quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Sei que o vento voltará






Porque me fugiram as palavras
levadas pelo vento que por aqui passou,
sento-me neste chão frio da inquietude…
e pela janela aberta
deixo meu olhar viajar meus pensamentos
sobre o dorso do mar que me contempla,
até ao ensolarado horizonte
na ânsia de que alguma suave  brisa
me traga em cores diáfanas,
nas asas de alguma gaivota,
a maresia inspiradora
que  solte as amarras
do entorpecimento que me prende
e enche o vazio do meu sentir!

Mas nem escuto o grasnar da gaivota,
nem a maresia me inspira,
tampouco a brisa me traz o sol
nos braços de alguma melodia
que acalme  a minha melancolia!

Só me resta esperar…
Esperar que o vento volte,
traga tudo o que de mim levou,
em especial os meus pensamentos…
Sem eles, fico despido e vazio
neste frustrante desânimo
que me invade  a alma,
me esfria o corpo
e congela a mente!

Sei que o vento voltará…

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Se a alma o desejar





Quando os sonhos são levados pelo vento
resta sempre a esperança da realização
ainda que a tristeza seja um contratempo
e atrofie duramente qualquer ilusão...
Talvez o vento malvado, volte sorridente
e nas suas asas de nuvens, traga luz
assim possa deixar quem sonha, contente
e não sofrer tanto com a dor da sua cruz

E...se o vento se recusar algum dia a voltar
que se torne a sonhar ainda com mais emoção
para se pularem os desaires utópicos dos sonhos
com a força da mente  e a alegria do coração
nenhum vento vencerá pensamentos risonhos
quando a alma tem a força de eternamente sonhar.

José Carlos Moutinho

Sonhos






Porque será que os sonhos mudaram
se os de hoje são tão diferentes
dos sonhos que sonhávamos ontem,
talvez seja por que o tempo também mudou,
quando antes ele soprava delicadamente
hoje é assustador e excessivamente quente...
e os sonhos de hoje já não terão tempo suficiente
para se tornarem realidade,
por que o tempo é outro,
se ontem o tempo dava tempo
ao tempo, para que os sonhos se concretizassem
no que havíamos sonhado inocentemente,
hoje, por que perdemos essa inocência,
os sonhos tornaram-se praticamente impossíveis
por serem mais maduros, mais conscientes,
perderam o encanto dos sonhos que encantavam...

Hoje os sonhos não passam de simples provocação,
eles, sonhos, sabem que sonhar é utopia irracional
e só enganam a mente porque ela dorme,
enquanto ontem, sonhar era viver os próprios sonhos
pois...
Sonhar era viver uma realidade absolutamente irreal

José Carlos Moutinho​

domingo, 6 de dezembro de 2015

Duas metades




Metade de mim é serena

A outra metade é inquieta,

Juntando as diferentes metades

Farão de mim um todo de duas metades

Num gritante paradoxo de compatibilidade…

Por que se uma metade de mim

É tão diferente da outra metade

Daquilo que eu sou,

Creio-me um ser estranho

Duvidando que as duas metades se entendam,

Talvez uma metade seja rebelde

E a outra metade obediente

E quando as duas se amotinam

Eu não sou nada de cada metade

Serei unicamente a discórdia

das duas metades…

A metade obediente e serena é neutralizada

Pela rebeldia inquieta da outra metade

Ou vice-versa…

Sei que metade de mim me pertence

E a outra metade também

Por que completam o meu ser.



Se uma metade é alegria e felicidade

A outra metade é nostalgia e saudade

E a metade que é saudade

Anula a metade que é felicidade

Ou vice-versa…



Que serei eu então, neste conflito de metades

Talvez nada ou talvez tudo,

Se eu pensar que não existe em mim, metades

Levar-me-ei a pensar como um todo

No todo que eu sou afinal…



Creio que uma metade é feita de amor

E a outra metade também,

Por que em mim  não existem metades,

Sou um ser uno indivisível e universal



José Carlos Moutinho

sábado, 5 de dezembro de 2015

Amar é loucura





És a flor da qual eu sou o caule
Sou a brisa que docemente te afaga
És o sol que me sorri e aquece
Sou o manto do luar que te protege…

Navego nas ondas dos teus braços
Respiro as marés do teu belo corpo
Descanso meus cansaços em teus abraços
És serenidade que faz de ti o meu porto

Somos metáfora das ilusões improváveis
Voamos como folhas, sonhadas mariposas
Em cada dia inventamos novas sensações
Somos vale plantado de poesias e prosas…

Que digam que não somos deste mundo
Se o fizerem é simplesmente por despeito
Temos pelo sentir a vida, respeito profundo
Somos assim e não aceitamos de outro jeito

Amar é sentir o perfume dos cardos
É sentir dor que comprime o peito
Amar é achar belos, os secos prados
É ver perfeição onde há tanto defeito
Amar é a loucura dos apaixonados
É não distinguir o errado do perfeito

Sentir o amor é como sentir o vento
Sopra, assusta e quando brisa, não dura
Tantas vezes o amor só traz sofrimento
Na verdade amar é verdadeira loucura

Amar pode ser dor ou a paixão da cor
Da alegria, no jardim da felicidade
Amar é a tristeza cinzenta da infelicidade
É desvario cativo da dor, por amor

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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