sábado, 19 de novembro de 2011

Gavetas da minha memória




Abro as gavetas da minha memória,
Retiro papéis velhos amarelecidos,
Revejo livros ressequidos e desbotados,
Pelo tempo, corroídos na voragem dos dias,
Amontoados em anos de emoções,
De muitas ilusões, outras desilusões,
Formando uma manta de retalhos de sentimentos,
Que agora, são relembrados neste abrir de gavetas,
Por tanto tempo fechadas,
Pelos sóis que não abriram,
Ou pelos luares que escureceram,
Ou talvez pelas ondas que deixaram de me murmurar,
Palavras de paixão, nas areias da minha solidão,
Naquela praia imensa de um mar infinito,
Que me fazia navegar em pensamentos,
Sobre um azul cintilante de imaginadas quimeras;
Mas o tempo, cruel, foi apagando essas lembranças
E agora, aqui, com a saudade na alma,
Embrenhado nestes papéis velhos,
Esbatidos e amarrotados,
Vivo os instantes que o Universo me concede,
Na esperança que os sóis voltem a brilhar
E os luares me enfeiticem,
No prateado da sua luz mística.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Emoções descontroladas




Dispo-me das gotas da chuva, que teimam em sufocar-me,
Tentando que me esqueça de ti,
Fechando-me os olhos, com a água fria,
Que desliza pelo meu rosto, ansioso do teu beijo
E tentando que a visão do teu corpo se ofusque,
Clareio o véu que me tolda o desejo de te ver,
E...
Apareces-me bela, solta, sorrindo,
Cabelos negros ao vento, crinas de potra indomável,
Vens com o teu ar provocante em pose de sensual êxtase;
Caminhas ondulante, gingando as tuas coxas,
Cruzando delicadamente as pernas a cada passo,
Em movimentos de modelo, desfilando na passerelle
Do prazer e da louca vontade de te abraçar,
Prender-te a mim, num amplexo interminável,
Em que os nossos corpos se fundissem,
Na volúpia de emoções descontroladas,
Perdidas na subconsciência da razão
E deixarmo-nos levar no desfalecimento,
Sufocante do beijo que gruda as nossas bocas
E nos fazem atingir o clímax do prazer,
De todos os sentidos.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Desumanizados




O vento sopra as folhas secas de outono.
Desperta a alvorada das emoções,
Voadas na timidez da luz,
Abraçadas a vontades por inventar!
Tristezas e sorrisos moribundos
Nos rostos sem expressão;
Sentidas e doridas vicissitudes,
Pensamentos vagos, sem memória,
Esvoaçam como borboletas perdidas,
No vazio do espaço,
Deambulantes, de asas caídas,
Buscando um lugar de acolhimento!
É a vida sem razão de ser vivida,
Na visão do nada;
É o escurecer do crepúsculo,
Que irá morrer no breu da noite;
É o agasalho que não cobre do frio;
O estômago que se cola nas costas;
Pés descalços
Torturados pelas pedras da calçada;
É o leito do chão duro sob o viaduto;
O aconchego da manta de cartão,
Que os esconde da vergonha
De serem humanos,
Desumanizados.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Filosofando




Levo-me no vento que me abraça,
Absorto em pensamentos de delicados momentos,
Que a vida serenamente nos oferece;
Murmuro-me palavras de alento,
Para as caminhadas por estradas vazias,
Desbravarei campos de ervas bravias,
Enfrentarei contradições de terras secas,
Das emoções sofridas, com chuvas sentidas;
Secarei pântanos de infortúnios,
Com as areias do oásis do meu sentir;
Serei o condor que domina o espaço que me cerca,
Afastarei com os meus braços, feitos asas
Aves predadoras, em busca de carniça;
Irei descobrir no Infinito misterioso,
O amor perpétuo, de intensas sensações,
Farei das quimeras, reais emoções,
E verbos de amar, das utopias;
Serei metamorfose que tudo mudará para o bem!
E vou por aí, em luta constante,
Até que o momento me tome,
Deste mundo tresloucado,
E me leve nas suas garras, sem regresso.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Imaginando-te




Deixo-me mergulhar no imenso lago dos teus olhos,
Navego no verde da tua íris
E como se flutuasse, levo-me no encanto
De um sentir que me penetra os sentidos;
Fascino-me num torpor lascivo,
Ao imaginar a volúpia do meu beijo
Nos teus lábios vermelho carmim
E na emoção do toque da minha língua,
Na tua boca, feita ânsia
Do meu desejo!
Perco-me na imaginação e da perda da razão,
Num deslumbramento desatinado,
Que se acentua no brilho do teu sorriso,
Como sol do meu querer!
Viajo pela sensualidade do teu corpo,
Elegante, perfeito, de musa inventada;
Deslizo-me pelas dunas
Que te envolvem as curvas
E entrego-me à mansidão,
Dos meus braços que te enlaçam
E das minhas pernas que te prendem;
Somos um só corpo,
Numa anatomia coreográfica,
De total prostração,
De absoluta entrega de prazer e paixão.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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