares valeram!
Agora no abraço que me dou,
No aconchego das magnólias
que me rodeiam
E nos aromas que me
envolvem,
Vejo-me na solidão serena,
Da paz almejada!
E a minha mente deixa-se
levar
No secreto desejo,
De palavras feitas amor,
Pela transparência
cristalina,
Da luz que brota do âmago
Infinito da minha alma.
José Carlos Moutinho