terça-feira, 22 de novembro de 2011

Encantadas utopias




Vêm com o vento, murmúrios
Sussurrados pelas folhas que esvoaçam,
Numa coreografia de fascinante equilíbrio,
Mostrando que o cosmos que nos rodeia,
Nos transcende na compreensão,
Das coisas simples;
E os sons tornam-se melodias,
Envolvem-nos numa aura,
Que nos aquieta a alma;
A brisa agita-nos suavemente o sentir,
Amornado pelo sol,
Que surge lá longe, no horizonte
Aureolado em visão encantada;
As árvores sorriem-nos dóceis,
Partilham o nosso estar;
As cores vão-se acentuando,
No cintilar da luz que se agiganta,
Anima semblantes fechados,
Pela insatisfação de quererem mais
Quem já tanto tem;
E o universo segue impenetrável,
Com as flores que cantam
Nos seus perfumes inebriantes.

José Carlos Moutinho

domingo, 20 de novembro de 2011

Divagações




Lembranças de alegrias passadas,
Esvoaçadas nos perfumes que flutuam no ar,
Abraços não concretizados,
Em momentos de inconsequência;
Paixões que surgem na memória
Das nuvens que nos envolvem;
Beijos dados sem emoções,
Outros, sugados no calor dos sentimentos;
Horas perdidas em desatinos,
Porque a razão as ofusca;
Sois que brilharam e acalentaram amores
Intercalados, por cinzentos dias de nevoeiro,
Atormentando o sentir;
Luares que nos embalaram nas ilusões,
Dos prazeres vividos,
A escuridão de céus sem luas,
Que perturbam o viver de mentes cansadas;
Estrelas oferecendo o seu brilho,
Como pontos de referência para o infinito,
Iluminando os caminhos da felicidade;
Alegrias, tristezas,
Amores e ódios,
Tudo se mistura, numa louca tempestade
De marés vivas, que transbordam almas
E perturbam corações navegantes;
Encontros e desencontros,
Nos instantes limitados pelo tempo;
Vivências agitadas, em campos de flores silvestres,
Por esta selva imensa de vaidades,
Deste cosmos perturbado a cada segundo,
De rotação de mais um dia.

José Carlos Moutinho

sábado, 19 de novembro de 2011

Gavetas da minha memória




Abro as gavetas da minha memória,
Retiro papéis velhos amarelecidos,
Revejo livros ressequidos e desbotados,
Pelo tempo, corroídos na voragem dos dias,
Amontoados em anos de emoções,
De muitas ilusões, outras desilusões,
Formando uma manta de retalhos de sentimentos,
Que agora, são relembrados neste abrir de gavetas,
Por tanto tempo fechadas,
Pelos sóis que não abriram,
Ou pelos luares que escureceram,
Ou talvez pelas ondas que deixaram de me murmurar,
Palavras de paixão, nas areias da minha solidão,
Naquela praia imensa de um mar infinito,
Que me fazia navegar em pensamentos,
Sobre um azul cintilante de imaginadas quimeras;
Mas o tempo, cruel, foi apagando essas lembranças
E agora, aqui, com a saudade na alma,
Embrenhado nestes papéis velhos,
Esbatidos e amarrotados,
Vivo os instantes que o Universo me concede,
Na esperança que os sóis voltem a brilhar
E os luares me enfeiticem,
No prateado da sua luz mística.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Emoções descontroladas




Dispo-me das gotas da chuva, que teimam em sufocar-me,
Tentando que me esqueça de ti,
Fechando-me os olhos, com a água fria,
Que desliza pelo meu rosto, ansioso do teu beijo
E tentando que a visão do teu corpo se ofusque,
Clareio o véu que me tolda o desejo de te ver,
E...
Apareces-me bela, solta, sorrindo,
Cabelos negros ao vento, crinas de potra indomável,
Vens com o teu ar provocante em pose de sensual êxtase;
Caminhas ondulante, gingando as tuas coxas,
Cruzando delicadamente as pernas a cada passo,
Em movimentos de modelo, desfilando na passerelle
Do prazer e da louca vontade de te abraçar,
Prender-te a mim, num amplexo interminável,
Em que os nossos corpos se fundissem,
Na volúpia de emoções descontroladas,
Perdidas na subconsciência da razão
E deixarmo-nos levar no desfalecimento,
Sufocante do beijo que gruda as nossas bocas
E nos fazem atingir o clímax do prazer,
De todos os sentidos.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Desumanizados




O vento sopra as folhas secas de outono.
Desperta a alvorada das emoções,
Voadas na timidez da luz,
Abraçadas a vontades por inventar!
Tristezas e sorrisos moribundos
Nos rostos sem expressão;
Sentidas e doridas vicissitudes,
Pensamentos vagos, sem memória,
Esvoaçam como borboletas perdidas,
No vazio do espaço,
Deambulantes, de asas caídas,
Buscando um lugar de acolhimento!
É a vida sem razão de ser vivida,
Na visão do nada;
É o escurecer do crepúsculo,
Que irá morrer no breu da noite;
É o agasalho que não cobre do frio;
O estômago que se cola nas costas;
Pés descalços
Torturados pelas pedras da calçada;
É o leito do chão duro sob o viaduto;
O aconchego da manta de cartão,
Que os esconde da vergonha
De serem humanos,
Desumanizados.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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