domingo, 31 de julho de 2011

O vento, meu amigo




Agarro as asas do vento que passa,
Puxo-o para mim, faço-o parar;
Digo-lhe que quero um favor dele,
Que me leve uma mensagem para o meu amor,
Dizendo que estou carente do beijo dela;
Sussurro ao vento as palavras,
Que desejo sejam levadas na minha voz,
Para que entrem directamente no coração
Da minha amada
E não se percam nos atalhos das nuvens,
Escurecidas pela carência de luz, do seu olhar;
Disse-lhe que a saudade é imensa,
Do tamanho da lua
E que se ela não vier,
Não sei como viver!
Sinto falta das suas carícias
E do afago do seu abraço;
Escurecem-me os dias, pela sua ausência;
As horas lentas, inexoráveis
Apertam-me a alma;
O tempo pára, e as emoções se congelam;
Mas, agora, no próximo luar,
Vindas em cálida e suave brisa,
Terei notícias doces e apaixonadas
Ou, talvez ela venha na volta daquele
Vento meu amigo, que eu parei.

José Carlos Moutinho

sábado, 30 de julho de 2011

Sonetos atrevidos




Saí para a rua, com outro espírito,
O mundo é meu, ninguém mo tira,
Sou único no mundo, sem atrito
Tenho a alegria, que nunca sentira!

As ruas são minhas e toda a sua luz,
Com o perfume das flores que as ladeiam,
Toda esta beleza, com alegria me conduz
À paz que todos neste mundo anseiam!

Como estou feliz e sou teimoso,
Nem com a métrica me importo,
Porque não quero ser famoso

Deixo a análise para os entendidos,
Levo a estrutura com desporto,
Insisto em fazer sonetos atrevidos.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Retrospectiva




O mar da saudade invade-me o peito,
Solta-me na pele, o sal das emoções
Vividas ao sabor das ondas!
Eu era a onda e tu a espuma
E rolávamos na areia da paixão;
Os nossos corpos febris de desejo,
Eram, pela água fria, acalmados;
O manto do pôr-do-sol cobria-nos
E o reflexo da sua luz nas águas,
Iluminava os nossos corações!
Os grãos de areia fina,
Na sua carícia natural,
Enlevava-nos num vibrar esotérico,
Como um voar nas emoções dos sentidos!
Os nossos corpos fundidos num só,
Em delirante geografia de perfeita harmonia,
Ofegavam numa arritmia delicada,
Que nos elevava pelo além,
Do Universo de suspiros e desejo,
E nos prostrava numa letargia perene.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Silêncio em mim




Enrosco-me no silêncio em mim,
Escuto o murmurar das águas que deslizam,
Suaves e de minúsculo caudal,
Brotadas das pedras, fonte de vida,
Nascente daquele riacho!
Abrigo-me nas sombras das frondosas árvores,
Onde me encontro, sublimado;
O linguajar dos pássaros,
No seu voar delicado e silencioso,
Eleva-me a um estado de encantamento!
Olhando as flores que bordejam aquele leito
De água transparente, cristalina
Faz-me sentir a paz,
Que o meu espírito procura!
Levo-me nos pensamentos etéreos,
Vagueio por álamos florido;
Vejo flores de rara beleza;
Borboletas, de asas multicolores
Deslumbrantes no cenário que se me depara!
São momentos em que o tempo,
Perdeu a razão de ser.
Ali, naquele lugar e naquele instante,
Só eu e a natureza,
Somos o clímax de um sonho
Sonhado, mas não vivido!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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