Sou como um rio de
desassossego
e corro veloz e intrépido
pelo leito da minha
ansiedade!
Deslizo por entre os
canaviais
dos meus sonhos,
com a energia da maré alta
que me navegue a porto de
abrigo!
Afasto-me das margens
agrestes das mágoas,
abraçado à corrente que me
conduz a montante,
sorrio-me nas braçadas que
me emergem
das agruras que me sufocam!
Tenazmente vencerei a
ondulação
que me afronta na ventania
fria, indiferente
ao meu agitado sentir de
alma,
e chegarei à praia da minha
serenidade!
Com a maré alta,
sou exaltado por sentimentos
de esperança,
e navego...
navego sem rumo
no balanceio das agitadas
águas dos tempos,
até que a minha essência se
acalme
e se refugie
no remanso de mim.
José Carlos Moutinho