terça-feira, 12 de julho de 2011

Na leveza da nuvem branca




Quero fugir da angústia do teu olhar
Que me tolhe os pensamentos,
No teu desespero em quereres ser diferente;
Olha para mim e reflecte-te na alegria
Que a minha alma transmite para ti;
Desperta dessa melancolia em que vives,
Despe-te das mágoas do teu viver,
Liberta-te da tortura desse teu sofrimento
E vive com a paz do meu querer;
Sente o meu amor,
No palpitar do meu coração,
Recebe o suspiro do meu desejo em ti,
Absorve o calor dos meus braços
E deixa que a tua alma
Seja invadida pela minha alegria!
Sai desse teu torpor estranho,
Veste-te do belo da vida,
Respira o ar da brisa que passa
Na suavidade do meu viver,
E vem, sem receio de fracassares,
Porque eu estarei aqui,
Recebendo-te na leveza da nuvem branca,
Que nos protege, sob a abóbada celeste.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Como fogo de vulcão




Depois de um pesadelo acordado,
Neste quarto de paredes adormecidas,
Ainda na penumbra escondidas,
Sinto o subtil gesto da tua mão
Que me acaricia o rosto
E no afago da tua cabeça no meu peito,
Com a leveza da libélula sobre nenúfar,
Desperto num doce torpor,
De um sentir que pretendo eterno;
Os teus lábios, que aquecem os meus
Do frio da noite partida,
Como se fossem colibris
No seu suave e doce oscular,
Sugando o néctar da colorida flor;
Sinto o deslizar do teu corpo,
Na busca do meu aconchego
E ouço o ritmo cadente do teu coração,
Batendo em uníssono com o meu;
As tuas mãos serpenteiam pelo meu corpo,
Na ânsia do saciar de um desejo
Que arde, como fogo de vulcão.

José Carlos Moutinho

Escusa-nos o tempo




Acordo-me no despertar do sol,
Na sua resplandecente alvorada,
De lindos tons dourados,
Que brilham, clamando à vida,
Nos acordes melódicos das aves!
Fascino-me entre campos de verdes esperanças,
Absorvo sôfrego o ar perfumado,
Das pétalas delicadas,
De floridas gardénias!
Solto o meu olhar e deixo-o vaguear,
Pela planície de rara beleza;
Fixo-me nas copas das altas árvores,
De elegantes e labirínticas ramadas
E folhas geometricamente alinhadas;
Deslumbra-me a beleza,
Que a Natureza nos oferece!
Escusa-nos tempo para a apreciar,
Na louca voracidade de uma vida,
Sem tempo para ser-se feliz,
Porque a avidez excede o racional;
Excede-se na velocidade dos minutos,
Porque as horas tardam, nas vontades,
Os meses apressam-se, em intentos desvairados
E os anos esvaem-se na vida por viver!


José Carlos Moutinho

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Abre as janelas da tua alma




Perdem-se os meus olhares,
Por entre imagens nascidas de ti,
Encontram clausuras no teu querer
E na penumbra que te traz a mim!
No vento de uma melodia calada,
Chegas-me adormecida de um sentir desfalecido,
Como uma flor por desabrochar,
No jardim de fantasia ressequida!
Dispo-me das lembranças vividas em ti,
Escutando o som da despedida,
No silencio que me invade,
Nos pensamentos que me acolhem,
Desiludidos e desencantados,
Pelo presente que se alimenta de saudade!
Hoje és a maresia de um mar sem cor,
Perdeste o brilho do sol nele espelhado,
Foste levada nas areias negras,
Roladas nas ondas da tua vaidade,
Irás morrer na praia da tua ilusão!
Desperta dessa letargia doentia em que deitaste,
Liberta-te desses lençóis que te amordaçam,
Abre as janelas da tua alma
E deixa-te voar, na brisa do amor;
Permite que o teu coração fale mais alto,
Que o silencio que te domina.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 5 de julho de 2011

Quimeras




Levo-te na brisa do teu desejo,
Com a carícia do meu querer;
Voemos por esses vales de belas cores;
Seremos tempestades de Neptuno,
Nos nossos corações de doces anseios;
Naveguemos por mares de azuis perfeitos
E por lagos de verdes tons!
Deixemos as areias do prazer
Rolarem sob os nossos pés,
Na carícia da espuma das alvas ondas;
Deixemos que as nossas emoções
Se dispam, dos preconceitos da vida;
Voemos nas asas da águia-real
E dominemos o horizonte com os olhos da paixão;
Projectemos os nossos pensamentos,
Para um Além por inventar,
De rara beleza e amor!
Choremos a cada novo alvorecer,
Pela felicidade de vermos novo dia!
Gritemos entre as negras nuvens da desilusão
E dissipemos as nossas frustrações;
Encantemo-nos com os aromas e cores,
Das flores do deslumbramento;
Escalemos as agrestes montanhas da vida
E removamos as pedras da tristeza
E no seu lugar plantemos flores da paixão!
Abracemo-nos com o ardor
E o fogo do vulcão do nosso amor;
Fundamo-nos num beijo sem tempo,
Cobertos pelo manto celestial
E iluminados pelo fascínio do luar.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Caos




Velhos caminhos por florir,
Memórias vividas e esquecidas,
Montanhas surdas aos lamentos,
Gritos estrangulados, sem som,
Peitos doridos pelas mágoas,
Amores controversos e belicosos,
Tempestades de desalentos,
Chuvas secas pelas desilusões,
Estrelas sem brilho, escurecidas por desencantos!
Rios congelados por águas paradas da intriga,
Gente que corre, sem saber para onde;
Árvores com folhas que não se agitam ao vento,
Pensamentos que se perdem no vazio,
Vontades esmorecidas na escuridão;
Olhos que se perdem no horizonte,
Sem verem que o sol se apagou;
Esperanças desfalecidas,
Horas que morrem,
Ilusões que não nasceram,
Sonhos, que jamais serão sonhados;
Ventos que deixaram de sibilar,
Brisas, que não mais acariciam
E a lua, simplesmente desapareceu!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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