terça-feira, 30 de outubro de 2018

Pergunto-te ó poesia




Pergunto-te eu ó poesia

porque te escrevo eu

se te mostras indiferente

e te escondes entre a brisa

que o tempo esconde de mim?


Um dia zangar-me-ei contigo

e calarei bem fundo as palavras

que tinha para te enaltecer,

não gosto do teu jeito displicente,

talvez fiques até feliz,

se um dia eu mergulhar

nas águas profundas da tristeza

e sucumbir à irritante desilusão! 
 
Assim, ficarás livre de mim,
poderás dedicar-te
aos outros poetas que te adulam
e te fazem vaidosa e por vezes arrogante!


José Carlos Moutinho

30/10/18



Decreto-Lei, nº 63/85

dos direitos do autor

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

ALDEIA DO PARAÍSO Angola

Talvez viesses



Escurecia...
enquanto a tua ausência
entardecia em mim...

silenciosa, a noite chegava
vinda pelos becos da solidão
esgueirando-se pelas sombras
da cidade ainda barulhenta
e deslizava até mim...
sem a tua voz
sem o teu sorriso
sem ti...

e a noite displicente calava
o que tu me disseras
no entardecer desse dia...
mas inexorável vinha ao meu encontro
e cobria-me com seu manto negro,
talvez, querendo agasalhar a minha saudade...

ansioso eu esperava silenciosamente,
quando a brisa que me afagava o pensamento
serenamente murmurou-me dizendo
que talvez viesses pela alvorada

José Carlos Moutinho
25/10/18

Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Carinhos e beijinhos



Tanto eu já vi neste mundo
que não devia ficar admirado,
com a mentira me confundo
ao ver abraços por todo o lado

São carinhos e mais beijinhos
o que se vê por aí, aqui e ali,
como festival de pergaminhos
que entender, eu não consegui

Parece que todos se conhecem
há meses ou até imensos anos,
sei também que todos merecem
pois são assim, seres humanos

Também são queridos e queridas
como se há muito, juntos vivessem,
belo este mundo de cores garridas
que com ilusão aqui permanecem

Tudo é tão lindo gente simpática,
em nome da amizade se mente,
a sinceridade não é matemática
mas sim sentimento que consente

José Carlos Moutinho
25/10/18

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Aldeia do Paraíso-Angola (Reportagem RTP África)

Desequilibrados

Ah, se o tempo recuasse
ainda que por uns simples anos,
talvez, se eu voltasse
não tivesse os mesmos desenganos...

Apesar de tudo, porém, gostaria
de experimentar uma outra emoção
de sentir o que há muito não sentia,
revivendo o tempo da recordação

Bem sei que são utopias, somente
estes desejos, quiçá, disparatados,
haja alguém que diga que não sente
estes anseios assim desequilibrados...

José Carlos Moutinho
24/10/18

Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Queria

...
Queria escrever o poema
que a todos agradasse,
mas surgiu-me o dilema
que me deixou num impasse

Se o outro não agradou
a gregos nem a troianos,
eu que nem sequer sou
de me levar em enganos,
já nem sei para onde vou
acabaram-me os planos

José Carlos Moutinho
23/10/18

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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