quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Sou

Sou o sopro que a vida me concedeu
Sou o respirar que o tempo da vida me permitir


José Carlos Moutinho

Medos

 ...
Agarro todos os meus medos,
amarro-os num feixe bem apertado
para que não se soltem,
e rolo-o até à próxima escarpa da vida...
Empurro-o ribanceira abaixo
e sorrio um exorcismo só meu,
que só eu conheço,
gargalho alegremente num despojo absoluto
de traumas e demais patologias,
quando vejo o feixe derrotado estatelar-se
lá no fundo
da ausência de mim


José Carlos Moutinho

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Voz nas palavras

...
Entrego a minha voz às palavras
porque gosto que sejam ouvidas,
se falo e canto e ninguém me ouve
porquê perder o meu tempo em vão?
Calá-las-ei serenamente no meu peito,
talvez um dia, alguém as queira ouvir
e se esse dia, porventura, jamais chegar,
cantá-las-ei pelos caminhos da Eternidade


José Carlos Moutinho

O mesmo espírito

...
Adormeço sobre as palavras que hei-de escrever,
desperto com as palavras que vou escrever,
faço versos com os meus pensamentos
e, das palavras que vou aconchegando uma a uma,
tento inventar o poema
que poderá sê-lo ou não,
depende da apreciação de quem gosta de ler as palavras
e que as saiba entender,
com o mesmo espírito
com que eu, carinhosamente, as construí

José Carlos Moutinho

Procurei-te

...
Procurei-te por todo o lado
na rua, no campo, na montanha
no rio e até no mar
não te encontrei em lado algum...
Preparava-me para desistir desta insana busca
quando me lembrei de que não existias

José Carlos Moutinho

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Este sol


...
Apetece-me...
e porque o dia está solarengo,
apetece-me calar a tristeza dos dias cinzentos,
desviar-me do sopro frio dos ventos,
aconchegar-me na brisa morna
enviada de longe pela minha nostalgia!

Apetece-me...
calar os gritos de desvarios estremunhados
em bocas sedentas de conflitos!

Apetece-me simplesmente
sorrir feliz a este sol
que hoje me esquenta a alma


José Carlos Moutinho

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Escuta

...
Escuta...
Diz-me qualquer coisa,
diz-me as palavras que calaste
naquela noite de luar
do verão passado...
não conseguiste falar, lembras-te?
A tua boca colara-se na minha,
quando já podias murmurar tremuras
era manhã, eu tinha de me ir embora


José Carlos Moutinho

Dorme

...
Deixa-me sonhar,
deixa-me voar,
se não sonhas
nem sabes voar
dorme e relaxa a tua mente,
podes estar cansado/a
ou em ti, a vida está adormecida

José Carlos Moutinho


Pareciam lágrimas

...
Pareciam lágrimas
as folhas que delicadamente caíam
dos rostos esmorecidos das árvores
o sol escondia-se timidamente
e o frio beijava os troncos imóveis da eternidade...
No chão, o tapete era de encantamento
as lágrimas pensadas tornaram-se alcatifas
de miríades cores
quando o tempo que agora passa
se veste de Outono.

José Carlos Moutinho


domingo, 12 de novembro de 2017

Saudades, Mãe

Saudades

...
Guardo no meu peito as saudades
sem mágoa nem dor,
quero ter em mim as felicidades
que me fizeram viver com ardor,...
Recordações são facilidades
de, em cada pensamento colher uma flor
do jardim, onde eu cultivo minhas saudades


José Carlos Moutinho

Sem mágoas nem recalques

... 
Triste, quando a frustração e o recalque
ofuscam os olhos e a própria alma
de gente, que talvez pertença a almanaque
de uma infelicidade que nunca as acalma

Há dias numa festa de alegria e saudade
houve críticas porque alguém usava
trajes típicos capulana ou bubu, sei lá,
são trajes de uma beleza que não acaba,
dizem esses, que não deviam usar-se cá

Tantos anos se passaram e não aprenderam
que ódio é um sentimento de infelicidade,
e reviver momentos bons que se viveram
tem o dom de mostrar feliz sensibilidade

Criticam os que em África não nasceram,
mas que nas festas são os que mais vibram,
talvez sejam os que nunca esqueceram
o encanto daquelas terras que ainda amam

Nativo não significa saber amar e perdoar,
quem por lá viveu sentiu na alma o perfume
das acácias em flor e do azul daquele mar,
vivam, gente triste e recalcada, sem azedume

Assim a todos, eu digo, que bebi água do Bengo,
e quem dela bebeu, dizem, que jamais se esquece,
não sou angolano, mas daquele chão solarengo
sinto uma saudade que o meu coração entristece


José Carlos Moutinho

Quando eu...

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Viajar pela nostalgia

Nada melhor

...
Nada melhor que o tempo
para recondicionar ideias afectadas
por afectos em desequilíbrio,
pode até demorar o seu tempo
para que essas ideias se equilibrem!
Mas se elas se mantiverem em desvario
então, talvez nem o tempo, nem o vento
conseguirão levá-las a bom porto de acalmia


José Carlos Moutinho

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Com ares de filosofia


...
Pior que uns olhos fechados
são aqueles que, abertos não querem ver,
Não é o vento que por vezes assobia que magoa
mas sim a brisa silenciosa que penetra os ouvidos,
Quantas vezes as nuvens negras, passageiras, não incomodam
e são as mais belas e alvas que escondem a luz do sol,
Não é o Inverno que entristece as almas
mas sim a saudade do verão que já se foi
e a ansiedade pela espera da Primavera.


José Carlos Moutinho

terça-feira, 7 de novembro de 2017

domingo, 5 de novembro de 2017

A saudade

...
Esmorece o dia,
ele senta-se no cimo da escarpa
mordida pelo vento
e contempla o mar...
um mar agitado que transborda as lágrimas
que os seus olhos não choram
Há neles uma imensa saudade
que o tempo tenta adormecer
mas sua alma sempre a desperta


José Carlos Moutinho

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Há nas minhas mãos

...
Há nas minhas mãos fechadas,
rugas de memórias,
nos dedos, ilusões vividas...
quando as abro,
solta-se de mim, feliz,
o meu mundo de fantasias


José Carlos Moutinho

domingo, 29 de outubro de 2017

Às palavras me confesso



As palavras estavam em mim, adormecidas,
certo dia, inexplicavelmente acordei-as,
há muitos anos atrás foram minhas amigas,
porém, com as diabruras da vida, abandonei-as

Hoje e talvez para sempre estarão comigo,
fiz com elas um acordo de amizade e partilha,
elas dão-me toda a beleza que têm consigo
eu tentarei fazer de cada verso uma maravilha

Posso dizer e garantir que é com muito prazer
que não me separarei mais dos seus encantos,
escrever é patologia com a qual tenho de viver,
com alegria, sem dor, sem mágoa, sem prantos.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Nos braços de uma ninfa



Velejo pelas nuvens do pensamento
num sopro de vento que me sorri,
deslizo serenamente
na caricia da maresia!

Sinto-me marinheiro temerário
enfrentando perigos que o mar esconde!

Sob os raios solares
que se espelham na minha alma,
levo-me navegante em ondas de felicidade
até onde o pensamento me levar...
talvez a alguma praia de areia dourada
e despertar nos braços de uma ninfa

José Carlos Moutinho


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A cada dia


A cada dia, dos meus dias
tento fazer-me escrevinhador,
e lá vêm prosas ou poesias
que escrevo com imenso fulgor

Pode até parecer compulsão,
e se calhar é mesmo, sei lá,
mas que o faço com emoção
podem crer, eu que vos digo olá

Gosto fazer das palavras sentires,
para que sintam os que me leem,
porque faço delas puros elixires
de alegria, até para os que não creem

Por agora fico-me serenamente aqui
a contemplar comentários e afins
que sempre existem em total frenesi
no Face, onde se plantam cactos e jardins

José Carlos Moutinho


terça-feira, 24 de outubro de 2017

Efémera humanidade

...
Por vezes deixo-me a pensar
se este mundo é feito de verdade,
vejo tanta gente que julga enganar
a sincera e verdadeira amizade...
chegará o dia em que têm de mudar
concluindo que melhor é a sinceridade
se querem viver com o gosto de amar
nesta galáxia de efémera humanidade

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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