quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pensando quimeras



Este Inverno que me visita,
Trouxe-me a saudade
Da Primavera dos teus beijos,
Desenhados em pétalas vermelhas
Dos teus sorrisos de gardénias
E nos teus abraços aconchegantes,
Embrulhados em aromas feiticeiros,
Que me inebriavam docemente
E me faziam abandonar-me em ti,
Nas carícias dos teus esguios e sedosos dedos!
Mesmo com as folhas cansadas,
Que caiam com a chegada do Outono,
Não me fizeram olvidar a tua tez,
Agora matizada no sol que enfraquecia
E lentamente se tornava alva,
Na candura do teu ser,
Iluminada pela nascente alvorada,
Tornando-te ainda mais sensual!
E agora com o tempo frio,
Deste Inverno que me abraça,
Quero voltar a sentir o teu calor,
No afago do teu corpo fundido no meu
E novamente...
Deixar-me abandonar em ti.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cosmos insatisfeito



Flutuam poeiras no céu azul,
Escondem partículas de sonhos,
Que vagueiam no espaço vazio,
Fugindo das desilusões!
O sol atinge o seu clímax,
Irradia calor que afaga esperanças;
Cintilam raios como flechas de cupido,
Solta-se o amor em cristais;
No horizonte o céu prolonga o mar
Que desperta do seu sono fugaz
E se agita em ondas suaves de carícias
Que beijam as areias douradas,
E delicadamente desfazem-se em espuma
De alegria e prazer da vida!
Cheira a fantasias vindas do nada,
Em pétalas de flores imaginadas,
De mágicas fragrâncias,
Abraçadas a alvoradas por inventar!
O Cosmos corre veloz pela Via Láctea,
Ignora as estrelas que lhe sorriem,
Procura outras galáxias,
Insatisfeito, quer o inexistente
E esquece, displicente,
A beleza nele contida
E as maravilhas em seu redor.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Voar até ao Infinito



Cambaleio nas areias do deserto de mim,
Em inconsequente estado de loucura,
Nestes dias tristes de cinza,
Sob nuvens tatuadas de tempestades,
Que se esbatem,
Na calmaria do oásis de bonanças,
Nas ilusões de verdes esperanças,

No querer do meu sentir,
Que me navega no âmago
E na emoção do meu ser,
Pensa-me em doce sonho,
De que este sol escaldante,
Derreta a frieza das noites sofridas,
Pelo abraço azulado dos luares,
De estrelas cintilantes e guias
Dos caminhos de inflorescentes plátanos,
Onde repousam aves,
De encantadas cores e de chilreios
De incontida alegria,
No despertar da aurora de cada dia,
Fazendo deste espaço cósmico,
Um mundo diferente,
Nos arco-íris do deslumbramento

Tal Zeus, no dorso da águia-real,
Aconchegado nas suas asas,
Sobrevoo vales e montanhas,
Invento mares insondáveis,
Deixo-me voar...
Voar até ao Infinito.


José Carlos Moutinho

domingo, 1 de janeiro de 2012

Devaneando



Sento-me em nenúfares de belas cores,
Mariposas esvoaçam à minha volta,
Sinto nelas a tua presença,
Que me envolve no afago dos teus braços!
As asas que batem em sintonia melódica,
És tu no teu sussurrar de palavras doces,
Nos meus ouvidos em deleite!
As águas verde-azuladas que me sustentam,
É o teu corpo onde eu flutuo,
Que no agitar silencioso, pela brisa suave,
Faz-me deslizar pela ondulação em ti,
Fazendo-te o meu porto de abrigo,
Na imaginação que voa sobranceira,
Às nossas mentes em êxtase!
O nosso abraço é a união de elos
Indestrutíveis, nesta corrente de paixão,
Que nos amarra a um sentir,
De prazer desmedido e nos arrasta
Para uma execução coreográfica
Côncava/convexa,
De movimentos ritmados,
Num arfar de respiração sufocada,
Na líbido que nos transpira
E nos poros que se incendeiam,
No auge do clímax.

José Carlos Moutinho
1/1/12

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Vai 2011, que venha 2012



Corre, 2011, porque já vais tarde,
Dizem muitos, para quem foste impiedoso,
Para mim, amigo, passaste, sem alarde
E fizeste-me mais esperançoso.

Fico com saudade, não quero que vás,
Mas é esta a lei do tempo,
Por mim, ficarias comigo e em paz,
Em tua vida, só me deste alento.

O que para uns é negativo e triste.
Para outros é alegria e satisfação.
É assim este ciclo do tempo que persiste.
Que nos anima a alma e sorri ao coração.

Amigo 2011, de ti fico com saudades.
Fizeste de mim poeta e escritor.
Bem sei que não devo ficar com vaidades.
Pois nem eu me considero merecedor.

Como não foste muito bom para tantos.
Pois perderam empregos, carro e lar.
Sou solidário com os que estão em prantos.
Que o 2012 venha forte, para nos ajudar.

José Carlos Moutinho
30/12/11


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Paixão apagada




Sinto frio na minha alma,
O calor do sol esmorece em mim,
O meu corpo adormece-se no seu sentir!
As tuas mãos que me acariciam estão frias,
Gelo de ausência em ti,
O teu corpo fundido no meu
Congelou as nossas emoções;
O vibrar antes estremecido em nós,
Desfaleceu os nossos sentimentos,
O teu perfume perdeu a fragrância
Que me extasiava,
Os teus beijos, antes fogo, são mortiços,
Deixaste a chama se extinguir;
Aquele brilho dos teus olhos,
Que me deslumbrava
E encadeava os meus sentidos,
Apagou-se na escuridão do teu querer;
Os teus cabelos negros selvagens,
Envolviam-me na ânsia de te abraçar,
Perturbam-me agora no seu agitar;
Porque não estás em mim,
Nem eu estou em ti,
Estamos ausentes, em nós...
Distantes na paixão apagada.

José Carlos Moutinho

Contrastes




Chão duro, frio e vermelho
Como sangue, mesclado de suores cansados,
Do dia-a-dia de agruras vividas;
De sois escurecidos por nuvens negras
De mínguas!
E a cada passo, esbarram na baça
Realidade trôpega em que vivem;
Foge-lhes o chão dos seus pés descalços,
Na tremura da fome que os sufoca;
Deambulam perdidos, em desorientação mental;
Os olhos desorbitados,
Pelo contraste com as faces esquálidas;
São figuras fantasmagóricas,
Perderam a sua humanidade!
Têm como companheiros, insetos
Que os acossam e lhes infligem maior sofrimento;
São almas penadas, neste mundo desvairado
De simbiótico contraste,
Entre a abundância e a carência,
Entre o rosto que sorri
E o sorriso sem rosto.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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