segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A minha aldeia




Naquela aldeia pequenina, alegre
Que em meu coração permanece,
Numa bela manhã de Primavera,
Fecundou a raiz da árvore da minha eternidade!
Ouviu o meu primeiro lamento feito choro,
Sorriu com o meu primeiro sorriso de alegria,
Pela luz que me era oferecida;
Aquela pequena aldeia de tanto encanto,
Engalanada por choupais de frondosas copas,
Altiva na sua nobreza,
Ostentada no seu belíssimo Palácio oitocentista;

Ah...aldeia da minha meninice...
Sinto ternura e um vibrar emocionado
Na minha alma, sempre que estou em ti!

A minha escola, altaneira, majestosa,
Que me ensinou as primeiras letras;
Tanto brincamos, no largo do Cruzeiro
Recordas-te, aldeia companheira?
Um dia sofreste pela perda da tua igreja,
Chamada de S. Sebastião, o mártir,
Destruída pela força das chamas devoradoras,
Hoje transformada em decorativa torre do relógio!

Ai, minha querida aldeia...
Tão transformada estás agora, nem pareces tu.

O palacete onde tive a felicidade de vir ao mundo,
Pelo acaso que o Destino me traçou,
Esconde-se por detrás de muros sem alma,
Vindos de uma época de revoluções paridas,
Apelidadas de democráticas.
Mas tu, minha querida aldeia,
Fazes-me sentir por ti, o amor que morrerá comigo!

Lembras-te, aldeia minha
Daquele dia em que o Rio Tejo se revoltou comigo?
Foi um susto, bem sei, talvez um aviso,
Porque o Tejo quer-me a vê-lo
E a visitar-te,
Sobralinho,
Tu és o meu chão, a minha alma,
És eternamente a minha pequena aldeia.

José Carlos Moutinho

domingo, 25 de setembro de 2011

Outono




O calor vai desmaiando, nos braços do tempo,
Este, lenta e suavemente dá lugar ao frio;
As cores empalidecem, matizam-se;
O sol deslumbrante e altivo,
Cansa-se do esforço da estação passada;
Caem folhas secas, cansadas da agitação estival,
As imagens tornam-se esbatidas;
A mudança climática, permite a reflexão,
Surgem poemas de folhas caídas,
De árvores desnudadas,
De alamedas sombrias, porém belas.
A inspiração aparece, como que por mágica,
Aos poetas, sôfregos de poesia encantada!
Outono, tem nos seus campos toda a tela,
Que o pintor das palavras pode encontrar;
A brisa fria que nos açoita o rosto,
Estimula-nos a apreciar com fascínio,
O que a natureza a cada canto de jardim,
Nos oferece.
Os frutos de verão foram colhidos.
As vindimas acabaram,
As videiras ficam despidas do néctar divino
Ainda virão as castanhas quentes a escaldar
E o vinho para acalmar.
Outono chegou, fresco, tímido,
Mas pode arrepender-se e causar-nos surpresas
E retornar ao verão que substituiu.
Mas Outono é eternamente uma estação
De belas e bucólicas imagens.

José Carlos Moutinho

sábado, 24 de setembro de 2011

Sonhava acordado!




Chega suavemente o crepúsculo,
Empalidece o dia, que ofegante descansou;
A penumbra traz sentires e desejos;
A noite é companheira de emoções;
Adormeço na carícia da saudade,
Desperto no brilho da tua imagem!
Enterneço-me no murmúrio da tua voz melodiosa,
Sucumbo ao prazer do teu beijo,
De lábios vermelhos de cerejas doces,
De paixão afogueada pelo calor,
Da respiração reprimida, sufocante,
No abraço que delicia na tremura;
Devaneios perdidos na inconsciência,
Do sentir descontrolado,
De dois corpos em convulsão;
Mentes que esquecem a razão,
Suores que escorrem,
Braços que se agitam
Em coreografia estranha, exótica;
Corpos prostrados pela loucura,
Dos movimentos em fogo,
Do vulcão imaginado.
Sonhava… acordado!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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