quarta-feira, 22 de junho de 2011

Quimera por inventar




Na escuridão dos momentos
De tristeza, sem a luz dos instantes,
Percorro galáxias estelares, com a mente
E o breu tolda-me a visão;
As estrelas apagaram-se,
Escureceram as ilusões sonhadas,
Em noites perdidas por desejos
Insatisfeitos e desatinados,
Nas vontades inventadas,
Por paixões mal sentidas
E de amores desencontrados,
Em telúricos movimentos,
De volúpias delirantes,
Sopradas pelo vento,
Perdidas nas densas nuvens,
Dos sentidos adormecidos
Pelo desencanto das frias carícias,
Da brisa gelada da falta de alguém,
Ou de alguma quimera,
Ainda por inventar.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Corpos em desassossego




Crepita-me como fogo
O sangue do meu desejo,
Nas veias da minha paixão
Quando sinto a brisa da tua passagem,
Que me envolve no fogo do meu querer
E cresce célere o anseio de te abraçar!

Sentir-te em meus braços,
Faz-me voar por mundos surreais!

Se me beijas, esqueço tudo,
Menos o gosto do teu beijo
Que é de mel, com sabor a essência de rosas,
Numa mistura que me perturba
E me deixa alucinado,
Levando os sentidos à exaltação
E perda da noção do tempo e do espaço
Numa doce e inconsciente volúpia,
De sensações esmorecidas das vontades,
A um desfalecimento de prazer intenso;

E assim, num abraço intemporal,
Corpos em desassossego,
Perdemo-nos no fôlego ardente dos nossos beijos.

José Carlos Moutinho

domingo, 19 de junho de 2011

As ideias não surgiam




Sentei-me de frente do computador,
Abri o Word, tentei escrever algo
Mas nada de ideias!
Por mais que tentasse, nada surgia
Pensei em coisas dantescas;
Tenebrosas até e comecei a escrita;
Não gostei, apaguei e recomecei
Mas na verdade nada fluía do pensamento!
Insisti, porque não sou de desistir
Assim logo à primeira
E fui jogando palavras, para que o meu cérebro
As passasse para os meus dedos
E estes por sua vez, batendo no teclado
Enviava-as docemente para o computador,
Que se alegrava, com o que ia nascendo;
Afinal, já acreditávamos que alguma coisa viria,
Acreditávamos, eu e o computador
Porque ele também estava descrente;
E ficámos imaginando o amor, vagueando
Por aí, sem rumo, mas sempre em paixão;
Inventámos brisas que acariciassem os desprotegidos;
Criámos sóis, para que aquecessem os esfarrapados;
Moldámos luares, para que iluminassem
Os namorados, que pelos parques se escondiam
E que se deixavam extasiar em seus beijos
Até nos lembrámos de criar um novo Universo,
Em que todos fossem iguais e felizes.
Conseguimos escrever, não foi difícil!

José Carlos Moutinho

sábado, 18 de junho de 2011

O nosso amor de agora




Os teus cabelos grisalhos
Deslizam entre os meus dedos,
Num prazer sem palavras,
Abraçado a um silêncio de êxtase,
Partilhado por este momento único
De inolvidável sensação!
Emoções exaltadas, que se soltam
Numa serenidade de inventado sonho;
As nossas carícias parceiras de longos anos,
Fazem-nos recuar ao mundo das ilusões,
No tempo em que as horas eram minutos;
E em que os dias corriam velozes,
Galopantes, deixando-nos em aflição;
Escoava-se a jovialidade, a loucura irreflectida
Da paixão efervescente, como vulcão,
Do fogo que nos exacerbava o desejo;
Dos beijos sufocantes, intermináveis
E os bailes, em que nos tornávamos um só corpo,
Em total deleite e perda da noção do tempo!
Agora, são momentos de acalmia,
Vivemos o nosso amor de outro modo,
Restando-nos a deliciosa saudade.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Vento das minhas miragens




Na nuvem negra que desce sobre a montanha,
Julgo visionar moinhos de vento
De velas soltas,
Ao vento das minhas miragens;
Os longos mastros, como braços gigantes
De imaginárias figuras exóticas,
Que me levam a um alucinado estado
De discernir, como se algo esotérico
Me empurrasse para uma visão surreal,
Obrigando-me a não desviar o olhar,
Como se estivesse enfeitiçado
Pela figura de uma bela mulher,
Que desponta daquela estranha cena;
Surge bela, elegante de seios soltos
Acariciados pelo vento,
Numa postura de provocante sensualidade;
Fascina-me pelo inesperado
E faz-me pensar se sonho,
Ou se entrei em algum estado de letargia;
Quiçá, esteja perturbado pelo desejo
De querer uma imagem assim!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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