terça-feira, 15 de julho de 2014

Tardam as palavras





Fazem-se tardias as palavras ausentes,
caladas nas gargantas da revolta
que teimam em se escusarem
no grito da liberdade do sentir!

As prepotências controlam
as fraquezas humanas,
dominam as vontades entristecidas
pelo tempo que as subjuga!

Caminha-se por estradas poeirentas,
esburacadas pelos ventos da tirania,
Folhas secas de esperança finita
colam-se nos rostos suados,
As estrelas perderam a luz
na escuridão da lua
escondida pela arrogancia do poder!

Respira-se ar saturado pela indiferença
no pantanal insalubre das injustiças,
que intoxicam vilmente a dignidade
e ignoram a pureza da humildade!

Sobrevive-se nos dias moribundos,
porque as alvoradas
escurecidas pela apatia
tingem de cinzento
as tardes perdidas nas nuvens da incerteza!

Correm as horas, esvaem-se os anos
e as palavras continuam a escusarem-se
nas gargantas caladas
pelo medo que penetra
o peito atrofiado e dorido!

As palavras calam-se assustadas
na coragem esmorecida da cobardia
de se enfrentar a gentalha.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Rio de desassossego





Sou como um rio de desassossego
e corro veloz e intrépido
pelo leito da minha ansiedade!

Deslizo por entre os canaviais
dos meus sonhos,
com a energia da maré alta
que me navegue a porto de abrigo!

Afasto-me das margens agrestes das mágoas,
abraçado à corrente que me conduz a montante,
sorrio-me nas braçadas que me emergem
das agruras que me sufocam!

Tenazmente vencerei a ondulação
que me afronta na ventania fria, indiferente
ao meu agitado sentir de alma,
e chegarei à praia da minha serenidade!

Com a maré alta,
sou exaltado por sentimentos de esperança,
e navego...
navego sem rumo
no balanceio das agitadas águas dos tempos,
até que a minha essência se acalme
e se refugie
no remanso de mim.

José Carlos Moutinho

domingo, 13 de julho de 2014

Quando eu for Etéreo





Quando eu partir…(Deste mundo de desvarios)
Sim, quando eu partir
e me tornar Étereo,
e tu chorares por não navegares mais
no mar de felicidade, que eu fui,
disseres que fui luz, na tua penunbra
e o luar da tua serenidade…

Quando o teu pranto de saudade,
alvorecer em cada dia de tua existência,
porque eu fui o amor da tua vida,
e sentires falta do meu abraço,
…Quando eu partir…

Quando a minha ausência
for dor, na tua solidão,
e os teus olhos
não mais, mergulharem nos meus,
…Quando eu partir…

Quando eu, nesta vida,
seja só uma lembrança,
e tu pensares que jamais serás feliz,
perdeste o sorriso e o encanto pelas flores,
e não suportas o trinado das aves,
…Quando eu partir…

Peço-te, quando me libertar,
(Deste mundo de desvarios)
que esqueças que não sou mais matéria,
serei alegria e felicidade,
lá no Infinito, num outro mundo, metafísico,
que chamarei de Eternidade!

Somente desejo, enquanto fisico,
me digas do fundo da tua essência:
Que eu sou o homem da tua vida,
e quando eu partir…
desejarás partir comigo!

Porque quando eu partir…
de de nada vale
tudo o que de mim disseres, depois.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Meu amor, escuta…





Meu amor…
Deixa-me navegar
no lago cintilante dos teus olhos
e perfumar-me de maresia
do teu respirar…
Deixa-me na acalmia do silêncio
das tuas palavras emudecidas,
porque quero escutá-las docemente
dos teus braços
em ternos e calorosos abraços!

Deixa-me… meu amor,
Ouvir a melodia
que se solta suavemente
do bater cadenciado do teu coração
regido pela batuta do teu sentir!

Não digas nada, amor…
Escutemos juntos, silenciosamente,
os sons imperceptiveis
dos nossos pensamentos,
Enleados neste abraço
que nos enleva…

Aperta-me mais e mais
contra o teu peito,
para que este melodioso silêncio
invada serenamente
as nossas almas.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Indizíveis palavras





São indizíveis as palavras
que visitam meu pensamento
em murmúrios sufocantes de saudade,
trazidos pelas recordações
dos tempos, perdidos na distância do passado;
São como vagas delirantes,
que se agitam conscientemente
na inconsciência do meu sentir!

Estremece-me o corpo
no anseio dos abraços
que jamais se farão afectos
e nos beijos que o tempo escusou!

E porque as palavras são tão doridas
se tornam indizíveis…
E porque a minha essência está cansada
desta nostalgia
que nas horas de solidão
me fustigam implacavelmente a alma,
com as imagens que se desenrolam
na minha mente
como filme da minha vida!

Levo-me, num esforço tenaz,
a esquecer estas memórias
que me apertam o peito,
e fazem dos meus olhos,
rio de pranto silencioso.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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