domingo, 20 de março de 2011

Alameda das azáleas




Perdido nos meus pensamentos,
Caminho pela alameda de azáleas multicolores,
Voam minhas ilusões inventadas,
Nos percursos da vida, percorridos,
Em momentos de imensa alegria,
Em outros, de alguma tristeza,
Mas sempre belos de recordar,
Porque recordar é viver.
As saudades que se juntam aos pensamentos
E que nos deixam alguma ternura na alma,
Embala-nos o coração, para emoções futuras.
A saudade é como o elixir que inebria a alma,
E nos faz recuar no tempo,
Relembrar os instantes.

E continuo, de mãos nos bolsos;
Assobio, tentando imitar as aves que povoam o jardim.
A minha mente entra num estado de paz,
Uma serenidade que me encanta,
Enfeitiça-me o aroma vindo das belas flores
E deixo-me levar pelos prazeres que a natureza oferece.
Esqueço o mundo, esqueço quem sou eu.
E caminho, pela alameda de belas azáleas multicolores.

José Carlos Moutinho

sábado, 19 de março de 2011

A madrugada




Recordo, como se hoje fosse
Aquele dia, em que surgiste
Envolta nos raios da aurora,
Que fascinavam, pelo seu brilho
Ainda suave, mas cintilante.
Acompanhava-te o murmúrio,
Das ondas do mar,
Que vinham suavemente beijar,
As areias douradas da praia.
Foi como um deslumbramento
Algo irreal, como um sonho.
As gaivotas, como tuas guardiãs,
Esvoaçavam à tua volta,
Transmitindo paz;
Seriam elas as próprias mensageiras.
Era um quadro de encantamento,
Num cenário de profundas emoções.
Lá longe, no horizonte vislumbrava o paraíso,
Sereno, azul, ponteado de espuma branca,
Na carícia do vento sobre as águas,
Como se fosse uma tela Divina,
Pintada com cores surreais.
Mas tudo é fugaz, nesta vida
E tu rapidamente desapareceste,
Tornaste-te adulta,
Deixaste de ser madrugada.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 18 de março de 2011

A lágrima que desliza




A lágrima que desliza pelo seu rosto
Qual gota de chuva,
Com brilho de cristal,
Contem nela, a paixão.
No amor também se chora
E a felicidade é por vezes a lágrima,
Que suavemente se deixa cair,
Sem que signifique tristeza,
Ou talvez sim.
Chora-se pelo ciúme, que o amor causa;
Caem lágrimas por desconfiança,
Mas sempre por amor.
O amor e o ódio andam juntos
Transformam a mente e o comportamento.
É através das gotas lacrimejantes,
Que se manifesta a dor ou a alegria.
A lágrima é a seiva,
Que brota da fonte da alma,
Na alegria e na tristeza,
No amor e no ódio.
É a lágrima, no seu caudal
Que carrega todo o tipo de emoções.
Lágrima que nos sensibiliza,
Lágrima que nos dilacera,
Ver cair do rosto de quem sofre,
Lágrima de alegria, pelo amor;
E essa, sim,
Faz-nos sorrir, através da lágrima
Que desliza suave pelo rosto,
De Felicidade.

José Carlos Moutinho


Eram tardes quentes, secas,
Quase impossíveis de se respirar,
O ar era denso,
Intransponível num simples olhar.
As árvores, impávidas, não oscilavam,
Porque o vento não soprava.
Tudo parecia ter adormecido,
Suava-se copiosamente,
Mesmo abrigados,
Pelas frondosas copas,
Das gigantescas árvores.
Perscrutávamos as estradas
De terra batida, de pó compacto,
De cor vermelha.
Fascinava aquele vermelho do chão,
Que ainda mais realçava,
O verde da vegetação.
Tudo em volta era solidão,
Pacificadora da Terra.
Se por um lado tudo era belo,
Apesar do mormaço
Por outro, assustava um pouco,
A simbiose de calor com solidão.
Mas era África no seu apogeu climático,
Era a beleza pura,
Mesmo sufocante do calor,
Num território encantador,
Pois, havia a flora a fauna, fabulosas.
Avistavam-se a curta distancia,
Animais selvagens,
Pachorrentos, inofensivos.
Era a pujança de uma terra,
De um imenso e belo continente,
Angola,
África.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pensando em ti




Apareceste assim, num ápice,
Na envolvência de uma confusão.
Ao ver-te pela vez primeira,
Não tive dúvida da paixão,
Que comandaria o meu ser.
Eras arrogante, altiva,
Mas teu jeito me encantava,
A tua personalidade me deslumbrava,
Aos poucos moldei a tua maneira de ser,
Porque o amor era premente,
A tua imagem estava sempre presente.
Fui-te conquistando, pois eu era sincero,
Meu carinho por ti, era frequente,
Respondia às tuas palavras ásperas
Com a delicadeza de quem ama.
Foste aos poucos te entregando,
Porque estavas submissa ao meu amor,
A tua entrega era de mulher apaixonada
E eu deixei-me envolver totalmente,
Numa simbiose de ilusão e emoção.
Para que tudo fosse mais envolvente,
Teriam, nossos corpos que se unirem
Num frémito de loucura,
E perdermos a razão, num amplexo longo.
Mas afinal…
Tudo não passou de um sonho acordado
E tu não existes.


José Carlos Moutinho


Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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