segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Luar que me canta




Nestes dias que se tingem de cinzento,
Pela exaustão do sol esvaído,
Levo-me nesta estrada de nuvens,
Na demanda de novos horizontes,
De mundos onde a luz seja constante,
A fraternidade uma palavra assertiva,
Os sorrisos brotem da alma
E os abraços sejam o calor da vida!

Ainda que seja uma vã busca,
Irei sem destino,
Construindo ilusões,
Cruzando emoções,
Abrigando sentimentos,
Inventando arco-íris
Nos mares de esperança!

Certamente que encontrarei
Flores que me sorriam,
Aves que me cantem,
Gente que se afague
Na singeleza da seda,
De mãos abertas e acolhedoras!
Os dias voltarão a pintar-se
De alegres e vivas cores,
Matizadas de paixões despertadas;
O sol virá com todo o seu vigor
E eu sentirei a felicidade
Do meu sonho realizado;
Quando o crepúsculo chegar,
Descansarei finalmente,
Sob o manto do luar que me canta!

José Carlos Moutinho

sábado, 28 de janeiro de 2012

Enquanto há vida...



Desesperam-se as vontades,
Perdem-se as razões,
O mundo tumultua-se,
Revolta-se, intriga-se e conspira!
As pessoas sofrem por carências várias,
A fome assola continentes,
Flagela injustamente inocentes,
O frio penetra em corpos nus,
E mata congelando almas!
Crianças partem prematuramente,
Combalidas pelos males que não pediram!
E a terra gira em torno do seu eixo,
Nas vinte e quatro horas de um dia,
Sem parar de nos surpreender,
Nas suas belezas e destruições!

Interrogamo-nos, porque se morre,
Tantas vezes em sofrimento,
Outras repentinamente
E teimamos em fazer as mesmas asneiras,
Enfrentando os perigos,
Desafiando as gravidades
E cometendo loucuras,
Provocando a morte!

Resguardamo-nos na carapaça
Do milagroso e velho ditado,
Há esperança,
Enquanto há vida...

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Imaginário



Ancorado no promontório do presente,
Levo-me em pensamento,
Pelas falésias do passado,
Até às areias roliças dos prazeres vividos,
Pela saudade que se torna latente,
Nas memórias que o tempo teima em esquecer!

Os meus pés são acariciados pela espuma,
Das emoções
De ondas feitas instantes,
No marulhar de fascinante melodia,
Que me hipnotiza os sentidos!

Navego na serenidade que me transcende,
Pelo reflexo do sol,
Sobre o dorso deste mar imenso!

Sou transportado por indizível mágica,
Ao futuro,
Que se faz delirantemente belo,
Pelas nuances iluminadas!

Chego ao horizonte,
Onde o céu beija o mar
E as estrelas abraçam golfinhos,
Ao som do cântico das sereias.

Estou no futuro, do imaginário.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Frémitos



Pela janela entreaberta,
Sorrateiro, espreita o sol,
Carinhosamente abraçado pelo vento,
Que ao som das baladas das ondas,
Daquele mar azul de lembranças,
Traz doces instantes
De tempos vividos,
Em cabanas de quimeras!
Dos seus raios cintilantes
Que lampejam utopias,
Fazem vaguear pensamentos
Por céus feitos estradas,
Dançar ilusões por areias
De desertas praias,
Onde desejos se fizeram paixões,
Em espumas de prazer,
Nos devaneios da inconsciência
De corpos escaldantes,
No rolar das águas, em orgasmos
De frémitos gemidos,
Em suores de excitação lasciva.
José Carlos Moutinho

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vulcão dos sentidos



A minha alma anima-se no reflexo cristalino
Do Sol da vida, espelhado nas águas
Das minhas memórias!
Traz-me lembranças daquele amor,
Que um dia me sufocou de tanto doer,
De paixão e emoções exacerbadas,
No sentir de prazeres desatinados,
Levados em voos sem rumo,
Sobre as areias quentes de um fogo,
Feito vulcão nas entranhas do nosso ser!
Na ausência do ar, estrangulado no beijo,
De anseios rebuscados sob o manto do luar;
Pensamentos esmorecidos na sensação,
Carinhosa do teu forte amplexo
E na carícia da tua pele sedosa,
Perturbadora dos meus sentidos;
O murmúrio dos teus lábios,
Quando beijavam os meus ouvidos,
Fazendo-me desfalecer
Num torpor de extasiante volúpia!

Acabam-se-me as lembranças
Que se levam na suavidade
Do crepúsculo que me desperta.


José Carlos Moutinho

domingo, 22 de janeiro de 2012

Desabafos D’Alma



Deixo-me levar nestes pensamentos,
De folhas soltas, esvoaçadas no vento
Da tua imagem!

São borboletas de emoções,
Saltitando em galáxias de ilusões,
Que se confundem em frustrada paixão!

O sol que me envolve,
Em silenciosa doçura
Num abraço de calada ternura,
Imaginado em braços invisíveis,
Aconchega-me o meu perturbado sentir!

Invento-me na lonjura de um tempo,
Que voltará profícuo de ti,
Ainda que dunas de desalentos,
Feitas muralhas,
Neste oásis do meu querer,
Tentem impedir-me de te respirar!

És o lago onde mergulho
E afogo as minhas mágoas!

És o vento que me seca as lágrimas!

És o corpo do mar em que me deito,
Nas ondas onde te sonho,
Pela carícia da espuma que me beija.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Aquieto os pensamentos



Vagueiam-me os pensamentos, pelos minutos
Deste tempo, que foge ao meu controle,
No desalinho de vivências desatinadas
E que a memória teima em não esquecer!

Tentam as suaves brisas, soprar bonanças,
Sossegando tempestades, de emoções perturbadas,
Arrastadas por vendavais de sofridas dores!

E na acalmia desta brisa que me abraça,
Entro numa espiral de um sentir relaxante;
Invento paixões escondidas nos astros,
Ilumino a alma com o cintilar das estrelas,
Deixo entrar em mim, os sons impercetíveis
Das aves, que me voam, protetoras!

Ecoa no meu peito o grito de liberdade,
Que abre as amarras das minhas vontades, por realizar
E dos meus sonhos jamais concretizados!

Deixo-me envolver nesta utopia,
Que me prende ao desejo quimérico;
Aquieto os pensamentos,
Sossego a memória,
Esmoreço o corpo,
Saio de mim...
Voo livre, enfim!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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