segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Vem a mim, amor (Fado)
Porque corres tu meu amor
Se a vida já é uma corida,
vem a mim por favor,
traz tua blusa garrida
vamos dançar com vigor
e cantar, minha querida.
Rostos colados assim
sem olhar para ninguém,
teus olhos postos em mim
tuas mãos fazem-me refém
num longo abraço sem fim
com muita alegria também.
Dançemos pela sala
em volteios de paixão
a dança, que a todos cala
com profunda emoção,
numa noite de gala
ao som desta canção.
Dá-me tua mão meu amor
E olha as estrelas no céu
Olha bem o seu fulgor,
é o brilho do coração meu
que t’ilumina com ardor,
serei eternamente teu.
José Carlos Moutinho
sábado, 4 de outubro de 2014
Outono e saudade
Esgueiravam-se
por entre as folhas verdes
do estio esmorecido, perdido
no tempo,
as brisas serenas das tardes
cansadas
das ausências do calor!
O outono espreitava
provocante,
pela timidez do verão sem
graça,
as chuvas tomaram o lugar do
sol,
o céu tingia-se do cinzento
da tempestade,
criando telas de temores e
de saudade,
saudade de outros verões,
outros tempos,
porque este é de tristeza e
lamentos!
Dentro do seu espaço
cronológico
o outono entrou em nossas
vidas,
atrevido, sem bater à porta
da nostalgia
mostrando doce e serenamente
suas folhas matizadas de
fascinantes cores,
que enfraquecidas pelo estio,
soltam-se dos ramos
com saudades do verão
pretérito,
e angustiadas pela vinda da
invernia
que as fará perder a sua
beleza!
Eis que o Outono na sua
pujança
Vai pintando telas matizadas
de sensações,
de melancolia umas, outras
de alegria
e muitas de nostalgia,
fazendo os pensamentos
recuarem
às verdes primaveras das
saudades,
que se aconchegam nos chãos
atapetados
de folhas outonais.
José Carlos Moutinho
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Cidade de muros
Cambaleia pela cidade,
floresta de muros
doem-lhe os pés ao pisarem
as calçadas frias,
o vento agride-lhe o rosto
sem cor,
Caminha em desvario
pelas estreitas e escuras
ruas sem vida,
o sol escondeu-se nas mágoas
as tardes esmoreceram
nas cinzentas nuvens do
amanhã,
Deambula perdido em si,
esventrando as noites
caladas pelas dores,
Alvorece sentado no muro,
muro nascido na floresta
desumana
a que ele se confinou.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Deserto de um sonho
Atravesso este deserto árido
de incertezas,
Perco-me nas miragens dos
meus anseios
Em delírio numa busca plena
de certezas,
Que me libertem destes estranhos
enleios.
No horizonte que julgo ver,
ou talvez ilusão
porque o sol inclemente me
faz adivinhar,
caminho sem descanso ao
ritmo do coração,
ávido de que algum oásis me
faça parar.
Sopra-me o vento em rajadas
de areia,
que áridas, me fustigam os
pensamentos,
cambaleio perdido no nada
que me rodeia,
sufoco no ar abrasador dos
meus tormentos.
Milagre penso eu, milagre
que desejo obter,
na visão que acaricia meus
olhos docemente,
longe, oscilam as folhas
verdes das palmeiras,
como verde é minha esperança,
assaz premente.
O tão ansiado oásis, aparece
na minha frente,
refrescante pelas sombras
das árvores caridosas,
no meio deste paraíso, o
lago, meu confidente
faz-me esquecer as passadas
horas impiedosas.
Acordo com o fragor das
persianas da janela,
Perco-me na inquietude do
sonho que tivera,
Coloco o vibrar do meu
coração de sentinela
E acalmo na serenidade da
florida Primavera.
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Inventor de ilusões
Finjo-me poeta, inventor de
ilusões,
mágico de utopias
"fazedor" de
alegrias
e deixo-me levar por vales
verdes
da minha imaginação
em tropel, como cavalo alado!
Circundeio sonhos,
danço de mãos dadas com
fantasias,
navego anseios,
flutuo sobre os sorrisos da
vida
e voo feliz sobre trigais de
paixões!
Abraço os raios translúcidos
do sol,
que me invade a alma com seu
ardor,
respiro maresias,
cavalgo ondas irrequietas de
saudades,
escuto murmúrios
que se espraiam em espuma,
sussurra-me o luar,
doce melodia, de harpa
estelar!
Sinto tudo o que penso, sem
desalentos
em louca orgia de
sentimentos
num turbilhão de emoções
porque me finjo poeta de
ilusões.
José Carlos Moutinho
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Vento da serra
Porque me assobias ó vento
da serra
Se não me trazes boas novas
d’alem,
Se dissesses que não há mais
guerra,
Seria o teu soprar, recebido
por bem.
Uiva vento, uiva e afasta
todos os males,
Para que este mundo se torne
melhor,
Que no teu eterno voar
jamais te cales,
Pois a alegria com paz tem
outra cor,
Por favor vento, peço-te que
me fales
De beleza e encanto e também
de amor.
Sussurra-me no teu ventar
refrescante,
Já que não consegues acabar
os conflitos,
Fala-me da tristeza daquela
tarde distante
Quando ela partiu calada por
falsos ditos,
Fala-me do sentir e do seu
sorriso inebriante,
Faz da tua força, brisa que
acaricie sem atritos.
Porque não me respondes
agora ó vento
Que da serra desces
arrogante e assustador,
És turbilhão que torna tudo
em tormento
Sem te compadeceres sequer,
com danos e dor
E inssistes em soprar
alheio ao sofrimento
De quem neste mundo só pensa
em ter amor.
Vem calmo e dócil ó vento,
que de longe vens,
Chega de agressões e amuos,
acalma-te agora,
Fala-me ao ouvido se na
verdade, noticias tens
Daquela linda mulher que um
dia se foi embora.
José Carlos Moutinho
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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas
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